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ConflitosRepública Democrática do Congo

Os mercenários que defendem a RDC dos rebeldes do M23

Constantin Leclerc
15 de dezembro de 2024

Militares reformados na Europa protegem a capital do Kivu do Norte - Goma, na República Democrática do Congo, para evitar que caia nas mãos de rebeldes apoiados pelo Ruanda. O trabalho é bem pago.

Vista sobre Goma, na República Democrática do Congo, em abril de 2014
Em 2012, os rebeldes do M23 capturaram Goma, uma cidade com mais de dois milhões de habitantesFoto: Wang Guansen/Xinhua News Agency/picture alliance

Romuald é coronel. Serviu no exército francês durante 36 anos. O para-quedista foi destacado para o Mali, Senegal, Togo, Afeganistão e Kosovo. Agora está a combater no leste da República Democrática do Congo (RDC), onde é responsável por uma missão delicada em Goma, a capital da província de Kivu do Norte, rica em minerais.

"Definimo-nos como camaradas da RDC e estamos a lutar por uma causa legítima, justa e nobre", comenta Romuald à DW.

Romuald dirige uma equipa de 20 membros da empresa búlgara de segurança privada Agemira, responsável por aconselhar o exército congolês sobre a forma de combater a milícia M23 e de pôr ordem nas suas fileiras.

Para além da Agemira, o Governo do Presidente Félix Tshisekedi também contratou a empresa militar romena RALF, que tem cerca de 800 combatentes que formam um cordão de segurança à volta de Goma e da cidade de Sake.

De acordo com o coronel reformado, o salário dos mercenários varia entre 4.700 e 5.600 euros por mês, consoante a sua patente.

Onesphore Sematumba, analista congolês do International Crisis Group em Nairobi, considera que a desigualdade de tratamento entre soldados locais e estrangeiros é "um pouco racista".

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"Os oficiais estrangeiros ficam em hotéis ou moradias e deslocam-se em veículos militares novos, enquanto os soldados congoleses têm de andar a pé. Este tipo de coisas desperta ciúmes", frisa.

Sematumba dá mérito aos mercenários por terem defendido Goma e Sake até agora. Mas ele observou que eles não podem parar o avanço do M23 na província rural.

Romuald nega que ele e os seus "camaradas sejam mercenários e que estejam na RDC pelo dinheiro".

As práticas comerciais de muitas empresas de segurança privada não são transparentes.

A Human Rights Watch acusa a Africa Corps (antigo Grupo Wagner), da Rússia, e a Academi (antiga Blackwater), dos EUA, de crimes violentos.

Ainda não há provas de que a Agemira ou a RALF estejam a cometer crimes ou a fazer negócios com matérias-primas, diz o analista Sematumba, para quem: "o contexto é diferente do da Wagner". 

"Os mercenários no Congo não estão na linha da frente ou nas regiões mineiras. Não têm oportunidade de equiparar os rebeldes a civis e de os matar", concluiu.

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