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Chade: Oposição reinventa-se contra sexto mandato de Déby

Martina Schwikowski | bd
12 de fevereiro de 2021

Diferenças tradicionais foram postas em segundo plano para consenso em torno de um candidato único da oposição. Mudança constitucional em 2018 permite Déby governar até 2033, o que totalizaria 43 anos no poder.

Tschad Präsident Idriss Déby Itno
Foto: Press Office Presidency Chad

O Presidente Idriss Déby governa o Chade desde 1990 e comanda um governo nada amistoso com a oposição. O político de 68 anos anunciou que irá concorrer nas eleições de 11 de abril, o que pode conduzi-lo a um sexto mandato. As candidaturas às presidenciais devem ser oficialmente apresentadas até este sábado (13.02).

A má gestão e a queda dos preços do petróleo estão a agravar a pobreza e o descontentamento da população. Uma grande parcela dos 15 milhões de habitantes do país vive abaixo do limiar da pobreza.

O país tem reservas significativas de petróleo, mas o governo é visto como corrupto. Em 2018, Déby fez aprovar uma nova Constituição que lhe permite governar até 2033. Os seus opositores acusam-no de paralisar as instituições do país para se manter no governo.

Apesar de um governo alegadamente pouco inspirado, para o Ocidente, por outro lado, o Chade é um aliado importante na luta contra as milícias islamistas na região do Sahel. O político da oposição Succès Masra espera que isso mude após os debates que serão gerados pela campanha eleitoral.

"Apelamos para que a comunidade internacional (países como França, Alemanha, União Europeia, EUA) ajude o povo chadiano a exigir as mesmas coisas a que os cidadãos destes grandes países têm direito", disse numa entrevista à DW.

Succès Masra foi um dos organizadores dos protestos contra o sexto mandatoFoto: Blaise Dariustone/DW

Candidato comum da oposição

A luta pelo poder no Chade é sentida diariamente. Para silenciar os opositores políticos, o Presidente Déby proíbe manifestações e bloqueia meios de comunicação social. Durante os debates que antecederam a aprovação da emenda constitucional de 2018 - que permite a reeleição de Déby até 2033 - a Internet foi bloqueada durante mais de 10 meses.

O cenário político é confuso no Legislativo, onde nomes perpetuam-se como parlamentares. Depois de adiadas várias vezes desde 2015, as eleições legislativas estão marcadas para o dia 24 de outubro deste ano. 

Masra critica as alegadas violações de direitos civis e políticos no país. "É também o direito de marchar, de dizer de uma forma pacífica o que nos vai na mente. Deverá isto levar a tentativas de prisão ou detenções reais e até mesmo a raptos?"

O político da oposição estudou ciências políticas em Paris e Oxford e trabalhou no Banco Africano de Desenvolvimento antes de fundar um movimento político em 2018. No entanto, não é elegível para concorrer nas eleições de abril porque a lei estabelece idade mínima de 40 anos para se candidatar, e Masra tem 38 anos.

A oposição no Chade geralmente é enfraquecida pelas divisões étnicas, o que beneficia o regime de Déby. A 2 de fevereiro, no entanto, 16 partidos nomearam um único candidato para disputar as eleições: Théophile Bebzoune Bongoro, de 55 anos. Seu nome preferido ao do mais conhecido adversário do Presidente Idriss Déby, Saleh Kebzabo.

Gabinete de Déby: Governo controla passos da oposição Foto: Présidence de la République du Tchad

Será uma aliança efêmera?

O analista político, Ronald Marchal, considera que a estratégia de coligação é uma tentativa de ultrapassar as divisões tradicionais do passado, mas duvida que o movimento da oposição mude o cenário político. "Idriss Déby e o seu regime estão em posição de criar grupos fictícios de oposição e provocar divisões dentro da própria oposição. Portanto, penso que haverá mais candidatos quando chegarmos às eleições", antevê Marchal.

Nas ruas da capital do país, em Ndjamena, intensificaram-se os protestos contra a candidatura a um sexto mandado de Déby. No sábado passado, manifestantes incendiaram pneus e houve violentos confrontos com a polícia. Mais de 50 manifestantes detidos serão julgados por, entre outras acusações, "perturbação da ordem pública".

No último sábado, o Movimento Patriótico de Salvação (MPS), de Idriss Déby, investiu o atual Presidente como candidato à sua própria sucessão.   Gostaria de agradecer a cada um de vós por esta sublime marca de confiança. No contexto atual, que todos conhecemos, presidir ao destino desta nação, que avança depois de ter experimentado tanta vicissitude, não deve ser um assunto a ser julgado, disse Déby.

O atual Presidente é um militar de carreira e foi promovido em agosto ao posto de Marechal pela Assembleia Nacional, largamente dominada pelo MPS, num ato entendido como um sinal de determinação na perpetuação no poder.

O mediador dos protestos

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