CASA-CE e PRS lamentam falta de credenciamento de fiscais de alguns partidos e UNITA denuncia irregularidades em Cachiungo. Eleitores ouvidos pela DW dizem ter votado sem dificuldades na segunda maior cidade angolana.
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O secretário provincial da UNITA no Huambo, Liberty Chiaca, falou numa "grave violação" da lei eleitoral no município de Cachiungo, a cerca de 65 quilómetros da segunda maior cidade angolana. "No município do Cachiungo, setor da Luaya, eleitores que se dirigiram a assembleias de voto encontraram os cadernos eleitorais assinados como se eles tivessem votado, mas não tinham exercido o seu direito de voto", denuncia o secretário.
Críticas ao processo eleitoral também vieram de outros integrantes de partidos da oposição. O secretário provincial da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) no Huambo, Daniel Almeida Chilunga, lamentou as dificuldades criadas pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) no credenciamento dos delegados de lista dos partidos.
"O grande constrangimento que abalou os partidos da oposição é o fato de não terem sido credenciados todos os delegados de lista previstos pelos partidos políticos. É uma situação muito difícil", define Chilunga. Apesar da crítica, o secretário enalteceu a forma ordeira como muitos cidadãos afluiram às assembleias de voto.
Oposição unida
António Solinha, do Partido de Renovação Social (PRS), partilha a boa impressão do processo, mas lamenta também as dificuldades quanto ao credenciamento dos delegados dos partidos. Fez ainda um apelo aos outros partidos da oposição ao pedir união para fiscalizar o pleito e evitar a fraude eleitoral.
Oposição denuncia irregularidades no Huambo
"Nós não conseguiremos fazer uma fiscalização completa do processo, mas adotamos uma medida, em conversa com outros colegas dos partidos da oposição, lá onde eles estiverem delegados, eles irão nos fornecer os dados para colmatarmos as nossas lacunas", diz Solinha.
Nenhum membro do MPLA aceitou comentar o processo. A DW África tentou, igualmente, ouvir a CNE no Huambo sobre as reclamações da oposição, que prometeu para mais tarde um pronunciamento da porta-voz da instituição a nível nacional.
Tranquilidade no Huambo
Numa ronda efetuada logo pela manhã a várias assembleias de voto na cidade, era notória a forte presença de muitos cidadãos interessados em exercer o direito de voto.
Quem chegou cedo, como Idalina Salomé, garante não ter tido qualquer dificuldade. "Correu tudo bem e apelo a quem ainda não tenha votado, para que o faça o mais rapidamente possível, porque é um dever de cidadania", comentou a eleitora.
Marcelino Segundo também chegou cedo ao local de votação. Disse não ter tido constrangimento. "Já votei, o processo foi normal e espero que os demais façam o mesmo", declarou Segundo.
Angola vota: Eleições em imagens
Angolanos vão esta quarta-feira (23.08) às urnas escolher o sucessor de José Eduardo dos Santos, Presidente da República desde 1979. Críticas e desejo de mudança marcam eleições gerais de 2017.
Foto: Getty Images/AFP/A. Rogerio
João Lourenço, o sucessor
João Lourenço é o cabeça-de-lista do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder há mais de quatro décadas. Tinha acabado de votar e mostrou o indicador direito marcado com tinta azul quando se ouviu um apelo para que levantasse quatro dedos - o sinal da posição do partido no boletim de voto. Lourenço recusou o pedido.
Foto: Getty Images/AFP/A. Rogerio
Dia histórico
23 de agosto de 2017 já é um dia histórico para a República de Angola. Os mais de nove milhões de angolanos inscritos começaram cedo a escolher o sucessor do atual líder do país, José Eduardo dos Santos, que está no poder desde 1979. O próximo Presidente de Angola é o cabeça-de-lista do partido mais votado.
Foto: Getty Images/AFP/M. Longari
Eleitores prontos
Já por volta das 7 horas da manhã, os eleitores angolanos faziam fila para votar. Em Luanda, o ambiente das assembleias de voto era tranquilo. Entretanto, cidadãos disseram ter dificuldades em localizar as suas assembleias de voto.
Foto: DW/A. Cascais
Eleitores do Huambo
Idalina Salomé, de 26 anos, votou pela primeira vez e apelou aos eleitores que ainda não votaram para exercerem o seu direito de cidadania. Na cidade do Huambo, o correspondente da DW, José Adalberto, diz que os munícipes têm afluído em massa às urnas.
Foto: DW/J.Adalberto
Quartas eleições
Essas são as quartas eleições já realizadas e as segundas nos moldes atuais, com a eleição direta do Parlamento e indireta do Presidente da República. As eleições estão a ser vigiadas por mais de 100 mil agentes de segurança e foi decretada tolerância de ponto em todo o país.
Foto: DW/A. Cascais
Adeus José Eduardo dos Santos
O Presidente cessante, José Eduardo dos Santos, líder do MPLA, partido no poder desde a independência do país, em 1975, votou por volta das 9 horas da manhã na Escola Primária de São José de Clunny, no centro de Luanda. Depois de cerca de quatro décadas, deixará o poder oficialmente após as eleições desta quarta-feira.
Foto: Getty Images/AFP/M. Longari
Samakuva vota no Talatona
O candidato da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o principal partido da oposição, votou na Universidade Óscar Ribas, no município de Talatona, na zona sul de Luanda, onde apelou ao voto do angolanos neste importante dia para a história do país. Isaías Samakuva criticou o processo eleitoral por alegadas "irregularidades".
Foto: Getty Images/AFP/A. Rogerio
Abel Chivukuvuku
Depois de votar, o cabeça-de-lista da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Abel Chivukuvuku, pediu às instituições que tutelam o ato eleitoral para que "cumpram com o seu papel"; de modo a que seja possível "festejar um momento que pode ser um novo começo" para Angola.
Foto: picture-alliance/Zuma/L. Fernando
Observadores internacionais
Miguel Trovoada, ex-chefe de Estado são-tomense, lidera a missão de observação eleitoral da CPLP. Já no início da votação, pela manhã, disse à DW que as eleições transcorriam de forma calma.
Foto: DW/J. Carlos
O sistema eleitoral angolano
A Constituição do país, aprovada em 2010, prevê a realização de eleições gerais a cada cinco anos. São eleitos 130 deputados pelo círculo nacional e mais cinco deputados pelos círculos eleitorais de cada uma das 18 províncias do país (somando 90). Ao todo, são 220 deputados da Assembleia Nacional. Já o cabeça-de-lista do partido mais votado é automaticamente eleito Presidente da República.