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ClimaGlobal

ONU diz que é preciso cortar emissões para metade até 2030

Lusa
20 de março de 2023

Organização da ONU sobre Alterações Climáticas critica a falta de vontade política para ultrapassar os problemas climáticos.

Foto: Zoonar.com/DesignIt/picture alliance

O mundo necessita de reduzir para metade as emissões de gases com efeito de estufa até 2030, para limitar o aquecimento global a 1,5 graus celsius neste século, adverte um novo relatório da organização da ONU sobre Alterações Climáticas.

Divulgado após uma semana de reuniões na localidade alpina de Interlaken (Suíça), este 6.º relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC na sigla em inglês) sintetiza todos os outros cinco documentos elaborados pelos peritos desde 2015, assinalando que na década de 2011-2020 o planeta aqueceu 1,1 graus celsius (ºC) em relação aos níveis pré-industriais (1850-1900)

"A Humanidade caminha sobre gelo fino - e esse gelo está a derreter rapidamente", disse o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, adiantando que o mundo "necessita de ação climática em todas as frentes - tudo, em todos os lugares, ao mesmo tempo", numa referência ao filme mais premiado na última cerimónia dos Óscares, "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo".

Relatório-síntese

A síntese de nove anos de trabalho do IPCC lembra a necessidade de a humanidade agir de modo radical durante esta década crucial para garantir "um futuro habitável".

Este relatório-síntese, que sucede ao de 2014 e não terá equivalente na presente década, é "um guia de sobrevivência para a Humanidade", sublinhou Guterres.

Os peritos assinalaram no relatório de 2014 que "para qualquer nível de aquecimento futuro, numerosos riscos associados ao clima são maiores do que o estimado", com base na multiplicação observada de fenómenos climáticos extremos, como as ondas de calor, e novos conhecimentos científicos.

"Devido ao inevitável aumento do nível do mar, os riscos para os ecossistemas costeiros, pessoas e infraestruturas continuarão a aumentar além de 2100", adiantaram.

A climatologista Friederike Otto, coautora da síntese, referiu, por seu turno que "os anos mais quentes vividos até agora estarão entre os mais frios dentro de uma geração".

Secretário-geral da ONU, António GuterresFoto: Mohammed Abed/AFP/Getty Images

Vontade política

Em declarações à agência France-Presse, o presidente do IPCC, Hoesung Lee, considerou que o relatório "é uma mensagem de esperança".

"Temos o conhecimento, a tecnologia, as ferramentas, os recursos financeiros e tudo o que precisamos para ultrapassar os problemas climáticos que identificamos", disse, considerando que apenas falta "uma vontade política forte para os resolver".

"Este relatório-síntese destaca a urgência de tomar medidas mais ambiciosas e mostra que, se agirmos agora, ainda podemos garantir um futuro habitável para todos", disse Hoesung Lee.

Se não for feito o necessário, o aquecimento global chegará a 1,5 °C acima dos valores da era pré-industrial nos anos 2030-2035, alertou o IPCC no relatório, adiantando que a projeção é válida em quase todos os cenários de emissões humanas de gases com efeito estufa (GEE) no curto prazo, dado a sua acumulação ao longo do último século e meio.

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