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10 de janeiro de 2019
Comissão eleitoral declarou o candidato da oposição Félix Tshisekedi como o vencedor das eleições presidenciais na República Democrática do Congo. Mas rival Martin Fayulu denuncia fraude eleitoral.
Félix Tshisekedi, líder do maior partido da oposição congoesa, foi declarado vencedor das eleições presidenciaisFoto: Reuters/O. Acland
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Félix Tshisekedi é o vencedor das eleições presidenciais na República Democrática do Congo (RDC). O presidente da Comissão Nacional Eleitoral Independente, Corneille Nanga, anunciou esta madrugada que o candidato da oposição da União para a Democracia e Progresso Social (UDPS) será o novo Presidente do país.
"Com 7.051.013 votos válidos, ou 38,57%, é provisoriamente declarado Presidente eleito da RDC o senhor Félix Tshisekedi", afirmou Nanga.
6,4 milhões de eleitores optaram pelo também candidato da oposição Martin Fayulu e 4,4 milhões depositaram o voto em Emmanuel Ramazani Shadary, o candidato do partido no poder.
Apoiantes de Tshisekedi aguardavam com expetativa a divulgação dos resultadosFoto: picture-alliance/AP/J. Delay
Fayulu contesta resultados
Félix Tshisekedi prometeu esta quinta-feira (10.01) a uma multidão de apoiantes que será um Presidente de todos e considerou o chefe de Estado cessante, Joseph Kabila, um importante parceiro "na alternância democrática no nosso país"
Mas o candidato Martin Fayulu denuncia que os resultados divulgados pela comissão eleitoral são "fraudulentos, fabricados e inventados" e já pediu aos observadores eleitorais para se manifestarem.
Fayulu já tinha dito que não aceitaria nenhum resultado que não o declarasse vencedor. Segundo o correspondente da DW em Kinshasa, Saleh Mwanamilongo, cada candidato tem 48 horas para contestar os resultados no Tribunal Constitucional. A seguir, o Tribunal terá uma semana para apresentar uma decisão.
Félix Tshisekedi vence presidenciais na RDCongo
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Os resultados finais definitivos só serão anunciados a 15 de janeiro.
O pleito realizado no dia 30 de dezembro foi adiado três vezes e marca o fim de 18 anos de Joseph Kabila no comando dos destinos da RDC. No entanto, observadores internacionais e organizações locais alertaram para a ocorrência de várias irregularidades no processo eleitoral.
Com 21 candidatos presidenciais, as eleições não se realizaram em todo o território, uma vez que a Comissão Eleitoral decidiu adiar para 19 de março o ato eleitoral nas cidades de Beni, Butembo e Yumbi, devido à epidemia do Ébola e aos conflitos dos grupos armados.
O acesso à Internet na RDC esteve condicionado desde 30 de dezembro. O Governo pretendia "evitar especulação" nas plataformas sociais sobre o vencedor das eleições. Além de limitar o acesso à Internet, o Executivo congolês bloqueou também as frequências de algumas rádios locais e estrangeiras.
As eleições gerais de 2018 são vistas como uma hipótese de a RDC ter uma primeira transição pacífica de poder desde a independência face à Bélgica, em 1960.
Presidentes africanos para sempre
Vários presidentes africanos governam há tanto tempo, que muitos cidadãos não conhecem outro líder do seu país. Teodoro Obiang Nguema é o líder africano há mais tempo no poder: governa a Guiné Equatorial desde 1979.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Alamba
Guiné Equatorial: Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo é atualmente o líder africano há mais tempo no poder, depois de, em 2017, José Eduardo dos Santos ter deixado o cargo de Presidente de Angola, que ocupava também desde 1979. Neste ano, Obiang chegou ao poder através de um golpe de estado contra o seu tio, Francisco Macías. Nas últimas eleições no país, em 2016, Obiang afirmou que não voltaria a concorrer em 2020.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Lecocq
Camarões: Paul Biya
Com o seu nascimento no ano de 1933, Paul Biya é o Presidente mais idoso do continente africano e apenas ultrapassado em anos no poder pelo líder da vizinha Guiné Equatorial. Biya chegou ao poder em 1982. Em 2008, uma revisão à Constituição retirou os limites aos mandatos. Em 2018, Biya, foi declarado vencedor das eleições. Os Camarões atravessam uma crise com a rebelião na parte anglófona.
