O diretor do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana defende a utilização de medicina tradicional africana no combate à Covid-19, mas com os devidos padrões técnicos e de eficácia.
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A utilização de medicina tradicional africana no combate à Covid-19 ganhou um novo incentivo.
O diretor do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (Africa CDC), John Nkengasong, defendeu esta quinta-feira (23.07) a utilização deste tipo de medicina no combate ao novo coronavírus.
"Sempre disse que a solução para combater a Covid-19 está na inovação, mas a inovação pode vir de vários sítios, podemos e devemos encorajar a medicina tradicional africana, como se faz com a chinesa, mas temos de garantir que a segurança do remédio é garantida, que a eficácia é assegurada e que os padrões de qualidade são aplicados de forma transversal e abrangente", disse John Nkengasong durante a conferência de imprensa semanal.
No encontro, Nkengasong lembrou que está a ser criado uma comissão precisamente para estudar a eficácia de remédios tradicionais apresentados por alguns países, como Madagáscar e o Gana, como tendo potencial para combater a Covid-19.
E apontou: "Somos a favor da utilização de remédios tradicionais, devemos tornar isso formal e fazê-lo de forma organizada e centralizada".
O chá de Madagáscar
Especificamente sobre a Covid Organics, um chá que as autoridades de Madagáscar garantem curar a Covid-19, apesar de não haver estudos que o comprovem, John Nkengasong disse que apoia a sua utilização, mas está "à espera que o Governo de Madagáscar envie um dossier com as conclusões científicas".
O chá, amplamente noticiado na comunicação social e cujos efeitos estão por provar, foi também utilizado em alguns países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), como a Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, mas sem que seja conhecido qualquer caso de cura devido a este chá.
Hospitais sobrecarregados
Madagáscar registou oficialmente 7.548 casos de Covid-19, incluindo 65 mortes, mas nos últimos dias o país assistiu a um aumento significativo do número de casos que está a estrangular a capacidade hospitalar, segundo a agência de notícias francesa, a AFP, divulgada esta semana, e na qual os diretores dos principais hospitais da capital alertavam para a falta de camas para tratar os doentes infetados com a Covid-19.
Na conferência de imprensa semanal, o diretor do CDC Africa disse ainda que o aumento de 19% no número de casos está em linha com os números da semana passada, representando um aumento de 123 mil novos casos, o que equivale a 17 mil casos por dia.
Guiné-Bissau recebe carregamento de chá de Madagáscar
01:11
"Ainda temos uma forte hipótese de afastar a pandemia, por exemplo através da generalização da utilização de máscaras e mantendo o cumprimento das recomendações das autoridades sanitárias", conclui o responsável.
A importância da máscara
Apesar da Organização Mundial de Saúde (OMS) ressalvar que uso de máscara só por si não é suficiente para proporcionar um nível adequado de proteção ou o controlo das fontes de propagação da Covid-19, o seu uso não deve ser negligenciado.
Em maio, dois cabeleireiros de um salão do estado norte-americano do Missouri trabalharam durante cerca de uma semana infetados com o novo coronavírus, expondo 139 clientes à Covid-19.
Entre 67 clientes testados para a SRA-CoV-2, todos os resultados dos testes foram negativos. A adesão à política de cobertura facial da comunidade e da empresa provavelmente mitigou a propagação da SRA-CoV-2, concluiu o relatório do CDC.
A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 617.500 mortos e infetou mais de 15 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço da AFP.
De capulanas a máscaras: alfaiatarias de Moçambique inovam em tempos de Covid-19
Em Moçambique, a grande procura levou muitas pessoas a investirem na produção e no comércio de máscaras faciais feitas de capulana.
Foto: DW/R. da Silva
As máscaras de capulana
As pessoas procuram pelas máscaras na tentativa de conter a propagação do coronavírus no país. O uso da máscara é também uma recomendação do Governo e, em alguns casos, obrigatório. As müascaras feitas de capulana estão a ganhar o mercado, conquistar os clientes e render um bom dinheiro.
Foto: DW/R. da Silva
Nova utilidade da capulana
É a capulanas como estas que muitos produtores recorrem para fabricar o seu mais novo produto: máscaras faciais. A capulana passou a ter mais esta utilidade por causa do coronavírus. O preço da capulana continua a ser o mesmo, custando entre o equivalente a 1,20 a pouco mais de 4 euros, dependendo da qualidade.
