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Organização Al Bawsala luta por uma Tunísia democrática

Alexander Göbel / Cristina Krippahl 7 de junho de 2013

Manifestações violentas de salafistas radicais sugerem que a "Primavera Árabe" na Tunísia está em vias de se tormar um "Inverno" e que a população começa a resignar. Mas os jovens continuam a acreditar no seu país.

Organização Al Bawsala luta por uma Tunísia democrática
Organização Al Bawsala luta por uma Tunísia democráticaFoto: Taieb Kadri

Um instituto de pesquisa de jovens analistas tunisinos mosta como a democracia pode funcionar. Na tribuna do parlamento de Tunes, Amira Yahyaoui não tem mãos a medir: enquanto filma com o telemóvel o que se passa no plenário, responde a mails e envia mensagens com resultados e votações.

Amira não perde os parlamentares de vista, pois trata-se aqui da futura Constituição do seu país. "Somos dois a filmar todos os processos de votação legislativos, que publicamos no nosso site online, para que os cidadãos possam ver tudo o que se passa", explica.

"A assembleia constituinte não é transparente. Há deputados que votam várias vezes, outros dizem que votaram mas nem sequer estavam presentes, ou dão o seu cartão de voto a outra pessoa. Por isso filmamos a votação para que depois ninguém nos possa mentir".   

"Luto pela democracia e faço-o como tunisina convicta", afirma Amira YahyaouiFoto: DW

Com o Compasso, jovens querem ajudar a Tunísia a orientar-se

Amira Yahyaoui é a presidente da organização não-governamental "Al Bawsala", o que em português significa "O Compasso". A organização é financiada, entre outros, pela fundação norte-americana OpenSociety e pelo banco alemão GLS, que investe exclusivamente em projectos ecológicos e sociais. Amira e a sua equipa agradecem o apoio, mas não admitem nenhuma imposição.

Os colaboradores têm todos menos de trinta anos, muitos deles activistas na internet que tiveram que se exilar durante a ditadura do Presidente deposto, Ben Ali. Outros estudaram economia, direito e matemática em França. Após cinco anos no estrangeiro, também Amira regressou a casa.

"Luto pela democracia e faço-o como tunisina convicta", afirma. "A nossa organização é um pau com o qual semeamos a confusão no formigueiro, onde as formigas chefes acham que são superiores ao povo e que este se deve contentar com eleições. O que é errado, porque os deputados e os funcionários têm que prestar contas aos cidadãos sempre e a qualquer altura. Penso que estamos a ajudar para que as coisas se mexam um pouco", considera a ativista.

Director executivo da ONG, Selim Kharrat, considera que as ameaças aos membros da Al Bawsala reforçam convicção de que estão no caminho certoFoto: Sarah Mersch

Jovens ativistas não desistem, apesar das ameaças

Inspirada num exemplo alemão, na sua presença online, de nome Marsad, a organização observa o comportamento dos deputados. Urge tornar a assembleia constituinte mais transparente, dizem os ativistas, porque é aqui que tudo se decide, sobretudo o poder das instituições políticas. E os deputados não gostam muito do escrutínio externo. Mas a Al Bawsala publica tudo: os protocolos das sessões parlamentares, as ausências, o atraso prepositado de processos, e até a falta de pontualdiade de certos deputados. O que tem valido algumas ameaças aos jovens.

Mas isso apenas reforça a sua convicção de que este é o caminho certo, diz o director executivo, Selim Kharrat. "A verdade dói", diz. Mas a Al Bawsala quer mudar a mentalidade de 50 anos de ditadura em que o estado existiu para os políticos, e não o contrário, como deve ser. Ao mesmo tempo, a organização quer que a população compreenda que a democracia representa um esforço e muito tranbalho, só podendo sobreviver com a participação de todos.

"A frustração das pessoas é normal", considera Selim Kharrat. "Inevitável, mesmo após a primeira grande euforia. A revolução precisa de tempo. Temos que tornar bem claro o que já conseguimos. Somos hoje muito mais livres. Queremos convencer toda a gente a participar. O que cria um novo sentimento de comunidade e dá esperança às pessoas".

Organização Al Bawsala luta por uma Tunísia democrática

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