Estão restabelecidas as operações bancárias, paralisadas desde sexta-feira, anunciou o primeiro-ministro na sessão de perguntas dos deputados ao Governo moçambicano. Oposição não se mostrou conformada com as explicações.
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O primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, disse esta quarta-feira (21.11.) no Parlamento que foi encontrada uma solução de implementação imediata para normalizar as transações financeiras através do uso das ATM's e PO's [pontos de venda].
"A partir das primeiras horas de hoje começaram a entrar em funcionamento as ATM's e PO's [caixas multibanco e pagamento através de cartões eletrónicos] ligadas à rede SIMO (Sistema Interbancário de Moçambique). A situação está normalizada", afirmou o governante moçambicano.
"Sistema financeiro continua estável"
Do Rosário apelou a todos os utentes a continuarem a utilizar os bancos moçambicanos, sublinhando que o sistema financeiro continua estável, seguro e bem capitalizado.O restabelecimento do funcionamento normal do sistema nacional de pagamentos, nomeadamente nas ATM's, PO's, assim como a "conta móvel" e cartões, foi confirmado pela Associação dos Bancos através de um comunicado. A Associação informa que "até ao final de hoje, a larga maioria dos cartões e terminais de processamento estarão já a funcionar, em todo o país, sem restrições de qualquer ordem".
Dados divulgados pela Confederação das Associações Económicas estimam que os bancos comerciais ligados à rede de sistema interbancário do país perdiam diariamente, desde o apagão, na última sexta-feira (16.11.) cinco milhões de meticais, o equivalente a cerca de 71 mil euros. Ainda de acordo com a fonte, a faturação dos grandes centros comerciais caiu em 90% e dos restaurantes e hotéis em 70%.
Oposição quer ver os danos reparados
Para o deputado Silvério Ronguane, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), impõe-se reparar os danos resultantes do apagão e a questão que se coloca é a seguinte:"A quem deverão as chamadas vítimas do Banco de Moçambique recorrer para receber as devidas indeminizações?"
Um outro tema que dominou a sessão parlamentar está relacionado com o recente acordo de princípios, alcançado pelo Governo com parte dos credores para a reestruturação da divida contraída pela empresa EMATUM com o aval do executivo sem o conhecimento do Parlamento e dos parceiros internacionais. Para o deputado Mostagildo Bachir, da RENAMO, "o Governo ao apressar na negociação das dívidas inconstitucionais em detrimento da celeridade processual que deve ser requerida para a responsabilização criminal e administrativa dos autores das dívidas ocultas, ficou claro em definitivo que o Governo está ao lado dos que endividaram ilegalmente o país".
Estado tem que honrar os compromissos
Por seu turno, o ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, disse que o Governo tinha que negociar a reestruturação do empréstimo contraído pela EMATUM, por se tratar de uma dívida soberana, e o Estado tem que honrar os seus compromissos.Questionado sobre o que teria levado o Governo a comprometer-se a conceder 5 por cento das receitas da exploração do gás para o pagamento da divida, Maleiane esclareceu que a proposta não foi feita pelo executivo, mas resultou de uma contraproposta dos credores.
Moçambique: Oposição inconformada com explicações do executivo sobre "apagão" nos pagamentos eletrónicos
Na fase de conclusão da negociação do acordo, a proposta será submetida às entidades competentes, nomeadamente o Parlamento, à Procuradoria-Geral da República, assim como ao Tribunal Administrativo, segundo indicou o primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário.
Progressos nas conversações com FMI
Do Rosário anunciou, igualmente, progressos no diálogo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). "Os progressos são testemunhados pelas intenções de ambas as partes, nós e o FMI, em aprofundar as diferentes formas de reforçar a cooperação incluindo o estabelecimento de um programa para o nosso país".
A sessão de perguntas dos deputados ao Governo prossegue este quinta-feira pelo segundo e último dia.
Praças de Maputo: Entre o requinte e a degradação
Em Maputo, são várias as praças que homenageiam episódios e figuras marcantes da história de Moçambique. Entre os exemplos estão a Praça da Independência e a Praça dos Combatentes. Mas nem todas estão em boas condições.
Foto: DW/R. da Silva
Praça da Independência
A praça da Independência é uma das mais bem tratadas da cidade. Acolhe, frequentemente, espectáculos musicais. Entretanto, muitas praças da capital moçambicana são utilizadas pelos munícipes como local de passagem para encurtar distâncias, o que acaba por as degradar. Também sapateiros e lavadores de carros utilizam estas praças para exercer os seus ofícios, ofuscando a beleza destes lugares.
