Pós-ciclones: Auditoria a apoios até final de julho
Lusa
12 de junho de 2020
A apresentação dos resultados da auditoria estava planeada para este mês, mas a sua "complexidade" levou ao adiamento, anunciou o diretor do Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclone Idai.
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O Governo moçambicano vai apresentar até ao final de julho a auditoria aos apoios para enfrentar os ciclones Idai e Kenneth, em 2019, disse esta sexta-feira (12.06) à agência Lusa fonte estatal.
Francisco Pereira, diretor do Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclone Idai, afirmou que a "complexidade" da realização da auditoria ditou que os resultados ainda não tenham sido publicados.
Ciclone Kenneth: Estragos no norte de Moçambique
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No último mês, o ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, João Machatine, prometeu no parlamento que a divulgação dos resultados da auditoria deveria acontecer entre maio e junho.
"Os resultados da auditoria serão divulgados agora no mês de maio e em junho", afirmou o governante, na Assembleia da República, numa sessão de respostas do Governo a questões colocadas pelos deputados.
Nova auditoria planeada
Uma segunda auditoria às contas do apoio internacional e nacional vai decorrer entre julho e dezembro, acrescentou o governante.
"Como podem calcular, é também do interesse do Governo que haja mais transparência naquilo que é a utilização destes recursos", frisou Machatine.
Ciclone Idai: Após um ano, infraestruturas estão destruídas
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Falando à Lusa, o diretor do Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclone Idai avançou que a necessidade de conciliação e apresentação de suportes documentais de despesas realizadas com os recursos resultantes do apoio às vítimas dos ciclones torna a auditoria mais exigente.
Francisco Pereira adiantou que o trabalho está a cargo de uma firma de auditoria internacional.
Nas respostas aos deputados, em maio, o ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos disse que apenas foram assinados acordos de desembolso no valor de 706, 5 milhões de dólares (651,4 milhões de euros), dos 1,4 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros) que foram prometidos numa conferência de doadores para a reconstrução das infraestruturas destruídas pelos ciclones, consoante os projetos que fossem apresentados.
O Idai atingiu o cento de Moçambique em março do último ano, provocou 603 mortos e a cidade da Beira, uma das principais do país, foi severamente afetada. O ciclone Kenneth causou destruição em Cabo Delgado e Nampula no mês de abril de 2019 e fez 45 mortos.
Ciclones em Moçambique: Agora, a reconstrução
A cidade da Beira recebe durante dois dias a conferência internacional de doadores, após os ciclones Idai e Kenneth. Os ciclones afetaram mais de 1,5 milhões de pessoas. Este é um retrato de um país abalado.
Foto: Lena Mucha
Ajuda chega à Beira
Helena Santiago, de 53 anos, trabalha nos escombros da sua casa no bairro dos CFM - Maquinino, na Beira, onde vive com o marido e oito filhos. A sua casa não resistiu ao ciclone Idai. A conferência internacional de doadores que começa esta sexta-feira (31.05) na Beira poderá ser uma esperança para muitos afetados como Helena Santiago, pois uma das metas é a reconstrução.
Foto: Lena Mucha
Beatriz
Beatriz é fotografada com três dos sete filhos em frente ao seu campo de milho devastado. A sua aldeia natal, Grudja, esteve dias a fio debaixo de água. Beatriz e os filhos conseguiram salvar-se das enchentes que surpreenderam os moradores na manhã de 15 de março. Durante três dias, as pessoas ficaram à espera de ajuda no telhado da escola ou em cima das árvores, ou até que a água baixasse.
Foto: Lena Mucha
Centro de saúde destruído
Pacientes e crianças estão à espera de serem atendidos por uma equipa de emergência em frente ao centro de saúde de Grudja. O centro foi completamente destruído pelas inundações. Medicamentos e materiais de tratamento ficaram inutilizáveis devido à água.
Foto: Lena Mucha
Salvação
No telhado da escola primária Nhabziconja 4 de Outubro, muitas das pessoas salvaram-se das inundações. Algumas semanas depois do desastre, esta escola conseguiu retomar as aulas. Muitas outras escolas, no entanto, continuam fechadas.
Foto: Lena Mucha
Regina
Regina trabalha com a sogra, Laina, na sua propriedade. Antes da passagem do ciclone, Regina morava com o marido e os cinco filhos numa aldeia próxima de Grudja. As inundações destruíram a sua casa e as plantações. Ela e o marido refugiaram-se em cima de uma árvore e sobreviveram. Alguns dos seus filhos morreram nas inundações, outros ainda estão desaparecidos.
Foto: Lena Mucha
No Revuè
O rio Revuè, na localidade de Grudja, transbordou devido às fortes chuvas após o ciclone, inundando grande parte das terras circundantes. Nesta foto, tirada depois do nível da água ter voltado ao normal, estas mulheres lavam a roupa nas margens do rio.
Foto: Lena Mucha
Campos arruinados
Nesta imagem, as jovens Elisabete Moisés e Victória Jaime e Amélia Daute, de 38 anos, estão num campo de milho arruinado. Como muitos outros, tiveram que esperar vários dias nos telhados de Grudja depois das fortes chuvas, em meados de março. 14 dos seus vizinhos, incluindo 9 crianças, afogaram-se durante as inundações.
Foto: Lena Mucha
Escola primária tornou-se hospital
Mulheres e crianças estão à espera de tratamento médico, dado por uma equipa de emergência numa escola primária no distrito de Búzi, a oeste da cidade costeira da Beira. O ciclone Idai atingiu a costa moçambicana nesta cidade de cerca de 500 mil habitantes no dia 15 de março.
Foto: Lena Mucha
Fila para sementes
Em muitas partes do país, as plantações ficaram destruídas pelas enchentes. Durante um ano, pelo menos 750 mil pessoas deverão ficar dependentes de alimentos, segundo estimativas do Programa Alimentar Mundial. Em Cafumpe, no distrito de Gondola, 50 famílias receberam sementes de milho, feijão e repolho da organização de assistência alemã Johanniter e da ONG local Kubatsirana.
Foto: Lena Mucha
Reconstrução
Em Ponta Gea, na Beira, regressa-se à vida quotidiana. Muitas infraestruturas foram destruídas pelo ciclone. Nesta foto, cabos de energia destruídos e linhas telefónicas estão a ser reparados. Mas, a poucos quilómetros daqui, aldeias inteiras precisarão de ser reconstruídas. Em muitos sítios, ainda falta água e alimentos.