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Burundi: Oposição aceita decisão sobre resultados eleitorais

DPA | Lusa | tm
9 de junho de 2020

A oposição disse esta terça-feira que aceita a decisão do Tribunal Constitucional, que validou a vitória do candidato do Presidente Pierre Nkurunziza. Analistas estavam preocupados com o pós-eleições.

Bildkombo Agathon Rwasa und Evariste Ndayishimiye
Agathon Rwasa (oposição) e Evariste Ndayishimiye (candidato do Presidente cessante)Foto: DW/A. Niyirora

O maior partido da oposição do Burundi diz que, apesar de não concordar com os resultados das eleições de 20 de maio, aceitará a decisão do Tribunal Constitucional de entregar a vitória ao candidato do Presidente cessante, Pierre Nkurunziza.

Na semana passada, o tribunal rejeitou um recurso da oposição e confirmou que Evariste Ndayishimiye, do Conselho Nacional para a Defesa da Democracia (CNDD-FDD), obteve 68% dos votos e Agathon Rwasa, o líder do Conselho Nacional para a Liberdade (CNL), conseguiu apenas pelos 22% na eleição presidencial.

"Rwasa continua a ser burundiano, apesar do anúncio desses resultados. Respeitamos o que a Justiça do Burundi decidiu", disse Terence Manirambona, porta-voz do CNL, citado pela agência de notícias DPA.

União Africana (UA) também já reconheceu os resultados definitivos, felicitando Evariste Ndayishimiye pela sua eleição e apelando ao diálogo entre os intervenientes políticos e sociais do país.

No início do mês, o diretor da Human Rights Watch (HRW) para a África Central, Lewis Mudge, pediu uma investigação a denúncias de assassinatos, detenções arbitrárias, agressões e intimidação durante o escrutínio.

"As eleições ocorreram num ambiente altamente repressivo, sem observadores internacionais independentes", afirmou Mudge na altura.

Evariste Ndayshimye durante votação nas presidenciais do BurundiFoto: Reuters/E. Ngendakumana

Preocupação

Antes das eleições, vários especialistas, nos Estados Unidos da América e das Nações Unidas, expressaram a preocupação de que uma vitória não seria aceite pelo partido perdedor, o que poderia levar a uma longa crise política.

Em 2015, após o pleito eleitoral, protestos e violência desencadearam uma crise que causou centenas de mortes e a fuga de centenas de milhares de pessoas.

Novo capítulo

Em comunicado, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, apelou à nova liderança do Burundi para promover a unidade, a inclusão e o respeito pelos direitos humanos, pelos média e pela sociedade civil.

Borrell disse que a transferência pacífica de poder poderá abrir um novo capítulo na nação.

Ndayishimiye, de 52 anos, sucederá ao Presidente Pierre Nkurunziza, que se encontra no poder desde 2005. Nkurunziza liderou o pequeno país da África Oriental com um autoritarismo crescente desde o fim da guerra civil (1993-2005), que colocou os hutus (85% da população) contra os tutsis e causou cerca de 300 mil mortos.