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Eleições: "Moçambique não permitirá" interferências externas

Lusa
21 de novembro de 2024

Filipe Nyusi apelou, esta quarta-feira, aos "parceiros de cooperação internacionais" para "não incentivarem o ódio e a intolerância entre os moçambicanos". Reunião com candidatos presidenciais deverá acontecer em breve.

Portugal | Mosambiks Staatspräsident Filipe Nyusi in Lissabon
Foto: FILIPE AMORIM/AFP/Getty Images

O Presidente de Moçambique afirma que não permitirá interferências externas no processo pós-eleitoral no país, marcado por contestações aos resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro e manifestações que degeneraram em violência.

"Deixamos claro que Moçambique não irá permitir que pessoas de fora controlem as nossas decisões", disse Filipe Nyusi, ao fazer o balanço, aos jornalistas, da cimeira extraordinária de chefes de Estado e do Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que decorreu na quarta-feira em Harare, capital do Zimbabué, país que detém a presidência rotativa daquela organização sub-regional.

"O futuro de Moçambique será moldado pelos próprios moçambicanos, por isso nós pedimos aos nossos amigos e parceiros de cooperação internacionais, aqueles que são genuinamente amigos (...), a serenar este ambiente", acrescentou o chefe de Estado, sobre a sua intervenção nesta cimeira.

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"Respeitando as nossas instituições e não incentivar o ódio e a intolerância entre os moçambicanos", sublinhou, numa alusão ao facto de o Conselho Constitucional (CC) ainda não ter proclamado os resultados finais da votação, que incluiu eleições presidenciais, legislativas e provinciais.

Diálogo de pacificação

Nas mesmas declarações, Filipe Nyusi reforçou o convite a uma reunião com os quatro candidatos presidenciais às eleições gerais de 09 de outubro, para pacificação pós-eleitoral, que estimou poder acontecer dentro de uma semana.

"Se não aparecerem [os candidatos] é porque não querem fazer parte da solução", afirmou o chefe de Estado.

O Presidente moçambicano convidou na terça-feira os quatro candidatos presidenciais para uma reunião, incluindo Venâncio Mondlane, e disse que as manifestações violentas pós-eleitorais instalam o "caos" e que "espalhar o medo pelas ruas" fragiliza o país.

Filipe Nyusi convidou para uma reunião os quatro candidatos presidenciais às eleições gerais de 09 de outubro, incluindo Venâncio MondlaneFoto: Nádia Issufo/DW

"Prometo que, até ao último dia do meu mandato, irei usar toda a minha energia para pacificar Moçambique, irei usar. Mas para que eu tenha sucesso nesta missão, precisamos de todos nós e de cada um de vocês (...). Moçambicanos têm de estar juntos para resolvermos os problemas", disse Nyusi, numa mensagem à nação, de cerca de 45 minutos, sobre a "situação do país no período pós-eleitoral".

Apelando à "libertação do egoísmo" neste processo pós-eleitoral, o chefe de Estado, cujo último mandato termina em janeiro, garantiu que o Governo está "aberto" para, "juntos", encontrar "uma solução" para o atual momento, marcado por paralisações e manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais de 09 de outubro, anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados pelo CC.

"Precisamos inclusivamente dos diferentes candidatos a Presidente da República. Precisamos do envolvimento do Lutero Simango, do Daniel Chapo, do Venâncio Mondlane e do Ossufo Momade. Precisamos do envolvimento dos seus colaboradores e apoiantes. Quero aproveitar esta ocasião para convidar a todos eles, esses quatro que eu falei, os candidatos, para aceitar o meu apelo para reunirmos com os quatro, para, em conjunto, avaliarmos esta situação e encontrarmos uma solução que beneficie os moçambicanos", disse.

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Nestes protestos, Venâncio Mondlane contesta a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela CNE.

Sobre estas manifestações, Nyusi afirmou que não obedeceram aos preceitos legais, como a "falta" de informação sobre as "rotas" por quem as pediu, admitindo que a forma de convocação estava concebida para "criar ódio e desejo de vingança" entre moçambicanos, justificando assim a intervenção policial.