Os desafios do acesso à água em Angola e Cabo Verde
26 de setembro de 2014 Angola possui um enorme potencial em recursos hídricos, mas o défice de acesso à água potável é elevado, reconhece Rui Tito, administrador da Empresa de Águas de Angola (EPAL): "Temos regiões em Angola onde há carência de água, estou a falar particularmente de áreas desérticas, no sul do país e mesmo nas províncias do Cunene e Huíla há áreas onde há carência de água, porque a pluviosidade é bastante baixa e, portanto, é preciso desenvolver grandes projetos para atender a população."
O responsável assume que ainda é grande o desafio para assegurar este precioso líquido a todos.
Segundo Rui Tito "é preciso investir bastante" e prossegue: "Nós EPAL, a nível de Luanda, temos estado a trabalhar nessa direção, os sistemas tem estado a ser construidos e tem de continuar no sentido de garantir que outras pessoas possam ter a possibilidade de acesso a água potável."
Previsões de cobertura até 2017 em Angola
Angola está a implementar diversos programas para garantir água potável às populações. Os investimentos públicos lançados pelo Governo visam reduzir o défice no abastecimento, ainda significante numa boa parte das capitais provinciais, sedes municipais e algumas localidades, onde a população tem vindo a crescer.
Só em Luanda, de acordo com o recente censo populacional, poderá ultrapassar os sete milhões de habitantes, precisa o engenheiro Rui Tito: "Isso significa que temos, praticamente, de triplicar a capacidade de produção atual para podermos garantir satisfatoriamente água potável a população."
Rui Tito revela que "o plano nacional de desenvolvimento prevê que até 2017 as áreas urbanas deverão ter uma cobertura de 100% e nas áreas rurais e periurbanas tentar chegar até aos 80% de cobertura."
O Plano Nacional de Desenvolvimento contempla vários projetos, que apesar de financiados pelo Estado angolano, contam com o apoio internacional.
Carência de água e de meios financeiros
Cabo Verde, que não dispõe de enorme potencial hídrico como Angola, tem recorrido igualmente a financiamento externo para executar programas de melhoria na gestão e abastecimento de água, prevenindo-se contra os ciclos prolongados de seca.
Hércules Vieira, presidente da comissão instaladora da Agência Nacional de Água e Saneamento (ANAS ), revela que "já existe uma estratégia definida, há um plano nacional para o setor da água e saneamento e a ideia é exatamente trabalhar na prevenção, mobilizar todos os recursos possiveis, desde a água subterrânea até a água salinizada e agora águas superficiais com a construção de barragens para a retenção da água das chuvas."
Devido a falta de água no país o problema da sua gestão implica também estratégias sociais, como explica Vieira: "Estamos nesse processo de mobilização da água e ao mesmo tempo sensibilizar a comunidade a fazer uma boa gestão da água. É preciso também governar a água muito bem, e no fundo ter uma outra atitude para com a água em Cabo Verde."
Saneamento é um problema
O presidente da comissão instaladora da Agência Nacional de Água e Saneamento (ANAS ) explica ainda que "tudo o que é gestão, planificação estratégica e a monitorização da qualidade de água, são as atribuições fundamentais da Agência."
No que diz respeito ao acesso à água, afirma que o país está bem servido: "Aproximamos de 93 a 95% da população com acesso a água. Claro que esse acesso, quando a gente começa a ver por municípios, há alguma disparidade, sobretudo a nível da água da rede pública."
Por isso Vieira defende o seguinte: "É preciso melhorar todo o sistema de abastecimento público. Em termos de água estamos bem servidos, já no sanemanto não podemos dizer a mesma coisa."
As estratégias de Angola e de Cabo Verde foram reveladas à DW África à margem do Congresso Mundial da Água que decorreu de 21 a 25 deste mês de setembro na capital portuguesa, Lisboa, onde países como a Alemanha exibiram algumas das suas tecnologias.