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Orquestra para todos é multicultural

14 de setembro de 2012

A Orquestra Todos, criada em Portugal por maestros italianos, aspira apresentar-se nos países lusófonos em África. Mas antes, voltar a se apresentar no festival no qual nasceu é mais do que prazeroso.

Orquestra Todos
Orquestra TodosFoto: Giacomo Scalisi

Nascida no bairro lisboeta Intendente em setembro de 2011, no Festival cultural português Todos, a orquestra que leva o mesmo nome do festival se mostra esforçada nos ensaios, ainda mais quando é preciso preparar o repertório para a próxima edição do evento cultural no qual se apresentaram pela primeira vez, no ano passado.

Criada por iniciativa de maestros italianos, a Orquestra Todos participará do evento que este ano anima as ruas do castiço bairro do Intendente ao Poço dos Negros. O Festival Todos começa nesta sexta feira (14.09), com data marcada para terminar apenas dia 23 de setembro.

Tudo começou com Giacomo Scalisi (em pé)Foto: DW

"Há três anos, tivemos um convite de Giacomo Scalisi para fazer um concerto com a Orquestra de Piazza Vittorio", recorda Pino Pecorelli, diretor musical, que também toca neste grupo em Itália. "Tocamos aqui no Largo do Intendente e, depois daquele concerto, Giacomo teve a ideia de fazer uma orquestra similar com músicos que chegam de todo o mundo", explica Pecorelli.

Auxiliado pelo maestro Mario Tronco, Pecorelli dirige o grupo formado por mais de dez músicos. Entre eles estão portugueses e imigrantes de várias nacionalidades. Pecorelli comenta que se não tivessem conseguido encontrar bons músicos, "era impossível ter um repertório de uma hora e meia para fazer um concerto", assegura à DW África, enquanto os músicos afinam os instrumentos e acertam os acordes para compor mais uma canção.

Durante o ensaio

A vocalista Susana Travassos com Pino Pecorelli (atrás)Foto: DW

Na sala, a Orquestra Todos dispõe, entre outros, de alguns instrumentos tradicionais de várias origens. Os ensaios, três dias antes do festival, começaram durante a tarde e prosseguiram até à noite em busca da perfeição.

A empatia entre os músicos apresenta uma Lisboa cosmopolita: europeia, africana, sul-americana e indiana. Juntos, os profissionais procuram a harmonia musical, que faz da Orquestra um projeto de aproximação cultural, como reconhece Rubi Machado, uma das duas principais vozes femininas do grupo.

Esta cantora de origem indiana, que partilha o palco com a portuguesa Susana Travassos, não se sentiu estranha ao entrar para a Orquestra. "Logo no primeiro dia, achei muito giro estarmos todos juntos, pessoas de línguas e de cantares diferentes. Damo-nos todos bem", remata sorridente.

Novos são bem vindos

Gueladjo Sané com os instrumentos djembé e dundunsFoto: DW

Além destes, também cabem na Orquestra um turco-romeno, um inglês, um alemão, um espanhol, um cabo-verdiano e um guineense, assim como um luso-moçambicano e brasileiros.

As portas desta espécie de laboratório cultural continuam abertas a outros músicos, tal como aconteceu ao caboverdiano Danilo Silva, que integrou a banda depois de receber um convite do trompetista alemão Johannes Krieger. "Ele indicou-me ao Francesco Valente, que andava à procura de músicos caboverdianos, africanos", destaca Silva.

O caboverdiano já conhecia a maior parte dos músicos das noites no Bairro Alto e, por isso, a integração foi rápida, comenta.

Lançamento do primeiro álbum

Marcelo Araujo é brasileiroFoto: DW

Há quase um ano na Orquestra, Gueladjo Sané também enriquece a banda com experiência musical que herdou do pai guineense. Toca instrumentos tradicionais, entre os quais o djembé e os dunduns. "É um tambor de madeira. O maior tem capacidade para quase 200 litros", explica. "Também tem outros médios e pequenos. São os chamados dunduns na tradição africana".

O músico guineense dá conta que em países como a Guiné-Bissau, Guiné-Conacri, Costa do Marfim, Senegal, Gâmbia, Burkina Faso e Mali, estes instrumentos fazem parte do Ballet Nacional.

No último mês de julho, a Orquestra Todos lançou o seu primeiro álbum “Intendente”, além de ter feito exibições bem sucedidas em festivais como Rock in Rio ou Músicas do Mundo, em Sines.

O sonho de Giacomo Scalisi é aumentar o grupo quando for possível, ainda mais dada a situação económica e financeira em Portugal. "Mas acho que fazia todo o sentido a Orquestra Todos ir a caminho dos países da lusofonia". Ele destaca a importância de mostrar que é possível uma mistura de identidade, com origem nas várias culturas lusófonas.

Danilo Silva, caboverdianoFoto: DW

A banda é uma fusão de diferentes culturas que se fundem a partir da música. "Acho que os músicos adoravam ir tocar nesses países, como Cabo Verde, Moçambique e Angola. Era mesmo fantástico". Deixa a mensagem, certo de que um dia isso será possível.

A Orquestra Todos conta com o apoio da Academia de Produtores Culturais, a Fundação Gulbenkian e a Câmara Municipal de Lisboa.

Autor: João Carlos (Lisboa)
Edição: Bettina Riffel / António Rocha

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