Foto: picture-alliance/AA/J.-P. Kepseu
Uganda: Yoweri Museveni
Com mais de 30 anos no poder, Yoweri Museveni é, para uma grande parte dos ugandeses, o único Presidente que conhecem. 75% dos atuais 35 milhões de habitantes nasceram depois de Museveni ter subido ao poder em 1986. Em 2017, foi aprovada a lei que retira o limite de idade (75 anos) para concorrer à Presidência. Assim sendo, Museveni já pode concorrer ao sexto mandado, nas eleições de 2021.
Foto: picture alliance/AP Photo/B. Chol
República do Congo: Denis Sassou Nguesso
Foi também uma alteração à Constituição que permitiu que Denis Sassou Nguesso voltasse a candidatar-se e a vencer as eleições em 2016 na República do Congo (Brazzaville). Já são mais de 30 anos à frente do país, com uma pequena interrupção entre 1992 e 1997. Denis Sassou Nguesso nasceu no ano de 1943.
Foto: picture-alliance/AA/A. Landoulsi
Ruanda: Paul Kagame
Paul Kagame lidera o Ruanda desde 2000. Antes, já teve outros cargos influentes e foi líder da Frente Patrifótica Ruandesa (FPR), a força que venceu a guerra civil no Ruanda. Em 2017, Kagame ganhou as eleições com 98,8% dos votos. Assim poderá continuar no poder até, pelo menos, 2034. Assim ditou a consulta popular realizada em 2015 que acabou com o limite de dois mandatos presidenciais.
Foto: Imago/Zumapress/M. Brochstein
Burundi: Pierre Nkurunziza
Em 2005, Pierre Nkurunziza chegou ao poder no Burundi. Em 2015, o terceiro mandato de Nkurunziza gerou uma onda de protestos entre a população que, de acordo com o Tribunal Penal Internacional, terá causado cerca de 1.200 mortos e 400.000 refugiados. Em maio de 2018, teve lugar um referendo para alterar a Constituição, que permitiu ao Presidente continuar no cargo até 2034.
Foto: Reuters/E. Ngendakumana
Gabão: Ali Bongo Ondimba
Ali Bongo ainda está longe de quebrar o recorde do pai, que esteve 41 anos no poder, mas já vai no terceiro mandato, ganho em 2017, no meio de muita contestação. Em 2018, a Constituição do Gabão foi revista para acabar com o limite de mandatos. A nova versão da Constituição também aumentou os poderes do Presidente para tomar decisões unilateralmente.
Foto: Reuters/Reuters TV
Togo: Faure Gnassingbé
Em 2005, Faure Gnassingbé substituiu o pai, que liderou o país durante 38 anos. Ao contrário de outros países, o Togo não impunha um limite aos mandatos. Em 2017, após protestos da população contra a "dinastia" Gnassingbé, foi aprovada a lei que impõe um limite de mandatos. No entanto, a lei não tem efeitos retroativos, pelo que o ainda Presidente poderá disputar as próximas eleições, em 2020.
Foto: DW/N. Tadegnon
Argélia: Abdelaziz Bouteflika
Abdelaziz Bouteflika esteve 20 anos no poder na Argélia (1999-2019). Em 2013, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), mas nem a idade, nem o estado de saúde travaram o Presidente de anunciar que iria procurar um quinto mandato em 2019. Em abril de 2019, face a protestos públicos, anunciou a sua renúncia ao cargo. Nesta altura, já teve 82 anos de idade.