Oposição da RDC condena nomeação de primeiro-ministro
AFP | AP | mjp
8 de abril de 2017
Tal como previsto no acordo para a transição, Presidente Joseph Kabila (na foto) nomeou um dirigente da oposição para chefiar o Governo. Mas oposição condena escolha de Bruno Tshibala, expulso da coligação em fevereiro.
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O partido histórico da oposição congolesa União para a Democracia e o Progresso Social (UDPS), integrante da coligação da oposição "Rassemblement”, condenou este sábado (8.04) a nomeação de um dos seus dissidentes para o cargo de primeiro-ministro da República Democrática do Congo.
Na sequência de um acordo político assinado em dezembro, a coligação deveria ter escolhido um nome para o novo líder do Executivo. No entanto, divergências no seio da oposição dificultaram a escolha. Esta semana, o Presidente Joseph Kabila anunciou que iria nomear o novo primeiro-ministro, caso a oposição não conseguisse apresentar um candidato.
"A nomeação de Bruno Tshibala é um cenário de mau gosto que mancha a imagem do Presidente Joseph Kabila e da RDC”, afirmou Augustin Kabuya, porta-voz do UDPS, fundado pelo líder histórico Étienne Tshisekedi, que morreu em fevereiro, aos 84 anos. A nomeação de Tshibala, acrescentou Kabuya, "é uma recompensa à traição”.
Antigo porta-voz do "Rassemblement”, a coligação constituída em torno de Étienne Tshisekedi, Tshibala questionou a legitimidade do filho, Felix Tshisekedi, que assumiu a liderança da oposição após a morte do seu pai. Tshibala foi por isso excluído do "Rassemblement” e do UDPS no final de fevereiro.
Aumenta a tensão política
Bruno Tshibala foi nomeado chefe de Governo na sexta-feira (7.04) pelo Presidente Joseph Kabila. A nomeação do novo primeiro-ministro é um passo crucial do Acordo de Saint-Sylvestre, assinado a 31 de dezembro entre Governo e oposição para a realização de eleições antes do fim deste ano e pôr fim à crise gerada pelo adiamento indefinido das presidenciais, que deveriam ter acontecido em dezembro.
No poder desde 2001, Joseph Kabila já se candidatou a duas eleições e está proibido pela Constituição de tentar um terceiro mandato. O segundo mandato terminou oficialmente a 20 de dezembro. O Acordo de Saint-Sylvestre permite a Kabila manter-se na presidência até a realização de eleições.
No pacto, Kabila e os seus adversários comprometeram-se a designar um primeiro-ministro e um presidente do Conselho Nacional de Acompanhamento do Acordo (CNSA) para pôr fim à crise.
Agora, Bruno Tshibala substitui Samy Badibanga na liderança do Executivo da RDC. Badibanga apresentou a demissão na sexta-feira, dois dias após Joseph Kabila ter pedido à coligação da oposição que pusesse de lado as divergências e apresentasse uma lista de candidatos ao cargo.
A nomeação de Tshibala aumenta a tensão no seio da oposição, nas vésperas de um protesto marcado para segunda-feira (10.04), em Kinshasa, pelo UDPS, para contestar o adiamento das presidenciais.
Kinshasa completa 50 anos
Há 50 anos, Léopoldville passou a se chamar Kinshasa. A capital da República Democrática do Congo (RDC) é a terceira maior metrópole de África, depois de Lagos e Cairo. Veja alguns momentos dessas décadas.
Foto: Per-Anders Petterson
Inquietações e independência
Aqui, o movimento pró-independência, pouco antes de eles alcançarem o seu objetivo. Em 1959, Léopoldville foi palco de uma manifestação de trabalhadores que exigiam a total independência do Congo, na altura colônia da Bélgica. O movimento, porém, foi brutalmente reprimido: 40 pessoas morreram e 250 ficaram feridas. Um ano mais tarde (1960), o país conseguiu a sua independência.