Foto: DW/R. da Silva
Tradição em capulanas
Na baixa de Maputo, a "Casa Elefante" é uma das mais antigas casas de venda de capulana da capital moçambicana. Vende variados tipos do produto. São muitas as senhoras que se deslocam ao local para a compra deste artigo para a produção das máscaras. As casas de venda de capulana passaram a ter muita afluência para responderem à grande procura pelos artigos por causa do coronavírus.
Foto: DW/R. da Silva
Produção caseira
Esta alfaiataria caseira funciona há cerca de 15 anos, em Maputo. Antes, a proprietária dedicava-se a costurar uniformes escolares. Por causa do coronavírus, passou a investir mais na produção de máscaras. Ela vende aos informais a um preço de 0,20 euros cada unidade.
Foto: DW/R. da Silva
Aproveitar a demanda
A alfaiataria da Luísa e da Fátima dedica-se à produção de vestuário de noivas e não só, mas também à sua consertação. Quando começou a procura pelas máscaras de produção com recurso à capulana, as duas empreendedoras tiveram que redobrar os esforços para produzi-las sem pôr em causa a confecção habitual. O rendimento diário subiu de cerca de 40 euros para 60 euros, dizem.
Foto: DW/R. da Silva
Produção a todo o vapor
Estes alfaiates, no mercado informal de Xiqueleni, costumam dedicar-se ao ajustamento de roupas de segundam mão, compradas no local. Mas devido à intensa procura pelas máscaras, dedicam a maior parte do tempo a produzir estes protetores faciais à base da capulana. Também eles estão a aproveitar a grande demanda pelo acessório.
Foto: DW/R. da Silva
Informais a vender máscaras
Desde que o Governo determinou a obrigatoriedade do uso de máscaras nos transportes e aglomerações, há pouco mais de uma semana, muitos vendedores informais, mulheres e homens, miúdos e graúdos compraram-nas para a posterior revenda. Um dos principais locais para a venda ao consumidor final são os terminais rodoviários.
Foto: DW/R. da Silva
Máscara para garantir a viagem
Os maiores terminais rodoviários, como por exemplo a Praça dos Combatentes, são os locais de aglomerados populacionais e onde muitos cidadãos acorrem para comprar as máscaras caseiras. Quando um passageiro não tem a máscara, sabe que pode encontrar o produto sem ter que percorrer longas distâncias e garantir o embarque nos meios de transporte.
Foto: DW/R. da Silva
Grande procura em Maputo
Neste "Tchova", carrinho de tração humana, há vários artigos. Os clientes estão a apreciar as máscaras, e não só, que o vendedor informal exibe. Os clientes referem que compram as máscaras não só para evitar a propagação do coronavírus, mas também porque os "chapeiros" exigem o uso das mesmas, sob pena de não permitirem a viagemm de quem não tiver o acessório.
Foto: DW/R. da Silva
Bons rendimentos
Os vendedores informais aproveitam a muita procura pelas máscaras caseiras para juntar ao seu habitual negócio. Jorge Lucas, além de vender acessórios de telefones, diz que "há muita procura" pelas máscaras feitas de capulana e que este negócio está a render "qualquer coisa como 20 euros por dia".
Foto: DW/R. da Silva
Quase 20 euros por dia
António Zunguze vende uma máscara pelo valor equivalente a 0,80 euros. Por dia, diz que consegue levar para casa o equivalente a quase 20 euros e explica que a procura é muita nos mercados informais. António compra as máscaras nas alfaiatarias e vai, posteriormente, revendê-las nos terminais de semi-coletivos.
Foto: DW/R. da Silva
Propaganda, "a alma do negócio"
Este jovem montou um megafone para anunciar que, além das sandálias, já tem igualmente máscaras para a venda. Na imagem, as máscaras podem ser vistas no topo da sombrinha e o megafone instalado no muro. O jovem refere que na sua banca não tem havido muita procura, mas acredita que melhores dias virão.
Foto: DW/R. da Silva
Máscaras até nos salões de beleza
Alguns salões de beleza também não perderam a oportunidade e estão a revender as máscaras. Neste salão, já não há clientes devido ao período de restrições para conter a propagação do coronavírus. O salão também investe na venda de máscaras feitas de capulana.