Oposição em Inhambane queixa-se de estar a ser impedida de fazer campanha eleitoral em alguns distritos. Falta de proteção da polícia nas atividades é outra das grandes preocupações. Autoridades negam discriminação.
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Na semana passada, a Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO) foi impedida de levar a cabo as suas atividades no âmbito da campanha eleitoral nos distritos de Funhalouro, Massinga, Panda e Jangamo.
Segundo o porta-voz José Manteigas, os protagonistas destes "atos anti-democráticos" são os membros do partido que está no poder. "Os simpatizantes e militantes da FRELIMO, em vez de irem pedir votos à população, estão a tentar inviabilizar a campanha da RENAMO e dos outros partidos políticos", acusa.
Para José Manteigas, este comportamento negativo "não faz nenhum sentido" num país que goza da tolerância política e do pluralismo. "Os membros da FRELIMO estão a transformar-se em autênticos vândalos nesta campanha eleitoral. Porque a campanha deles é obstruir a campanha da RENAMO. Isso é vandalismo e falta de civismo. O que queremos é uma coabitação política neste espaço que é de todos", diz.
Proteção da polícia
Também José Sinequinha, mandatário do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) em Inhambane, revelou à DW África que o partido entregou uma carta à Comissão Provincial de Eleições na região a lamentar a ausência da polícia durante as atividades do seu partido na campanha eleitoral que está prestes a chegar ao fim.
Inhambane: Oposição queixa-se de falta de proteção policial
"Lamentavelmente, a nossa polícia não tem tido a capacidade de cobrir todos nossos eventos em termo de presença nos bairros e localidades quando estamos a fazer a campanha eleitoral. Quando solicitamos o acompanhamento da polícia, eles não se fazem presentes", denuncia.
Em resposta, Juma Aly Dauto, porta-voz do comando provincial da Polícia em Inhambane, afirma que os membros da corporação têm garantido a segurança a todos os partidos sem discriminação política. "Nós garantimos a segurança em todos os locais se recebemos alguma comunicação sobre o itinerário que alguns partidos políticos vão fazer. Eles têm direito à proteção naquele momento e é isso que tem acontecido", afirma.
Segundo Juma Dauto, a corporação posicionou meios e agentes em todos os distritos para responderem à contingência colocada pelo atual processo eleitoral. A Polícia da República de Moçambique (PRM) está distribuída em todos os locais e a corporação tem estado a receber dos partidos políticos os itinerários das campanhas, para assegurar proteção, frisou Juma Dauto.
A DW África tentou, sem sucesso, ouvir a Comissão Provincial de Eleições e também a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) sobre as acusações.
Campanha eleitoral em Moçambique: Província a província
Campanha em Moçambique: Província a província
Foto: DW/B. Jequete
Niassa: Província lembrada em período de campanha
Em época de conquistar os eleitores a oposição lembra-se que esta província do norte é marginalizada. O potencial agrícola também é chamado nos discursos dos partidos políticos. Os eleitores dizem que basta de promessas não cumpridas e manifestam desejo de ver a província, considerada esquecida, desenvolvida.
Foto: DW/M. David
Cabo Delgado: Campanha em palco de ataques armados
Há mais de dois anos que esta província do norte é alvo de ataques armados organizados por homens até ao momento sem face. Caça ao voto em solo molhado de sangue e clima de terror não é com certeza a todo vapor. Mas os partidos, em áreas seguras, seguem com suas promessas. Na terra do futuro, pois alberga uma das maiores reservas de gás do mundo, os jovens exigem emprego.
Foto: DW/D. Anacleto
Nampula: Tragédia em comício da FRELIMO
Mais de 10 mortos e 85 feridos foi o saldo do evento de campanha da FRELIMO no estádio 25 de junho. Mesmo assim a FRELIMO e o seu candidato não interromperam a caça ao voto, num gesto de luto. Mas reagiu imediatamente, prometendo entre outras coisas o acompanhamento aos familiares das vítimas. Aguarda-se pelo apuramento das responsabilidades. Desconfia-se que aspetos de segurança tenham falhado.
Foto: DW/S. Lutxeque
Zambézia: Ato macabro mancha caça ao voto
Nesta província a mobilização do eleitorado é grande, por isso a festa também é em grande. E é com a mesma proporção que desponta a violência eleitoral. Até ao momento o incêndio criminoso da casa da mãe do candidato da RENAMO às provinciais, Manuel de Araújo, é a maior mancha do processo na província central. A RENAMO acusa a FRELIMO de autoria, mas o partido no poder nega.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Tete: Desenvolvimento é a tónica de campanha
Os dois principais partidos, FRELIMO e RENAMO, contam promover o desenvolvimento da província central usando os recursos que a região oferece. Já o MDM dá ênfase à saúde.
Foto: Sérgio Vinga
Manica: Proximidade com o eleitor
Tal como em todo o país, as regras de afixação de cartazes eleitorais não são respeitadas nesta província central. Mas esta não é a única forma de propaganda usada pelas formações políticas, como é habitual, os candidatos vão ao encontro do eleitor com os panfletos nas mãos.
Foto: DW/B. Chicotimba
Sofala: Ciclone Idai faz mudança climática ser prioridade
O Idai atingiu duramente a província central em meados de abril. Até hoje o país não se refez completamente das suas consequências. O evento está a ser aproveitado para conseguir votos. Os partidos estão a prometer a um eleitorado recém afetado medidas para minimizar os impactos das alterações climáticas.
Foto: DW/Arcénio Sebastião
Inhambane: As ameaças de ex-guerrilheiros da RENAMO
É em época de caça ao voto que os guerrilheiros da RENAMO acantonados na base de Matokose, nesta província do sul, fazem ameaças. Justificam que estão descontentes com a sua liderança. Garantem que têm muito armamento, que deveria ter sido entregue às autoridades até o 21 de agosto. É neste contexto que os partidos vão trabalhando junto do eleitorado.
Foto: DW/Luciano da Conceição
Gaza: Campanha sob o espectro da desconfiança de fraude
A caça ao voto nesta província do sul acontece mesmo sem que o caso da disparidade de números de eleitores apresentados pelo INE e STAE tenha sido resolvido. A suspeição em relação à Gaza é grande. Neste bastião da FRELIMO, onde a oposição costuma ser alvo de violência, as ações de campanha decorrem até agora com tranquilidade.
Foto: DW/C.A. Matsinhe
Maputo: Promessas ajustadas ao eleitor urbano
Redução do IVA e combate à corrupção são algumas das promessas da oposição nesta província do sul. As fraquezas do Governo da FRELIMO têm servido, até certo ponto, de armas para a RENAMO e MDM nesta campanha. Também promessas de mais emprego para uma região densamente povoada por jovens não faltam. Já a FRELIMO prefere continuar a apostar, entre outras coisas, na continuidade.