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Oposição convoca novos protestos em Guiné-Conacri

Lusa | AFP | kg
15 de outubro de 2019

Anúncio ocorre um dia depois da morte de seis pessoas em confrontos entre as forças de segurança e manifestantes. Opositores protestam contra mudanças constitucionais que podem garantir um terceiro mandato a Alpha Condé.

Protesto da oposição na capital ConacriFoto: Getty Images/AFP/C. Binani

A oposição de Guiné-Conacri convocou esta terça-feira (15.10) uma nova série de manifestações contra o Governo, um dia depois de pelo menos cinco manifestantes e um agente da polícia terem morrido em confrontos entre as forças de segurança e opositores na capital Conacri.

Os manifestantes protestaram na segunda-feira (15.10) contra um possível terceiro mandato do Presidente Alpha Condé. Segundo uma fonte hospitalar, cinco jovens manifestantes foram mortos a tiro pela polícia na capital. O Governo informou que um polícia foi morto também a tiro na cidade de Mamou, a leste de Conacri.

Protestos tiveram forte repressão policialFoto: Getty Images/AFP/C. Binani

A tensão cresceu após o apelo à manifestação lançado pela Frente Nacional para a Defesa da Constituição (FNDC), que reúne os partidos da oposição, os sindicatos e elementos da sociedade civil que se opõem a uma revisão da Constituição, defendida pelo Governo.

O FNDC apelou ao público para continuar a protestar "até que o esquema para um terceiro mandato seja completamente abandonado e o disfarce eleitoral seja interrompido".

Esta revisão vai permitir que Alpha Condé, de 81 anos, apresente-se para um terceiro mandato no final de 2020. A atual lei fundamental limita essa possibilidade a dois mandatos.

Protestos violentos

Em quase todas as regiões periféricas de Conacri, manifestantes montaram barricadas, queimaram pneus e lançaram pedras. Centenas de polícias destacados para a capital responderam com granadas, gás lacrimogéneo e balas reais. "É preciso impedir as reuniões, nenhuma multidão é autorizada", gritava um dos oficiais que dirigia a operação em Cosa, um reduto da oposição onde foram ouvidos sons de disparos.

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As lojas do centro da cidade foram fechadas devido à violência e edifícios oficiais no bairro administrativo de Kaloum, como a sede da Presidência, ministérios e embaixadas, foram colocados sob proteção.

"Eu estou aqui em frente à minha loja para a proteger de eventuais pilhagens, seja da parte das forças da ordem, de bandos descontrolados ou jovens bandidos", disse o comerciante Alphadio Barry, no mercado de Koloma.

Os confrontos seguidos de detenções de opositores foram reportados nos bairros de Cimenterie, Dar Es Salam e Wanindara, onde dois jovens foram feridos por balas.

"Consultas"

Alpha Condé é uma antiga figura da oposição que, em 2010, tornou-se o primeiro Presidente eleito democraticamente do país, mas o seu mandato foi marcado por forte repressão a protestos. Segundo a oposição, cerca de 100 pessoas foram mortas em atos de repressão desde que Condé chegou ao poder em 2010.

Em setembro, o Presidente pediu ao Governo que realizasse "consultas" sobre possíveis mudanças na Constituição, um processo fortemente criticado pela oposição.

Condé declarou que os cidadãos deveriam preparar-se para um referendo e eleições, provocando especulações de que planeia eliminar o limite presidencial de dois mandatos e participar das eleições previstas para o final de 2020.

Na sexta-feira passada (11.10.), os 53 membros da oposição no Parlamento retiraram-se do local em protesto contra o que chamaram de medidas do Governo para "criar uma nova Constituição para permanecer no poder".  

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