Oposição guineense critica reforço militar da CEDEAO
Iancuba Dansó (Bissau)
14 de novembro de 2019
Com oficiais militares da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) em Bissau, aumentam as críticas da oposição a reforço da ECOMIB. Primeiro-ministro Aristides Gomes desvaloriza.
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A ida dos oficiais militares da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) a Bissau foi decidida pelos chefes de Estado da organização na última cimeira realizada em Niamey, capital do Níger, a 8 de novembro. No encontro foram tomadas várias decisões em relação à situação política na Guiné-Bissau, incluindo o reforço da força militar da CEDEAO no país, a ECOMIB, para as eleições presidenciais de 24 de novembro.
Esta quinta-feira, os oficiais reuniram-se com o ministro da Defesa, Luís Melo, e com o primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes. A delegação vai ainda encontrar-se com o Presidente cessante, José Mário Vaz, e com o ministro do Interior, Juliano Fernandes, para preparar o envio das tropas da ECOMIB.
O reforço da força militar da CEDEAO foi fortemente contestado pelo candidato presidencial Umaro Sissoco Embaló: "Há guerra na Guiné-Bissau? As pessoas são mortas aqui? O que é que as tropas estrangeiras vêm buscar aqui?"
Sola Nquilin Na Bitchita, dirigente do Partido da Renovação Social (PRS), também critica a decisão da CEDEAO.
"O Partido da Renovação Social não hesitará em considerar declaração de guerra qualquer tentativa de estacionamento de mais contingente militar da ECOMIB, em qualquer ponto do território nacional", afirmou.
A missão militar, que chegou na quarta-feira (13.11), é integrada pelo Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da CEDEAO, general Usman Yussuf, e pelos Chefes do Estado-Maior da Nigéria, Abayomi Gabriel Olonishakin, do Senegal, Cheikh Gueye, do Níger, Ahmed Mahamed, e do Togo, Félix Abalo Kadangha.
Segurança em Bissau
O primeiro-ministro guineense lamenta as críticas dos opositores. À saída da reunião com os oficiais militares da CEDEAO, Aristides Gomes frisou a necessidade de reforçar as tropas para garantir a segurança no país.
"Estão a ver a situação com a lupa de gente que está na oposição e que quer, provavelmente, dar sinais da sua existência na oposição", comentou Gomes. "Mas quem tem a responsabilidade da segurança do país, que conheceu ciclos de crises políticas e de violência, e quer o progresso do país, não pode abdicar da colaboração institucional e legal dos seus irmãos e vizinhos, que não estão interessados em que haja situações desagradáveis no nosso país."
A ECOMIB está estacionada na Guiné-Bissau desde 2012, na sequência de um golpe de Estado, que depôs o regime da altura, dirigido por Carlos Gomes Júnior. De lá para cá, os chefes de Estado da CEDEAO têm renovado a permanência da força no país, para garantir segurança às instituições e personalidades políticas guineenses.
Oposição guineense critica reforço militar da CEDEAO
CEDEAO "tem poderes para intervir"
Segundo o analista político Rui Landim, ouvido pela DW África, a ida dos oficiais militares a Bissau e o consequente reforço da força da ECOMIB no país, como ficou decidido na cimeira do Níger, são normais, tomando em consideração o Protocolo da CEDEAO sobre paz e segurança:
"Quando um país irmão tem um problema é para que os outros ajudem a estabilizar. Quando a segurança interna das populações e a paz estão em causa, e podem depois contagiar o resto, a comunidade tem poderes para intervir", sublinha Landim.
Para sábado (16.11) está prevista a visita a Bissau dos Presidentes da Costa do Marfim, Gâmbia, Guiné-Conacri, Gana, Níger e Nigéria para transmitir ao Presidente cessante, José Mário Vaz, as decisões saídas da cimeira em Niamey.
Guiné-Bissau: um pequeno país de futebolistas gigantes
Os números falam por si. Em 2017, Bruma ruma para o Leipzig por 12,5 milhões de euros. E o talento guineense não se esgota aqui.
