O presidente da Resistência Nacional Mocambicana (RENAMO), Ossufo Momade, alertou esta quinta-feira (31.08), em Pemba, capital de Cabo Delgado, para a necessidade de uma polícia profissional, apartidária e republicana durante o periodo eleitoral. O lider do maior partido da oposição em Moçambique não quer autoridades policiais a serem usadas para fins partidários.

Durante uma reunião com os militantes da Resistência Nacional Mocambicana, Momade afirmou que seu partido não quer voltar à guerra, apesar de haver partidos que o empurram para essa situação.

Discursando durante a apresentação dos cabeças de lista da RENAMO para as sete autarquias de Cabo Delgado, Momade exortou para que a Polícia da República de Moçambique nao seja usada para fins de aproveitamento político para favorecer uns em detrimento de outros partidos políticos concorrentes às sextas eleicoes autárquicas.

"Temos sempre apelado que queremos eleições livres, justas e transparentes. Deve governar aquele que foi eleito. Não queremos manobras dilatórias da FRELIMO", avisou.

"Não queremos a política de usar a Polícia da República de Moçambique. Não pode a polícia ser usada para alterar os resultados do dia 11 de outubro. Se o Presidente da República e seu partido querem a paz, têm que cumprir com aquilo que combinámos na mesa das negociações", frisou o líder da RENAMO.

"Já fizemos a guerra no passado"

Ossufo Mamade sublinhou que a sua formação política não pretende voltar a pegar em armas depois de consensos e acordos firmados com o Governo. 

"Já fizemos a guerra no passado e no dia 6 de agosto 2019 assinamos o Acordo de Maputo. Não queremos voltar para a guerra embora os outros queiram empurrar-nos para a guerra", disse.

"Nós queremos que a polícia tenha consciência, ela deve ser polícia republicana, apartidária e profissional, uma polícia de toda a população moçambicana", afirmou o presidente do maior partido da oposição moçambicana.

Ossufo conhece os riscos

Comentando o discurso do Presidente da RENAMO, o analista Abudo Gafuro afirma que se trata de um apelo de alguém que conhece os riscos.

"Ele diz isso como um conhecedor dos possíveis problemas, mas também está a trazer um apelo de antecedência, uma chamada de atenção para o bom funcionamento da Polícia da República de Moçambique", considera.

Gafuro lembra que a história da democracia multipartidária sempre ficou marcada pelo uso da violência e o apelo do líder da oposição passa ainda por "não haver um fechamento do espaço para certos partidos políticos da oposição que estarão a fazer a sua pré-campanha ou campanha para as eleições municipais".