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Oposição acusa Presidente de Angola de violar a Constituição

Anselmo Vieira (Lubango)19 de junho de 2014

Quase dois anos depois das eleições, o país espera ainda a formalização do Conselho da República, o que deveria ter acontecido pouco depois da tomada de posse de José Eduardo dos Santos na presidência.

José Eduardo dos Santos tomou posse como Presidente de Angola em setembro de 2012Foto: AFP/Getty Images

O Conselho da República tem como função principal aconselhar o Presidente sobre as mais diversas questões que afligem o país.

De acordo com a lei constitucional angolana, o chefe de Estado tem um mês, depois da sua tomada de posse, para definir a configuração e viabilizar a posse do Conselho da República. Com o atraso de quase dois anos, várias formações partidárias com assento no Parlamento acusam Presidente José Eduardo dos Santos de violar a Constituição de forma propositada.

Adalberto Cacongo Catchiungo Bravo da Costa, secretário executivo da CASA-CE (Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral), na província sul da Huíla, afirma que as autoridades governamentais “usam a lei casuisticamente, quando lhes é conveniente no quadro dos seus interesses; quando não lhes interessa, pura e simplesmente passam por cima da lei e evocam as chamadas ordens superiores”.

No entanto, “num Estado democrático e de direito não existem ordens que estejam cima da lei e isto é o que está a acontecer no nosso país, infelizmente”, acrescenta o dirigente partidário.

Líderes da oposição causam desconforto a Presidente

No Conselho da República, “o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, o partido no poder] tinha de ter oito lugares e a oposição, em conjunto, teria também oito lugares. Então, o MPLA está com esta dificuldade e esta dificuldade está a gerar prejuízos”, acusa Bravo da Costa.
Assim, o chefe de Estado José Eduardo dos Santos está a violar as leis que o próprio aprovou. “O presidente da República tem consciência da Constituição que ele fez aprovar. Ao violar a Constituição, tem plena consciência de que está acima das instituições, ele é a instituição, ele é o país”, critica o dirigente político.

O secretário executivo da CASA-CE na Huíla considera que o atraso na tomada de posse do Conselho da República se trata de um caso pessoal: “se o Presidente viola [a lei], viola por um interesse. Parece-nos que ele se sente desconfortável com a presença do presidente [da CASA-CE] Abel Chivukuvuku no Conselho da Republica”. O motivo deste desconforto, acrescenta, poderá prender-se com o facto de Chivukuvuku ser o único novato como líder de um partido político com assento no Parlamento.

Eduardo dos Santos deveria dar o exemplo

Por seu turno, Bemba Simão, secretário na província da FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola) na Huíla, entende que o próprio Presidente da República “deveria dar o exemplo, deveria ser ele a começar a respeitar a Constituição do país”.
“Desde as eleições, em 2012, já estamos quase há dois anos sem que o Conselho da República tivesse sido chamado. Então, isso é uma violação”, sublinha o dirigente.

Amélia Judith Ernesto, secretária da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) na província sul da Huíla, considera a situação “muito preocupante”.

Em resposta, o secretário do MPLA para os Assuntos Económicos, Políticos e Eleitorais, na Huíla, José Miúdo Ndambuca, considera que há outros assuntos prioritários neste momento: “temos de satisfazer a vontade do povo, isto é, temos de cumprir as promessas que fizemos às populações”.

“Não estamos preocupados que um dia possamos perder o poder. Estamos preocupados com o trabalho, para fazer com que em Angola haja paz, tranquilidade, infraestruturas e bem comum para todos nós”, justifica o dirigente provincial do MPLA, partido que governa Angola desde a independência em 1975.

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Presidente angolano poderá sentir-se desconfortável com a presença de Abel Chivukuvuku, líder da CASA-CE, no Conselho da República, diz dirigente da oposiçãoFoto: DW/ N. S. D'Angola
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