Oposição angolana aguarda resposta à reclamação dos resultados eleitorais
10 de setembro de 2012 Os três partidos da oposição angolana garantiram, juntos, 43 assentos dos 220 da Assembleia Nacional angolana. E nenhum deles está satisfeito com os resultados das eleições gerais.
Por isso, a UNITA, União Nacional para a Independência Total de Angola, a CASA-CE, Convergência ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral, e o PRS, Partido da Renovação Social, entregaram desde domingo (09.09), num cartório da capital angolana, requerimentos onde contestam o resultado do sufrágio.
Os partidos consideram que existem discrepâncias entre os resultados divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), a 7 de setembro, e a contagem paralela que efetuaram.
Recorde-se que, segundo a CNE, a UNITA foi o segundo partido mais votado, seguindo-se ao MPLA, tendo obtido 18,55% dos votos nas eleições gerais, o que correspondeu à eleição de 32 deputados. A CASA-CE obteve a preferência de 6,00% do eleitorado, o que proporcionou oito assentos parlamentares. E o PRS conseguiu 1,70% da votação e, desta forma, três deputados eleitos.
PRS confia numa resposta atempada da CNE à contestação
O secretário-geral do PRS, Benedito Daniel, aguarda a resposta da CNE e mostra-se convicto no que concerne à impugnação dos resultados. Segundo Benedito Daniel, “todo o processo foi ferido de várias irregularidades. Nós vínhamos a denunciá-las e o próprio processo de votação agravou essas irregularidades”.
Mas não é tudo, “existem discrepâncias graves, para além de graves irregularidades”, aponta o secretário-geral do PRS. Em detalhe, Benedito Daniel explica que há “muita discrepância na contagem. Havia cadernos eleitorais, mas as instâncias da administração eleitoral não mostraram os cadernos eleitorais, alegando simplesmente que naquelas áreas não existiam cadernos. Mas mais tarde esses cadernos vieram a aparecer. Estamos a constatar atas, enviadas por fax, que não coincidem com os resultados das atas que foram produzidas na hora das operações eleitorais nas mesas”.
Por estas e outras razões “constituimos uma reclamação que deu entrada na Comissão Nacional Eleitoral para alguns esclarecimentos”, em que o partido exigiu “que fossem comparadas as atas, portanto, entre aquelas que foram produzidas nas mesas de voto e aquelas que foram enviadas por fax para a CNE”, prossegue o dirigente do PRS.
De acordo com a lei, a CNE dispõe de 48 horas para responder à contestação dos resultados definitivos, o que, na prática, significa até esta terça-feira (11.09). Benedito Daniel acredita que o prazo será cumprido.
FNLA desvia-se da restante oposição
Tanto a CASA-CE como a UNITA reuniram as suas respetivas comissões permanentes para discutir os resultados eleitorais. Informaram a DW África que, em breve, serão divulgadas as suas posições através de comunicados que serão enviados para os meios de comunicação social.
Dos partidos da oposição que garantiram assento parlamentar, no sufrágio, apenas a FNLA, Frente Nacional de Libertação de Angola, optou por não contestar o processo, saudando o comportamento ordeiro dos eleitores.
Recorde-se que segundo os resultados definitivos anunciados pelo presidente da CNE, André Silva Neto, o MPLA, no poder desde a independência de Angola, em 1975, venceu com maioria qualificada, elegendo 175 deputados e obtendo 71,84% dos votos.
Autor: António Rocha
Edição: Glória Sousa