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/O. Coban
Bruma
Bruma começou cedo. Deixou Bissau aos 12 anos para ir atrás do seu sonho em Portugal. Integrou a academia do Benfica e depois a do Sporting. Em 2013, o extremo alcançou a equipa principal dos verdes e brancos. Passou depois pelo Galatasaray e pelo Real Sociedad até chegar à Bundesliga, onde veste atualmente a camisola do RB Leipzig, que pagou cerca de 12,5 milhões pela sua transferência.
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/O. Coban
Úmaro Embaló
Parecia ser a mais cara transferência de sempre de um jovem de Portugal para o estrangeiro. O nome de Úmaro Embaló, guineense de 16 anos, fez correr muita tinta nos jornais desportivos desde o início do ano de 2018, pois iria trocar a camisola do Sport Lisboa e Benfica pela do RB Leipzig, na Alemanha, por 20 milhões de euros. O negócio caiu no último dia do mercado de transferências europeu.
Foto: Imago/Newspix/K. Cichomski
Éder
Nascido em Bissau, em 1987, Ederzito, mais conhecido como Éder, passou de “patinho feio” a “ídolo” das Quinas depois de, no Euro 2016, ter marcado o golo decisivo que valeu a taça a Portugal. O avançado, que está atualmente emprestado pelo Lille (França) ao Lokomotiv Moscovo, começou a sua carreira nas camadas jovens da Associação Académica de Coimbra. Estreou-se pela Seleção Portuguesa em 2012.
Foto: Getty Images/AFP/F. Fife
Danilo Pereira
Foi também em Portugal que Danilo Pereira encontrou futuro. Da formação do Benfica, o jovem nascido em 1991 rumou para Itália para vestir a camisola do Parma, em 2010. Após algumas épocas emprestado, o médio assinou contrato com o Club Sport Marítimo. Em 2014, Danilo é considerado uma das revelações da I Liga e o FC Porto não o deixou escapar. A sua cláusula de rescisão é de 40 milhões de euros.
Foto: Getty Images/D. Mullan
Carlos Mané
É também na Alemanha, no Estugarda, que joga atualmente o luso-guineense Carlos Mané. Nascido em 1994, também este guineense cresceu nas escolas do Sporting, tendo integrado a academia dos verdes e brancos com apenas sete anos. O caminho até à equipa principal foi demorado mas, finalmente em 2014, o extremo estreou-se em Alvalade.
Foto: picture-alliance/Sport Moments/Schweizer
José Gomes
É considerado uma das promessas do futebol português. Nascido em Bissau em 1999, o avançado rumou para Portugal tendo sido recebido na equipa da Luz. Em 2016 fez o seu primeiro jogo pela equipa principal dos encarnados, tornando-se o terceiro jogador mais jovem a jogar pelas águias, com apenas 17 anos. Em 2015, José Gomes foi o melhor marcador e considerado o melhor jogador do Europeu Sub-17.
Foto: Imago/GlobalImagens
Pelé
Aos 25 anos, Pelé, de ascendência guineense, veste a camisola do Rio Ave. O médio defensivo iniciou-se no Belenenses, tendo depois passado pelo Olhanense, Arsenal Kiev (Ucrânia) e pelos sub-20 do AC Milan (Itália). Em 2015 chega ao Benfica. Uma lesão grave impediu-o de ir para o inglês Wolverhampton, um negócio de dois milhões de euros.
Foto: Imago/GlobalImagens
Yannick Djaló
Terminamos com Yannick Djaló. Natural de Bissau, Djaló, que é também um produto da academia do Sporting, estreou-se na primeira divisão em 2006. Seis anos depois assinou contrato pelo Benfica tendo sido, em 2014, emprestado ao San José Earthquakes. Seguiram-se o Mordovia Saransk e o Ratchauri Mitr Phol. Djaló regressou a Portugal e veste agora, com 32 anos, a camisola do Vitória FC.