Foto: picture-alliance/dpa/AKG Images/P. Almasy
Autocarros movidos a eletricidade
A foto de 1955 mostra um autocarro movido a eletricidade em Léopoldville. A tecnologia foi levada ao Congo pelos belgas, que a obtiveram na Suíça. Abastecidos, esses autocarros podiam circular aproximadamente três quilômetros. A rede chamada de "Gyrobus" era, na época, a maior rede de transportes urbanos de todo o mundo. Até 1956, esses veículos serviam a dez milhões de pessoas.
Foto: picture-alliance/dpa/Keystone Pictures
Um ditador chega ao poder
Aqui, Presidente Joseph Mobutu no Parlamento de Léopoldville no dia 30.11.1965. O ex-chefe do Exército tinha recém chegado ao poder por meio de um golpe militar (há cinco dias). Joseph Kasavubu, o primeiro Presidente da independente República Democrática do Congo, foi deposto. Um ano depois, Kinshasa foi renomeada. Mobutu ficou três décadas no poder até que em 1997 precisou se exilar no Marrocos.
Foto: picture-alliance/dpa
O titã de Kinshasa
1974: imagem das Forças de Segurança a escoltar o pugilista americano Muhammad Ali ao sair do centro de treinamento em Kinshasa. Em 30.10.1974, Muhammad Ali venceu o adversário George Foreman a "luta do século". Cerca de 60 mil pessoas assistiram ao momento histórico no estádio de Kinshasa - e milhões em todo o mundo, pela televisão.
Foto: AFP/Getty Images
O legado de Muhammad Ali
Ainda hoje, Muhammad Ali emociona jovens de Kinshasa. No clube de boxe, ele inspira tanto meninos quanto meninas. Aqui, todos lutam juntos. Uma delas disse à DW que se sente como sua neta e que sabe tanto sobre ele. Seu desejo é poder, um dia, lutar tão bem quanto o seu ídolo. Para que isso aconteça, o treinador do clube espera poder contar com mais apoio do Ministério do Desporto.
Foto: DW/S. Mwanamilongo
Robô para evitar caos no trânsito
Neste cruzamento (Asosa) em Kinshasa não é a polícia que controla o tráfego, mas um robô. Isso acontece desde 2014. O sistema funciona com quatro câmeras. Os robôs enviam as imagens a um centro de informação, que analisa o fluxo do tráfego. Por trás do projeto está um grupo de engenheiros congolesas do Instituto Superior de Tecnologia Aplicada de Kinshasa.
Foto: D. Kannah/AFP/Getty Images
Semana de Moda de Kinshasa
Adeus Paris, Nova Iorque e Milão - bonjour Kinshasa! Estilistas congoleses apresentam sua alta costura. Colorido, estridente, elegante - ou de papel, como aqui: o estilista congolês Papa Griffe, na Semana de Moda de Kinshasa, em julho de 2015. Foi a congolesa Marie-France Idikayi que lançou o evento em Kinshasa em 2011. O objetivo: tornar estilistas africanos conhecidos no mundo inteiro.
Foto: DW/J. Bompengo
Reciclagem de lixo
O outro lado da cidade populosa é o lixo. É comum ver crianças revirando as sobras em busca de plástico reciclável. O que eles conseguem juntar, eles então levam a uma usina de reciclagem como esta, operada pela ONG local "Vie Montante". Em troca, as crianças recebem um salário mensal e os funcionários da usina, um trabalho.
Foto: Vie montante Développement
A Kinshasa de 2016 é uma Kinshasa em que tudo se pode?
Uma performance de Julie Djikey nos tempos de Joseph Mobutu era quase impensável, afinal ela questiona e provoca. Mas hoje, em "carro humano", ela apresenta o corpo cheio de graxa e filtros de óleo nos seios. Uma forma que encontrou de protestar contra a poluição. Além disso, ela apela às mulheres: "Uma mulher corajosa se reconhece pela sua firmeza contra seu sofrimento e seus problemas".