Foto: DW/R. da Silva
Praça dos Combatentes
Foi construída em homenagem aos antigos combatentes da luta pela independência. Localiza-se num dos maiores mercados informais da capital, vulgo Xikheleni (que significa cova). A Praça dos Combatentes já foi requalificada por duas vezes, estando atualmente de novo em obras. No local está a ser erguido um mural com o nome de todos os combatentes.
Foto: DW/R. da Silva
Praça dos Heróis Moçambicanos
Localizada na zona do Aeroporto de Maputo, esta é a praça onde jazem os restos mortais dos heróis moçambicanos, também combatentes da luta pela independência, nomeadamente, Eduardo Mondlane, Samora Machel e Filipe Samuel Magaia. É um local onde todas as datas históricas são motivo para a deposição de uma coroa de flores.
Foto: DW/R. da Silva
Praça Filipe Samuel Magaia
Nesta praça foi erguida a estátua de Filipe Samuel Magaia, o pensador da luta pela independência, que morreu em plena guerra, em outubro de 1966, em circunstâncias ainda não esclarecidas. A praça foi inaugurada em 2017, mas, dada a sua localização, no terminal rodoviário interprovincial, corre o risco de ser tomada pelos ambulantes, o que pode comprometer a sua beleza e infraestrutura.
Foto: DW/R. da Silva
Praça da OMM
Foi designada Praça da Organização da Mulher Moçambicana (OMM), com o objetivo de reconhecer os feitos da mulher no país. Na imagem, ao fundo, pode ver-se a estátua de uma mulher com uma criança ao colo. É uma das praças com mais requinte da cidade.
Foto: DW/R. da Silva
Praça do Destacamento Feminino
O nome desta praça pretende homenagear o papel da mulher na luta armada. O Destacamento Feminino foi uma unidade que surgiu no segundo congresso da FRELIMO, realizado em Matchedje, no Niassa, em 1968. Devido à sua localização, próximo à residência onde viveu Afonso Dlhakama, esta praça é vulgarmente conhecida como Maríngué. A praça localiza-se também perto da Presidência da República.
Foto: DW/R. da Silva
Praça Robert Mugabe
Líder zimbabueano durante 37 anos, amigo da FRELIMO e de Samora Machel, primeiro Presidente de Moçambique independente, Robert Mugabe é uma das personalidades homenageadas nas ruas da capital moçambicana. Esta praça localiza-se na marginal, junto à antiga Facim (Feira Internacional de Moçambique). Longe das atenções dos vendedores ambulantes, o local tem-se mantido preservado.
Foto: DW/R. da Silva
Praça 25 de Junho
É uma das mais espaçosas praças da capital, mas também das que mais sofre com a pressão dos vendedores ambulantes. Pretende lembrar o dia da Independência de Moçambique, proclamada em 1975. Localizada perto da baía de Maputo, esta é a praça de eleição de muitos moçambicanos que procuram descansar, por causa do ar fresco que se faz sentir.
Foto: DW/R. da Silva
Praça 16 de Junho
A Praça 16 de Junho é uma das mais antigas da capital, no entanto, encontra-se abandonada. Localizada na parte ocidental de Maputo, junto ao mercado Nwankakana, de onde parte a ponte Maputo-Katembe, esta praça é conhecida por causa do número elevado de acidentes rodoviários, especialmentem em dias de chuva. Espera-se que a nova ponte Maputo-Katembe traga vida à praça.
Foto: DW/R. da Silva
Praça dos Trabalhadores
Dispensa qualquer apresentação. É uma das referências da capital, muito turística, por causa da sua estátua: uma mulher com uma cobra na mão. O monumento foi erguido em homenagem às vítimas e combatentes da Primeira Guerra Mundial. Esta é também uma das praças tomadas pelos lavadores de carros.
Foto: DW/R. da Silva
Praça 21 de Outubro
A Praça 21 de Outubro limita três bairros históricos: Mafalala, Alto-Maé e Minkadjuine. Apesar dos esforços do munícipio para manter a sua beleza, esta praça foi também tomada de assalto, desta vez pelos "sem-abrigo" que dormem no local, deixando vestígios. O nome, 21 de Outubro, lembra o dia em que, em 1974, se iniciaram os distúrbios na capital e subúrbios da então cidade de Lourenço Marques.