Pós-Idai: Moçambique precisa de 3,2 mil milhões de dólares
Lusa
24 de outubro de 2019
Dinheiro angariado até agora para a reconstrução depois dos ciclones Idai e Kenneth está aquém do necessário, afirma representante do Governo moçambicano.
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Moçambique precisa de 3,2 mil milhões de dólares para recuperar dos ciclones Idai e Kenneth, anunciou esta quinta-feira (24.10) uma representante governamental.
"Pensávamos que íamos conseguir angariar mais dinheiro quando lançámos o nosso apelo", disse Nádia Adrião, a representante do Governo de Moçambique numa conferência sobre ciclones, que decorreu em Harare, a capital do Zimbabué.
"Não conseguimos o valor que queríamos"
De acordo com um comunicado da Comissão Económica das Nações Unidas para África (ECA, na sigla em inglês), os três países afetados precisam de 4 mil milhões de dólares [3,6 mil milhões de euros] para fazer face aos impactos dos ciclones Idai e Kenneth, que mataram centenas de pessoas e deixaram 1,8 milhões de desalojados sem acesso às necessidades básicas.
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Dos 4 mil milhões de dólares necessários, Moçambique precisa de 3,2 mil milhões, cerca de 2,7 mil milhões de euros, enquanto o Maláui requer 370 milhões de dólares (332 milhões de euros) e o Zimbabué entre 600 e 700 milhões de dólares (629 milhões de euros), segundo a ONU.
"Não conseguimos o valor que queríamos, mas ainda assim estamos a fazer progressos com o que está disponível até agora, embora ainda haja muito por fazer", disse a representante do executivo moçambicano.
O ciclone Idai, que atingiu o centro de Moçambique em março, provocou 604 mortos e afetou cerca de 1,5 milhões de pessoas, enquanto o ciclone Kenneth, que se abateu sobre o norte do país em abril, matou 45 pessoas e afetou 250 mil.
A conferência desta quinta-feira no Zimbabué reuniu "um número recorde de 140 pessoas", estando a ser debatidos os principais mecanismos de combate às alterações climáticas e as estratégias de reconstrução de infraestruturas nestes três países, sob o lema "Building Back Better" (Reconstruindo Melhor).
Ciclones em Moçambique: Agora, a reconstrução
A cidade da Beira recebe durante dois dias a conferência internacional de doadores, após os ciclones Idai e Kenneth. Os ciclones afetaram mais de 1,5 milhões de pessoas. Este é um retrato de um país abalado.
Foto: Lena Mucha
Ajuda chega à Beira
Helena Santiago, de 53 anos, trabalha nos escombros da sua casa no bairro dos CFM - Maquinino, na Beira, onde vive com o marido e oito filhos. A sua casa não resistiu ao ciclone Idai. A conferência internacional de doadores que começa esta sexta-feira (31.05) na Beira poderá ser uma esperança para muitos afetados como Helena Santiago, pois uma das metas é a reconstrução.
Foto: Lena Mucha
Beatriz
Beatriz é fotografada com três dos sete filhos em frente ao seu campo de milho devastado. A sua aldeia natal, Grudja, esteve dias a fio debaixo de água. Beatriz e os filhos conseguiram salvar-se das enchentes que surpreenderam os moradores na manhã de 15 de março. Durante três dias, as pessoas ficaram à espera de ajuda no telhado da escola ou em cima das árvores, ou até que a água baixasse.
Foto: Lena Mucha
Centro de saúde destruído
Pacientes e crianças estão à espera de serem atendidos por uma equipa de emergência em frente ao centro de saúde de Grudja. O centro foi completamente destruído pelas inundações. Medicamentos e materiais de tratamento ficaram inutilizáveis devido à água.
Foto: Lena Mucha
Salvação
No telhado da escola primária Nhabziconja 4 de Outubro, muitas das pessoas salvaram-se das inundações. Algumas semanas depois do desastre, esta escola conseguiu retomar as aulas. Muitas outras escolas, no entanto, continuam fechadas.
Foto: Lena Mucha
Regina
Regina trabalha com a sogra, Laina, na sua propriedade. Antes da passagem do ciclone, Regina morava com o marido e os cinco filhos numa aldeia próxima de Grudja. As inundações destruíram a sua casa e as plantações. Ela e o marido refugiaram-se em cima de uma árvore e sobreviveram. Alguns dos seus filhos morreram nas inundações, outros ainda estão desaparecidos.
Foto: Lena Mucha
No Revuè
O rio Revuè, na localidade de Grudja, transbordou devido às fortes chuvas após o ciclone, inundando grande parte das terras circundantes. Nesta foto, tirada depois do nível da água ter voltado ao normal, estas mulheres lavam a roupa nas margens do rio.
Foto: Lena Mucha
Campos arruinados
Nesta imagem, as jovens Elisabete Moisés e Victória Jaime e Amélia Daute, de 38 anos, estão num campo de milho arruinado. Como muitos outros, tiveram que esperar vários dias nos telhados de Grudja depois das fortes chuvas, em meados de março. 14 dos seus vizinhos, incluindo 9 crianças, afogaram-se durante as inundações.
Foto: Lena Mucha
Escola primária tornou-se hospital
Mulheres e crianças estão à espera de tratamento médico, dado por uma equipa de emergência numa escola primária no distrito de Búzi, a oeste da cidade costeira da Beira. O ciclone Idai atingiu a costa moçambicana nesta cidade de cerca de 500 mil habitantes no dia 15 de março.
Foto: Lena Mucha
Fila para sementes
Em muitas partes do país, as plantações ficaram destruídas pelas enchentes. Durante um ano, pelo menos 750 mil pessoas deverão ficar dependentes de alimentos, segundo estimativas do Programa Alimentar Mundial. Em Cafumpe, no distrito de Gondola, 50 famílias receberam sementes de milho, feijão e repolho da organização de assistência alemã Johanniter e da ONG local Kubatsirana.
Foto: Lena Mucha
Reconstrução
Em Ponta Gea, na Beira, regressa-se à vida quotidiana. Muitas infraestruturas foram destruídas pelo ciclone. Nesta foto, cabos de energia destruídos e linhas telefónicas estão a ser reparados. Mas, a poucos quilómetros daqui, aldeias inteiras precisarão de ser reconstruídas. Em muitos sítios, ainda falta água e alimentos.