Oposição contesta reeleição de Muhammadu Buhari na Nigéria
Júlia Faria | Reuters | AFP
27 de fevereiro de 2019
O principal opositor, Atiku Abubakar, do Partido Democrático do Povo, rejeitou os números divulgados pela Comissão Eleitoral Nacional Independente. Ele alega que houve fraude no pleito.
Apoiantes de Buhari celebram reeleiçãoFoto: Reuters/A. Sotunde
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Enquanto apoiantes de Muhammadu Buhari foram às ruas festejar a reeleição do Presidente nigeriano, opositores contestam os resultados eleitorais, a sugerir que houve manipulação. Buhari, do partido Congresso dos Progressistas (APC), recebeu 56% dos votos e venceu em 19 estados, contra 41% do principal opositor Atiku Abubakar, do Partido Democrático do Povo (PDP), que saiu vitorioso em 17 estados e na capital federal.
O PDP rejeitou os números divulgados pela Comissão Eleitoral Nacional Independente. Atiku Abubakar alega que houve fraude no pleito. Pela rede social Twitter, o opositor afirmou que levará a contestação aos tribunais. Abubakar disse ainda nunca ter visto a democracia nigeriana ser tão atacada nas últimas três décadas como nas eleições do último sábado (23.02.).
Já Muhammadu Buhari disse que sua reeleição foi uma vitória da democracia nigeriana. O Presidente reeleito agradeceu os votos recebidos e lamentou as mortes ocorridas durante o processo eleitoral. Ele também afirmou que o pleito foi livre e justo, e que eleição não é uma guerra.
Oposição contesta reeleição de Muhammadu Buhari
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"Todos daqui para frente devem estar na fraternidade por um futuro brilhante e gratificante. Por isso, quero assegurar que continuaremos a envolver todos os partidos que tenham no coração o interesse dos nigerianos. Eleição não é guerra e nunca deveria ser vista como uma questão de faça ou morra. Rezo para que todos aceitem esta abordagem democrática, ainda que controversa, para as eleições. Obrigado a todos, e que Deus abençoe a República Federal da Nigéria", disse o Presidente em pronunciamento.
"Contestação é normal"
A Comissão Eleitoral Nacional Independente fez um balanço positivo do escrutínio, ainda que o mesmo tenha sido marcado por adiamentos e episódios de violência. Segundo os dados mais recentes, pelo menos 53 nigerianos morreram durante o processo eleitoral.
Apesar das dificuldades, a Nigéria está trilhando um caminho rumo à democracia. É o que acredita Olayinka Ajala, analista de conflitos e professor associado na Universidade de York, no Reino Unido.
"O número de partidos políticos cresceu muito nos últimos anos. Isso mostra que muitas pessoas estão a abraçar a democracia"
Para o professor, não há dúvidas de que a oposição iria contestar os resultados das eleições, mas ele não acredita que esse gesto resultae em violência.
"Desde 1999, a oposição sempre contesta os resultados das eleições. É algo normal. Eles vão contestar os resultados e há um processo legal em vigor, onde eles podem buscar reparação nos tribunais. Por isso não estou preocupado. Essa é uma tendência a cada quatro anos.”
O partido de Muhammadu Buhari rejeitou as alegações de que houve manipulação nos resultados da eleição e pediu ao opositor Atiku Abubakar para que aceite e admita a derrota.
Baixa adesão nas urnas
As eleições gerais de sábado na Nigéria deviam ter-se realizado uma semana antes, mas foram adiadas pela comissão eleitoral em cima da hora devido a problemas logísticos.
Alguns observadores alertaram, na altura, para as implicações que o adiamento poderia ter na afluência às urnas. E, na verdade, a participação nestas eleições - 35,6% - foi menor do que a registada nas presidenciais de 2015, em que 44% dos eleitores registados foram votar.
Ébola em Lagos - entre o pânico e a normalidade
A Nigéria é o país economicamente mais forte de África. Sua capital económica, uma metrópole de negócios. Em julho, foram identificados os primeiros casos de ébola em Lagos. Como a megalópole lida com o vírus mortal?
Foto: DERRICK CEYRAC/AFP/Getty Images
Como a megacidade da Nigéria lida com o vírus mortal?
A Nigéria é o país economicamente mais forte de África. Sua capital económica, uma metrópole de negócios. Em julho, foram identificados os primeiros casos de ébola em Lagos. Como a megalópole lida com o vírus mortal?
