ONU quer "investigação credível" após mortes na RDC
AFP | Lusa | Isaac Mugabi | Eric Topona | tms
23 de janeiro de 2018
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apela à "moderação" por parte das forças de segurança congolesas. Pelo menos seis pessoas morreram durante protestos no último domingo, em Kinshasa.
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Num comunicado emitido segunda-feira (22.01) pela Missão da ONU (MONUSCO), o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres pediu que o Governo da República Democrática do Congo realize "investigações credíveis" sobre a morte de pelo menos seis manifestantes na capital, no domingo (21.01).
O responsável da ONU exorta "as forças de segurança congolesas a exercer moderação" e pede ao Governo que os responsáveis pelas mortes "sejam levados à Justiça". Segundo a MONUSCO, a manifestação do fim de semana foi fortemente reprimida com munições reais e gás lacrimogéneo. Além dos seis mortos, a repressão resultou em dezenas de manifestantes feridos e muitos outros detidos pela polícia.
Apesar da proibição de manifestações contra o Governo no país, o protesto foi convocado pela Igreja Católica, uma das poucas instituições que gozam de ampla credibilidade a nível nacional.
ONU quer "investigação credível" após mortes na RDC
Temendo reações violentas contra a Igreja, o comunicado do secretário-geral da ONU exige também "o pleno respeito pelos lugares de culto".
O representante da Fundação alemã Konrad Adenauer na RDC, Gregor Jaecke, diz que os conflitos entre a Igreja Católica e o Governo congolês começaram no ano passado, com manifestações a 31 de dezembro. Gregor Jaecke explica que "a Igreja exerce um papel muito importante na política congolesa e o acordo de 31 de dezembro de 2016 entre Kabila e a oposição foi principalmente negociado pela Igreja Católica", e adianta que "a Igreja está bastante frustrada com a forma como o Presidente e Governo implementaram o acordo."
Kabila recusa-se a abandonar presidência
Joseph Kabila recusou-se a deixar a Presidência no final do seu mandato, em dezembro de 2016. O acordo assinado entre o Governo e a oposição previa a realização de eleições gerais até o final de 2017. Mas isto não aconteceu.
Entretanto, as eleições foram adiadas para 23 de dezembro deste ano. O Presidente mantém-se no poder, provocando uma série de reações na sociedade, assim como uma onda de violência no país.
Mas há quem diga que o poder da Igreja Católica poderá pressionar para a realização de eleições. De acordo com a jornalista belga Colette Braeckmann, a Igreja Católica está a iniciar uma nova era na RDC. "Pode ser o fim de uma era, talvez o fim deste jogo de partilha de poder, de pequenos acordos instáveis", diz, sublinhando que "a Igreja Católica está presente nas escolas, nos centros de saúde, nos centros sociais, nos hospitais, por isso está realmente em contacto com a população, e isso deve ser levado muito a sério."
Kabila, de 46 anos, está no poder desde 2001, no comando de um regime amplamente criticado por corrupção, repressão e incompetência na gestão dos assuntos do país.
Missões de paz da ONU em África
Os capacetes azuis da Organização das Nações Unidas têm intervido em vários países africanos. A MONUSCO, missão de paz da ONU na República Democrática do Congo, é a maior e mais cara de todas. Mas há várias.
Foto: picture-alliance/AA/S. Mohamed
RD Congo: a maior missão da ONU
Desde 1999, que a Organização das Nações Unidas (ONU) tenta pacificar a região oriental da República Democrática do Congo (RDC). A missão conhecida como MONUSCO conta com cerca de 20 mil soldados e um orçamento anual de 1,4 mil milhões de euros. Ainda que esta seja a maior e mais cara missão da ONU, a violência no país persiste.
