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Oposição sem hipóteses no Senegal?

23 de fevereiro de 2012

Cerca de cinco milhões de senegaleses escolhem um novo Presidente no próximo domingo, 26 de fevereiro. Violentos protestos contra a recandidatura de Abdoulaye Wade têm ensombrado o sufrágio.

Abdoulaye Wade durante um comício eleitoral
Abdoulaye Wade durante um comício eleitoralFoto: REUTERS

Quando Abdoulaye Wade chegou ao poder, no ano 2000, após décadas na oposição, o entusiasmo era grande. Mas após 12 anos, o balanço é fraco aos olhos de muitos. Thiat é um dos insatisfeitos. O músico é um dos fundadores do movimento de protesto jovem senegalês "Y'en a marre"- ou "Chega!". Thiat não tem papas na língua quando se trata de criticar o Presidente Abdoulaye Wade. "Um pesadelo. Doze anos. Um erro de todo o tamanho. Os senegaleses têm de acordar finalmente. É hora de acordar!", diz.


O balanço dos doze anos de governação de Wade é misto. Por um lado, as infra-estruturas do Senegal melhoraram decisivamente e os dados económicos são positivos, de acordo com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Mas, por outro lado, a recandidatura de Wade não é bem vista por grande parte dos senegaleses. O próprio presidente cessante tinha limitado o número de candidaturas presidenciais a duas no Senegal. Agora, o chefe de Estado, de 85 anos, alega que essa decisão foi tomada quando ele já estava no poder e, portanto, não se aplica a ele, neste momento, mas sim a partir do seu próximo mandato.

“Retrocesso para a democracia”Para Fadel Barro, também membro do movimento juvenil “Chega”, esta posição é inconstitucional. "Este é um retrocesso para a democracia. Se deixamos que ele vá em frente com esta posição será aberto um precedente. Nós lutamos pela democracia. E isto sem esquecer a idade avançada de Wade, o balanço desastroso da sua governação e o facto de ele nos querer impingir o seu filho”.

Esta é também uma das acusações feitas a Wade: ele pretende que o seu filho o suceda à maneira monárquica. Acusação rejeitada pelo porta-voz da presidência Amadou Sall que a classifica como um rumor. Mas o facto é que, em 2011, Wade quis mudar a Constituição para que o Presidente e o vice-presidente fossem eleitos ao mesmo tempo. Este último substituiria o chefe de Estado automaticamente em caso de demissão. Os senegaleses não gostaram da manobra política e saíram para a rua em protesto.

Protestos anti-governamentais em DacarFoto: dapd
O músico Thiat é um dos fundadores do movimento de protesto juvenilFoto: DW/D.Köpp

Oposição dividida

Muitos senegaleses sentem que os protestos são  tudo o que a oposição tem para oferecer, porque de resto ela apresenta-se dividida e conflituosa. Mouhamadou Mbodj, representante da ONG "Transparência Internacional", em Dakar, diz "até agora não vi nenhum programa, eles não apresentaram nenhum. O candidato Idrissa Seck, até apresentou algo e Macky Sall também - mas ambos soam mais a uma profissão de fé do que a um programa eleitoral”.

Autor: Dirke Köpp / Carla Fernandes
Edição: Helena Ferro de Gouveia / António Rocha
 

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