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Os eritreus vivem entre opressão e exílio

Yonas Merga / Helena Ferro de Gouveia15 de setembro de 2016

Após anos de silêncio diplomático, uma delegação do Governo de Asmara esteve em Berlim, para relançar a cooperação entre a Eritreia e a Alemanha.

Encontro em Berlim de peritos, políticos e representantes de ONG que trabalham na EritreiaFoto: DW/M. Y. Bula

A Eritreia tem um longo histórico de violações dos direitos humanos que contradiz a esperança nela depositada após a independência, em 1993.

O país continua a não aplicar a Constituição redigida em 1997, e é atualmente um regime de partido único.

Na capital alemã, Berlim, estiveram reunidos na semana passada (07 a 09.) peritos, políticos e representantes de Organizações Não Governamentais (ONG) que trabalham na Eritréia. Para alguns deles a comparação frequentemente feita entre a Eritreia e a Coreia do Norte não é um exagero.

Yemane Gebreab, conselheiro próximo do Presidente eritreu Isaias Afewerki, disse em entrevista à DW que muitos países africanos têm sistemas multipartidários disfuncionais e Constituições que só existem no papel.

"Encaramos de forma muito crítica a evolução do continente africano desde o fim do colonialismo. Se reparar, não se registaram grandes sucessos”.

Ele acrescentou que a Eritreia simplesmente prossegue a sua abordagem particular de governação.
Jovens abandonam Eritreia

Uma das razões principais que levam muitos jovens a abandonar a Eritreia é o recrutamento forçado para o serviço militar ou "nacional", o que pode durar mais de 10 anos. Daí que a Eritreia se encontre entre os 10 principais países do mundo no que toca à migração.

Pelo menps 25 mil cidadãos eritreus solicitaram asilo na Alemanha em 2015 e 200 mil aguardam uma decisão das autoridades do Sudão e da Etiópia, países vizinhos.

No final de 2015, o Governo da Eritreia comprometeu-se a reduzir o seu serviço militar para 18 meses. Um ano mais tarde, muito pouco mudou e os jovens continuam a fugir em massa.Por seu turno, Almaz Zerai, representante da Rede das Mulheres eritreias na diáspora, disse que a realidade no terreno contradiz as declarações feitas pelo Governo de Asmara.

“Já era tempo para sairem do estado de negação”.

Almaz Zerai, da Rede das Mulheres eritreias na diásporaFoto: DW/M. Y. Bula
Yemane Gebreab, conselheiro do Presidente eritreuFoto: DW/M. Y. Bula

O anúncio do Governo de aumentar o salário dos recrutas tem pouco valor para a ativista. “Eles dizem que agora os salários vão aumentar e que o problema será solucionado. Não. O Governo deveria deixar os jovens viverem as suas vidas, serem livres como na verdade querem".

Reduzida ajuda do estrangeiro

Eritrea recebe atualmente pouca ajuda externa. A ajuda oficial ao desenvolvimento sitou-se em 74 milhões de euros em 2014, de acordo com o Comité de Ajuda ao Desenvolvimento da Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (DCD-DAC).

Embora a agricultura assuma a primeira posição na economia do país, Eritreia tem muitos recursos naturais, incluindo ouro, cobre, zinco e potássio.

Para manter a economia à tona de àgua, Eritreia depende das remessas enviadas para casa de cidadãos exilados em várias partes mundo.

No encontro de Berlim foi alegado que o Governo, desesperado por dinheiro, faz vista grossa ao êxodo em massa na expectativa da entrada no país de euros e dólares.As violações dos direitos humanos fazem com que a Alemanha seja relutante em ajudar o país africano

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A recente decisão da UE de conceder um pacote de 200 milhões de ajuda suplementar à Eritreia para conter a onda de refugiados tem sido questionada por muitos. Os críticos argumentam que a atribuição de fundos poderá resultar no fortalecimento da repressão exercida pelo Governo de Eritréia, nomeadamente de tentar silenciar a oposição, aumentando assim a magnitude da crise de migração.

Entre os milhares de migrantes que tentam atravessar o Mediterraneo, figuram muitos eritreusFoto: picture alliance/AP Photo/E. Morenatti
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