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Opositores acusam MPLA de ser o partido dos "truques"

10 de março de 2021

Líderes da UNITA, Bloco Democrático e PRA-JA alertam para uma "emboscada" para adiar as eleições gerais de 2022. Para evitar isso, pedem que, na revisão constitucional, se foque o "essencial" e descarte o acessório.

Angola Abel Chivukuvuku, Adalberto da Costa Júnior und Justino Pinto de Andrade
Foto: Borralho Ndomba/DW

É a segunda vez, em menos de um mês, que Adalberto Costa Júnior, Justino Pinto de Andrade e Abel Chivukuvuku formam uma frente unida para alertar para os "perigos" da governação do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

Em conferência de imprensa conjunta, esta quarta-feira (10.03), os presidentes dos partidos UNITA e Bloco Democrático e o coordenador do projeto político PRA-JA Servir Angola afirmaram que a proposta de revisão constitucional, anunciada este mês pelo Presidente João Lourenço, não passa de um pretexto para se adiar as eleições de 2022. 

Abel Chivukuvuku: "Vamos manter o sistema unicamaral ou vamos partir para o bicamaral?"Foto: DW/M. Luamba

Nas palavras de Abel Chivukuvuku, coordenador do PRA-JA Servir Angola, a proposta é um "exercício de cosmética". Enquanto as emendas da Constituição estiverem em discussão na Assembleia Nacional, todos os angolanos devem estar vigilantes para que o MPLA não recorra a "truques", afirmou.

"A primeira armadilha", acrescentou o político, seria a realização de uma "discussão substantiva que lhes permita adiar as eleições".

Eleição direta do chefe de Estado

Chivukuvuku diz que a Assembleia Nacional se deve focar no "essencial" e usar a oportunidade da revisão da Constituição para fazer mexidas profundas no sistema político angolano. Para o líder do PRA-JA Servir Angola, uma dessas mudanças deveria ser a eleição direta do Presidente da República.

"Retirou-se ao cidadão o direito de escolher, reduzindo assim a legitimidade do próprio Presidente da República, porque não foi eleito pelo cidadão. Vamos manter o sistema unicamaral ou vamos partir para o bicamaral?", questionou.

"Luta de marimbondos"

Justino Pinto de Andrade, do Bloco Democrático, também pede mudanças. Para o político, o mais importante é que o MPLA passe para a oposição. Isto porque, segundo Justino Pinto de Andrade, depois de 45 anos no poder, o MPLA provou que "é o centro da corrupção em Angola" .

"A corrupção está no MPLA. Por isso mesmo, o MPLA tem de se afastar, fazer uma cura e ir para a oposição, para se poder limpar do mal que tem dentro de si, que produziu durante estes anos".

Conferência de imprensa conjunto de Adalberto Costa Júnior, Justino Pinto de Andrade e Abel Chivukuvuku, esta quarta-feira (10.03), em LuandaFoto: Borralho Ndomba/DW

A atual luta contra a corrupção, levada a cabo pelo Governo angolano, não impressiona o presidente do Bloco Democrático: "Não somos os marimbondos. Os marimbondos são o MPLA. Estamos a assistir neste país a uma luta de marimbondos contra marimbondos".

Em resumo, o presidente da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto Costa Júnior, diz que a proposta de revisão constitucional do Presidente da República deixa muito a desejar. O líder do partido do galo negro lembra, por exemplo, que, João Lourenço ignorou a questão da terra, causa de grandes conflitos no país. 

"Não há nada nestas propostas sobre a eleição do Presidente e sobre o sistema eleitoral. Não há nada nestas propostas sobre os aspetos fundamentais que a sociedade debate há muito tempo, e que foi aqui questionado, a lei de terras - um aspeto fundamental e que a toda a hora é questionado", referiu Adalberto Costa Júnior.

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