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Ouattara toma posse na Costa do Marfim

6 de maio de 2011

No mesmo dia em que presidente eleito Alassane Ouattara presta juramento, é adiado o interrogatório do ex-presidente Gbagbo. Ambiente continua crispado, mas há iniciativas de reconciliação no país

Alassane Ouattara, oficialmente proclamado presidente da Costa do Marfim
Alassane Ouattara, oficialmente proclamado presidente da Costa do MarfimFoto: AP

O presidente eleito da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, prestou juramento diante do Conselho constitucional para assumir a presidência do país esta sexta-feira (6/5), após cinco meses de tensões no país ocidental africano, originadas pela contestação dos resultados da votação presidencial de 28 de novembro de 2010.

Segundo as autoridades, 3 mil pessoas morreram durante as violências pós-eleitorais desde então e até a prisão do ex-presidente Laurent Gbagbo, em 11/4. Gbagbo não aceitou a vitória do adversário, que foi reconhecida por grande parte da comunidade internacional.

Edifícios destruídos em Yopougon, em AbidjanFoto: picture alliance/dpa

O antigo presidente marfinense, de 65 anos, também teve audiência marcada para esta sexta-feira, quando deveria ser ouvido pelo Procurador da República em Korhogo, no norte da Costa do Marfim. É ali que Gbagbo está em prisão domiciliar desde a prisão em Abidjan, a capital econômica do país. Porém, o interrogatório foi adiado.

O interrogatório judicial de Laurent Gbagbo faz parte de uma investigação preliminar sobre a crise pós-eleitoral. A lista de acusações contra Gbagbo é longa e inclui incitações à violência e tumultos.

Esforços pela reconciliação em cidades palcos de violências

Fengolo, uma pequena aldeia no oeste da Costa do Marfim, fica a poucos quilômetros da cidade de Duékoué – onde, há poucas semanas, centenas de pessoas morreram em confrontos. Também Fengolo já foi palco de combates entre os adeptos de Gbagbo e Ouattara. Mas agora a aldeia esforça-se por uma reconciliação, como mostra a cerimônia de paz na cidade e a presença de Sidiki Konaté.“Alassane Ouattara é o presidente de todos os marfinenses. Os braços dele estão abertos também para quem não votou nele. Democracia é respeitar a diferença”, diz o ex-ministro, voltado especialmente para todos os que elegeram Gbagbo no escrutínio há mais de cinco meses.

Mas o problema de aceitação e reconciliação é bastante mais complexo do que a divisão em dois campos políticos. Em Duékoué confrontam-se vários grupos étnicos. De um lado estão os habitantes tradicionais da região, os Guéré. Do outro lado estão pessoas oriundas de outras partes da nação ou de países vizinhos.

Durante muito tempo a Costa do Marfim foi um país de imigração, graças a uma economia em forte crescimento. Uma parte da população não aprecia os imigrados, que considera concorrentes na corrida a terra e riquezas. Cyprien Ahouré, o padre da missão católica de Duékoué, avalia que “alguns dos nossos problemas começaram há pelo menos vinte anos: zangas em torno da distribuição de terras, manipulação política, diferenças étnicas. Não há uma verdadeira coesão social em Duékoué”, afirma.

Eleições teriam agravado fissuras étnicas

Mas a situação agravou-se depois das eleições. Os Guéré votaram em Gbagbo, mas a maioria dos novos habitantes são adeptos de Ouattara – um homem do norte. Durante muito tempo Ouattara foi considerado estrangeiro pelas autoridades e impedido de se candidatar à presidência. Depois das suas tropas terem avançado sobre a região e a cidade de Duekoué em finais de março, as organizações de assistência encontraram centenas de mortos.

Está por ser determinado o que aconteceu. Mas houve vítimas de ambos os lados, milhares de pessoas fugiram, e muitos têm medo de regressar. Para pôr cobro ao medo, Ouattara nomeou uma comissão para o diálogo, a verdade e a reconciliação. E os habitantes de Fengolo fizeram o mesmo. A sua comissão integra todas as etnias, e o representante da população que imigrou para a região, Issa Ouattara, diz que querem a paz. “Seja malinque, burquinabê, senugo ou baulé, ninguém tem nada que acusar os Guéré. Apelo para que regressem à nossa aldeia. Todos serão recebidos de braços abertos”, exortou o porta-voz.

Autoras: Cristina Krippahl / Renate Krieger

Revisão: António Rocha

Apoiantes de Ouattara queimando lixo em protesto em Abidjan (dez./2010)Foto: picture alliance/dpa
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