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Os restos da guerra: Angola luta contra as minas terrestres

ARD
20 de junho de 2023

As minas terrestres afetam a população de Angola como quase nenhuma outra nação do mundo. O país sofre até hoje e ninguém sabe ao certo quantas existem e quantas estão ativas, depois dos 27 anos de guerra civil.

Minenräumung in Angola
Foto: Cecile de Comarmond/AFP/Getty Images

Os 27 anos de guerra civil afetaram Angola de várias formas. Muitas zonas do país continuam a ser consideradas perigosas pelo risco de explosão de minas terrestres.

Algumas organizações internacionais estão envolvidas há anos num trabalho conjunto com os governos provinciais para desminar o território, mas a tarefa não é fácil.

Na aldeia de Kanenguerere, os cuidados com as minas fazem parte da rotina diária. Esta localidade fica na província de Benguela, a cerca de 400 km a sul da capital, Luanda. Aurora António é uma das aldeãs que residem no terreno.

"Fiquei preocupada porque a gente pegava lenha aqui na colina. Mas quando descobrimos que estava cheio de minas, fomos procurar lá distante”, contou.

Manuel Gomes vive na mesma província. E à rádio alemã ARD, admitiu que as minas estão muito presentes no dia a dia dos angolanos.

"Sim, perdi amigos e familiares por causa das minas terrestres. Alguns morreram, outros felizmente sobreviveram, embora tenham ficado incapacitados e amputados. As suas vidas mudaram significativamente porque agora são considerados deficientes. Não é fácil, porque dependem de outras pessoas. Alguns perderam os seus empregos, outros têm problemas de saúde mental”, revelou.

Ninguém sabe ao certo quantas existem e quantas estão ativas.Foto: Guerra Menongue/DW

"Um problema significativo"

As minas terrestres afetam a população de Angola como quase nenhuma outra nação do mundo. E ninguém sabe ao certo quantas existem e quantas estão ativas. Nelson Veríssimo dirige a organização não governamental MAG, que desde 1994 trabalha no sentido de livrar os campos e cidades das minas.

"Com base na nossa experiência e em todo o trabalho que já foi feito, acreditamos que Angola ainda tem um problema significativo. Pelo que removemos e destruímos, é provável que ainda continue a ser um grande problema por muito tempo."

Após longos anos de guerra civil, a paz só reinou em Angola a partir de 2002.

José António é o diretor regional da organização sem fins lucrativos HALO Trust, que também se dedica à desminagem neste país da África austral.

"A situação das minas na República de Angola ainda nos preocupa muito. Temos províncias com alto nível de contaminação mineira. Não apenas minas terrestres, mas outras bombas deixadas para trás como restos da guerra. Porque quando falamos das minas em Angola, temos de perceber que ainda existem munições abandonadas e outras bombas que ficaram nas zonas de combate.”

As explosões ainda fazem parte da realidade presente.Foto: GICHD

Desminagem

A desminagem é um problema central para o governo de Angola. Em 2019, o país lançou um programa de quase 55 milhões de euros para tornar o país livre de minas. Isabel Massela é diretora da Agência Nacional de Ação contra as Minas (ANAM), que coordena os fundos recebidos.

"Em termos de desminagem, posso garantir que Angola fez progressos significativos em comparação com quatro anos atrás, quando tínhamos cerca de 221 milhões de metros quadrados de terrenos minados. Hoje são apenas cerca de 67 milhões de metros quadrados.”

No entanto, as explosões ainda fazem parte da realidade presente e são uma ameaça constante, sobretudo nas áreas menos desenvolvidas e fora dos centros urbanos.

As populações sonham com um país livre de minas, para que a tranquilidade e a liberdade reinem de novo em Angola.

A sua opinião: Como avalia os 20 anos de paz em Angola?

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