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Darfur: impotente contra a violência
A UNAMID é uma missão conjunta da União Africana e da ONU na região de Darfur, no Sudão, considerada por alguns observadores um fracasso. “O Conselho de Segurança da ONU deve trabalhar mais arduamente para encontrar soluções políticas, em vez de gastar dinheiro no desdobramento militar a longo prazo”, afirmou o especialista em segurança, Thierry Vircoulon.
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Sul do Sudão: fechar os olhos ao conflito?
A guerra civil no Sul do Sudão já fez com que, desde 2013, mais de quatro milhões de pessoas abandonassem as suas casas. Alguns estão abrigadas em campos de ajuda da ONU. Mas, quando os confrontos entre as forças do Governo e os rebeldes começaram na capital Juba, em julho de 2016, os capacetes azuis não foram bem sucedidos na intervenção.
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Mali: mais perigosa missão da ONU no mundo
As forças de paz da ONU no Mali têm estado a monitorizar o cumprimento do acordo de paz realizado entre o Governo e a aliança dos rebeldes liderada pelos tuaregues. No entanto, grupos terroristas como o AQMI continuam a levar a cabo ataques terroristas que fazem com que a Missão da ONU no Mali (MINUSA) seja uma das mais perigosas do mundo. A Alemanha cedeu mais de 700 militares e helicópteros.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
RCA: abusos sexuais fazem manchetes
A missão da ONU na República Centro-Africana (MINUSCA) não ajudou a melhorar a imagem das Nações Unidas no continente africano. As tropas francesas foram acusadas de abusar sexualmente de crianças pela campanha Código Azul. Três anos depois, as vitimas não têm ajuda da ONU. Desde 2014, 10 mill soldados e 1800 polícias foram destacados para o país. A violência diminuiu, mas a tensão mantém-se.
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Saara Ocidental: Esperança numa paz duradoura
A missão da ONU no Saara Ocidental, conhecida por MINURSO, está ativa desde 1991. Cabe à MINURSO controlar o conflito existente entre Marrocos e a Frente Polisário que defende a independência do Saara Ocidental. Em 2016, Marrocos, que ocupa este território desde 1976, dispensou 84 funcionários da MINURSO após um discurso do secretário-geral da ONU que o país não aprovou.
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Costa do Marfim: um final pacífico
A missão da ONU na Costa do Marfim cumpriu o seu objetivo a 30 de junho de 2016, após 14 anos. As tropas têm vindo a ser retiradas, gradualmente, o que, para o ex secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, significa “um ponto de viragem das Nações Unidas na Costa do Marfim”. No entanto, apenas depois da retirada total das forças e a longo prazo é que se saberá se a missão foi ou não bem sucedida.
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Libéria: missão cumprida
A intervenção da ONU na Libéria chegou ao fim. Desde o fim da guerra civil, que durou 14 anos, que a Missão da ONU na Libéria (UNMIL) tem assegurado a estabilidade na Libéria e ajudado a construir um Estado funcional. O Governo do país quer agora garantir a segurança da Libéria. O país ainda está a lutar com as consequências de uma devastadora epidemia do Ébola que o assolou.
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Sudão: Etiópia é promotora da paz?
Os soldados da Força de Segurança Interina da ONU para Abyei (UNISFA) patrulham esta região, rica em petróleo, e que, tanto o Sudão, como o Sudão do Sul, consideram ser sua. Mais de quatro mil capacetes azuis da Etiópia estão no terreno. A Etiópia é o segundo maior contribuinte para a manutenção da paz no mundo. No entanto, o seu exército é acusado de violações de direitos humanos no seu país.
Foto: Getty Images/AFP/A. G. Farran
Somália: Modelo futuro da União Africana?
As forças de paz da ONU na Somália estão a lutar sob a liderança da União Africana numa missão conhecida como AMISOM. Os soldados estão no país africano para combater os islamitas al-Shabaab e trazer estabilidade ao país devastado pela guerra. Etiópia, Burundi, Djibouti, Quénia, Uganda, Serra Leoa, Gana e Nigéria contribuem com as com suas tropas para a AMISOM.