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Ossufo Momade: Não haverá paz com partidarização do Estado

17 de novembro de 2020

Numa mesa redonda sobre a estabilidade política, em Maputo, o líder da RENAMO avisou que Moçambique não terá paz e reconciliação efetivas se a FRELIMO continuar a querer ser "dona" do Estado.

Mosambik Maputo Ossufo Momade
Foto: Romeu Silva/DW

O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Momade, considerou esta terça-feira (17.11) que a consolidação da paz e reconciliação nacional em Moçambique depende dos dirigentes da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que devem assumir que o país é de todos os moçambicanos.

Para o líder do maior partido da oposição moçambicana, o país nunca vai ter uma reconciliação nacional enquanto a polícia e o aparelho do Estado continuarem a cumprir ordens do partido no poder, a FRELIMO. Ossufo Momade sublinhou que os dirigentes moçambicanos não estão preparados para uma convivência democrática, pois, afirma, os que pensam diferente são assassinados, manchando assim a paz e a reconciliação.

"Não existe reconciliação quando há perseguição e intolerância em relação ao pensar diferente. Não existe reconciliação quando no aparelho do Estado, nas empresas públicas, só é dirigente quem pertence ao partido governamental", disse o líder da RENAMO, numa mesa redonda, em Maputo, dedicada à visão do partido sobre a Paz e Reconciliação Nacional: Como garantir estabilidade política em Moçambique, sob a égide do Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD).

"Eleições fraudulentas"

O dirigente político acusou que as eleições em Moçambique foram sempre manipuladas com o apadrinhamento das instituições de administração eleitoral, da justiça e da polícia.

"As nossas eleições foram sempre fraudulentas e violentas, apesar do calar das armas, quando é suposto que o momento de escolha dos dirigentes da nação seja uma ocasião de festa e harmonia que define o compromisso pelo respeito da vontade popular", afirmou.

Na mesma ocasião, o jornalista Salomão Moyane, chamado a comentar a partidarização do Estado e a distribuição da riqueza, não tem dúvidas: "Estas são as questões que o presidente da RENAMO levanta como impedimento ao usufruto normal da democracia no país, ou seja, ao usufruto normal do conteúdo da Constituição da República que completa 30 anos, mas está muito longe de ser usufruída como devia ser".

Ministra da Justiça de Moçambique Helena KidaFoto: Romeu Silva/DW

Junta Militar como factor de instabilidade

A pastora e membro do Conselho Cristão de Moçambique Felicidade Chirindza notou que a paz e a reconciliação nacional não podem existir enquanto houver divisões, referindo-se ao surgimento da autoproclamada Junta Militar da RENAMO, que atua no centro do país.

"Mas estamos a notar que as divisões estão a aumentar. Enquanto conhecemos aqueles que perturbam a ordem para que não haja uma reconciliação efetiva parece que as divisões dentro de nós estão a aumentar quando surge esse movimento que está no centro do pais a tirar vidas a pessoas inocentes e não estamos a encontrar espaço para dialogar".

Enquanto isso, a ministra da Justiça, Helena Kida, refere que as reformas do Estado e da Constituição da República devem resultar das transformações de uma sociedade democrática sem medo e vivendo em harmonia e sem pressão de qualquer espécie.

"Somos hoje convidados a refletir sobre os ganhos da paz alicerçados no diálogo político e sobre as condições existentes para a reconciliação nacional para a qual apelamos a atenção e a participação ativa de todos", disse a ministra da Justiça.

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