Foto: DERRICK CEYRAC/AFP/Getty Images
Verificação de febre antes das compras
Na entrada das lojas, funcionários prontos para medir a febre. Isto ainda é comum em muitas lojas em Lagos, embora até agora nenhum novo caso de ébola tenha sido relatado na megacidade. No entanto, o surto de ébola deixou muitas pessoas cautelosas.
Foto: DW/A. Kriesch
Metrópole em perigo
Cerca de 21 milhões de pessoas vivem em Lagos, a maior cidade da África. Os especialistas haviam alertado que o vírus poderia se espalhar rapidamente na populosa metrópole. "Imaginem se um vendedor de bilhetes de um dos nossos microônibus tivesse ébola ...", escreveu um usuário preocupado no Twitter.
Foto: DW/A. Kriesch
"Não há razão para pânico"
As autoridades teriam tudo sob controle, diz Yewande Animashaun -Adeshina durante uma visita ao hospital no continente. Lá, são tratados todos os pacientes de ébola da cidade. A consultora de saúde de Lagos estava preocupada que uma grande parte dos funcionários do hospital pudesse se recusar a tratar dos infectados pelo vírus mortal.
Foto: DW/A. Kriesch
Vírus mortal no ambiente de trabalho
"É claro que estamos com medo aqui, não há dúvida", diz Esther Oduwole. A cozinheira prepara a comida para os cuidadores e pacientes com ébola. Muitos funcionários do hospital não vieram mais trabalhar depois da primeira internação de um paciente com ébola, conta ela.
Foto: DW/A. Kriesch
Esclarecimento graças à linha SOS Ébola
Mas há também voluntários que se engajam na luta contra o ébola. A estudante de medicina Hubaidat Olawunmi Tobun recebe até 70 chamadas diárias pela SOS Ébola, uma linha telefônica gratuita para esclarecimentos sobre o ébola. A estudante aconselha os preocupados nigerianos. Dois casos de ébola foram detectados por meio da hotline. "Meu país precisa de mim agora", diz. "Quero elucidar as pessoas."
Foto: DW/A. Kriesch
Curandeiros, boatos e os eleitos de Deus
Prestar esclarecimentos sobre o ébola é importante, porque a superstição é generalizada. O pastor Golden Ozor fez uma bebida em sua comunidade, nos arredores de Lagos. O líquido protege contra o ébola, afirmou. "Deus revelou-me a receita e vou agora espalhá-la por todo o país", disse o clérigo. Recentemente, 20 fiéis participaram da primeira degustação.
Foto: DW/A. Kriesch
Lavar as mãos, em vez de superstição
Em frente à igreja, está a barraca de comércio de Emmanuel Abioli. Ele só pode sacudir a cabeça. "É claro que o ébola é perigoso, porque ainda não existem vacinas", diz o jovem. Ele baseia-se na medida de proteção mais simples e importante contra o vírus mortal: lavar as mãos com sabão frequentemente.
Foto: DW/A. Kriesch
Rumores mortais
A vendedora da barraca ao lado lida com a situação de uma forma bastante diferente. "Não existe ébola", diz ela. "E se existir, apenas os infiéis podem ser infectados." A superstição é um problema na luta contra a doença, em toda a África Ocidental. Quando, na Nigéria, se propagou o boato de que a água salgada ajuda a combater o vírus do ébola, duas pessoas morreram por overdose de sal.
Foto: DW/A. Kriesch
Sanduíche com mensagem
Por isso, as autoridades penduram faixas de advertência por toda a cidade, como aqui na frente de um restaurante. O governo de Lagos fez do extermínio do vírus do ébola uma prioridade. Para tal, o Presidente do país, Goodluck Jonathan, disponibilizou cerca de nove milhões de euros provenientes do orçamento da Nigéria.
Foto: DW/A. Kriesch
Aeroporto em alerta
Um liberiano tinha introduziu o vírus do ébola na Nigéria, em julho. Ele desembarcou no aeroporto de Lagos gravemente doente e morreu pouco tempo depois. Os outros infectados tiveram contato direto ou indireto com o homem. As autoridades nigerianas receberam elogios internacionais por terem reagido rapidamente, monitorando e isolando essas pessoas.
Foto: DW/A. Kriesch
Lição aprendida?
A Nigéria pretende erradicar o vírus em breve. O dano na imagem já está lá. "Os investidores estrangeiros estão com medo, os hotéis estão vazios", observou o empresário Kasumu Garda (foto). O país aprendeu muito com a ameaça. "Finalmente nos unimos para resolver um problema – esta deve ser também a nossa estratégia na luta contra o grupo terrorista Boko Haram", disse Garda.