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Pós-eleições: "Sem importações, a vida vai ser difícil"

António Cascais
18 de novembro de 2024

Presidente da Associação dos Mukheristas de Moçambique lembra que o comércio "não se compatibiliza" com ondas de protestos e teme regresso aos tempos da guerra. Em entrevista à DW África, Sudekar Novela apela ao diálogo.

Protesto em Maputo depois das eleições gerais de outubro
Foto: Siphiwe Sibeko/REUTERS

Fronteiras fechadas ou com longas filas de espera; aumentos consideráveis dos preços de produtos importados de primeira necessidade; mercadorias estragadas; mercados vazios...

"O caos instalou-se nos mercados de Moçambique, devido à onda de protestos que abala o país desde as últimas eleições", afirma o presidente da Associação dos Mukheristas (importadores de produtos para revenda em Moçambique), em entrevista à DW África.

Sudekar Novela adianta que a situação é insustentável e pode colocar em perigo o fornecimento de bens de primeira necessidade aos moçambicanos.

DW África: Como descreveria a situação dos seus associados mukheristas?

Sudekar Novela (SN): Estamos a assistir a ondas de protestos, manifestações a nível nacional, e o comércio não se compatibiliza com este tipo de situação, independentemente das causas das manifestações. O comércio para. É o que está a acontecer neste preciso momento, todos os mercados - formais e informais - ficam paralisados devido às manifestações.

DW África: Como está a situação dos mukheristas nas principais fronteiras, por exemplo, entre Moçambique e a África do Sul?

SN: Do lado moçambicano havia uma bicha com mais de 10 km de camiões, na sua maioria vindos da África do Sul. São camiões que vão descarregar no porto de Maputo. Então, tiveram de ficar à espera criando essas longas bichas, incluindo os nossos camiões com produtos alimentares perecíveis. Com a permanência na fronteira durante cinco dias, alguns produtos acabaram ficando deteriorados.

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DW África: De que prejuízos estamos a falar para os mukheristas?

SN: Estamos a falar de mais de 8.000 sacos de batatas, tomate, frutas e outros vegetais.

DW África: Que consequências terá esta situação para os consumidores?

SN: Sempre que a procura é maior, o preço aumenta. Enquanto não entrarem mais produtos, a vida vai ser difícil no país.

DW África: Na sua opinião, os protestos são legítimos? Como é que poderemos sair desta situação?

SN: Bom, já que não se observou a verdade dos factos na altura própria, é preciso criar um espaço de diálogo, discutir e procurar encontrar um consenso [para ultrapassar] este clima que o país atravessa.

DW África: E se não se encontrar uma solução a curto ou médio prazo, poderá colocar-se em perigo o fornecimento de bens de primeira necessidade aos moçambicanos, sobretudo aos mais pobres?

SN: Estaremos a regredir para o período da guerra dos dezasseis anos que o país passou. Eu não gostaria de ver esse período se instalar novamente no nosso país. Penso que temos experiência suficiente e sabemos que só dialogando é que os homens se entendem. Neste preciso momento, é preciso que se dialogue para se entenderem e pôr fim a esta onda de tensão no país.

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