Pós-Idai: Programa de cupões dá apoio financeiro à população
Arcénio Sebastião
27 de agosto de 2019
Programa lançado pelo Programa Mundial de Alimentos e a UNICEF oferece ajuda financeira mensal aos sobreviventes do ciclone. Valor pode ser utilizado para a compra de alimentos e produtos de higiene.
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Em Moçambique, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançaram um programa de cupões para ajudar milhares de famílias afetadas pelo ciclone Idai, na província de Sofala, centro de Moçambique.
Cada cupão vale 2.670 meticais (cerca de 40 euros). É o dinheiro que as famílias abrangidas pelo programa recebem por mês para comprar bens essenciais, como arroz, óleo, peixe, frango e produtos de higiene.
Pós-Idai: Programa de cupões dá apoio financeiro à população
"É um programa que vai apoiar mais de 20.000 famílias, que vão receber uma senha. Com as senhas, eles podem ir às lojas comprar estas matérias, que podem ser de alimentação, podem ser materiais higiénicos, podem ser roupas, mantas, ou seja, o que eles precisam para as famílias e para as crianças nas casas", afirmou Eimar Barr, representante da UNICEF.
A iniciativa do PMA e da UNICEF é realizada em parceria com a organização Food for the Hungry. Os cupões são aceites em sete lojas nos distritos de Dondo e Nhamatanda, duas das zonas mais atingidas pela passagem do ciclone Idai na província de Sofala, em março passado.
Luta para reeguer-se
Mais de 600 pessoas morreram devido ao ciclone e 1 milhão e meio de pessoas foram afetadas. Muitas continuam a precisar de ajuda. Segundo o administrador de Dondo, José Paulo, o programa de cupões é uma ajuda muito bem-vinda numa altura em que a população luta para se reerguer. "É um passo. Já estamos numa fase de recuperação. A maior parte das famílias já está a reerguer-se", diz o administrador.
Com os cupões, cada família pode decidir que produtos mais precisa naquele momento e ir à loja comprar. Segundo Peter Rodrigues, coordenador de Resposta de Emergência do PMA na Beira, ter este grau de escolha é importante para a população.
"Através desta parceria com a UNICEF, alargamos as coisas que as pessoas podem comprar, o que a família pode comprar com os retalhistas. Antigamente, eles conseguiam comprar só alimentos, agora, nesta parceria, eles podem comprar coisas de higiene e outros [produtos necessários]", explicou.
O programa de cupões começou em agosto e prolonga-se até outubro. O PMA e a UNICEF vão monitorar as compras das famílias para, com esses dados, melhorarem a resposta a possíveis emergências futuras.
Em junho, Moçambique recebeu promessas de doações de 1,2 mil milhões de dólares para ajudar a reconstruir as zonas afetadas pelos ciclones Idai e Kenneth. Trata-se de apenas um terço do valor total necessário, segundo o Governo moçambicano.
Ciclones em Moçambique: Agora, a reconstrução
A cidade da Beira recebe durante dois dias a conferência internacional de doadores, após os ciclones Idai e Kenneth. Os ciclones afetaram mais de 1,5 milhões de pessoas. Este é um retrato de um país abalado.
Foto: Lena Mucha
Ajuda chega à Beira
Helena Santiago, de 53 anos, trabalha nos escombros da sua casa no bairro dos CFM - Maquinino, na Beira, onde vive com o marido e oito filhos. A sua casa não resistiu ao ciclone Idai. A conferência internacional de doadores que começa esta sexta-feira (31.05) na Beira poderá ser uma esperança para muitos afetados como Helena Santiago, pois uma das metas é a reconstrução.
Foto: Lena Mucha
Beatriz
Beatriz é fotografada com três dos sete filhos em frente ao seu campo de milho devastado. A sua aldeia natal, Grudja, esteve dias a fio debaixo de água. Beatriz e os filhos conseguiram salvar-se das enchentes que surpreenderam os moradores na manhã de 15 de março. Durante três dias, as pessoas ficaram à espera de ajuda no telhado da escola ou em cima das árvores, ou até que a água baixasse.
Foto: Lena Mucha
Centro de saúde destruído
Pacientes e crianças estão à espera de serem atendidos por uma equipa de emergência em frente ao centro de saúde de Grudja. O centro foi completamente destruído pelas inundações. Medicamentos e materiais de tratamento ficaram inutilizáveis devido à água.
Foto: Lena Mucha
Salvação
No telhado da escola primária Nhabziconja 4 de Outubro, muitas das pessoas salvaram-se das inundações. Algumas semanas depois do desastre, esta escola conseguiu retomar as aulas. Muitas outras escolas, no entanto, continuam fechadas.
Foto: Lena Mucha
Regina
Regina trabalha com a sogra, Laina, na sua propriedade. Antes da passagem do ciclone, Regina morava com o marido e os cinco filhos numa aldeia próxima de Grudja. As inundações destruíram a sua casa e as plantações. Ela e o marido refugiaram-se em cima de uma árvore e sobreviveram. Alguns dos seus filhos morreram nas inundações, outros ainda estão desaparecidos.
Foto: Lena Mucha
No Revuè
O rio Revuè, na localidade de Grudja, transbordou devido às fortes chuvas após o ciclone, inundando grande parte das terras circundantes. Nesta foto, tirada depois do nível da água ter voltado ao normal, estas mulheres lavam a roupa nas margens do rio.
Foto: Lena Mucha
Campos arruinados
Nesta imagem, as jovens Elisabete Moisés e Victória Jaime e Amélia Daute, de 38 anos, estão num campo de milho arruinado. Como muitos outros, tiveram que esperar vários dias nos telhados de Grudja depois das fortes chuvas, em meados de março. 14 dos seus vizinhos, incluindo 9 crianças, afogaram-se durante as inundações.
Foto: Lena Mucha
Escola primária tornou-se hospital
Mulheres e crianças estão à espera de tratamento médico, dado por uma equipa de emergência numa escola primária no distrito de Búzi, a oeste da cidade costeira da Beira. O ciclone Idai atingiu a costa moçambicana nesta cidade de cerca de 500 mil habitantes no dia 15 de março.
Foto: Lena Mucha
Fila para sementes
Em muitas partes do país, as plantações ficaram destruídas pelas enchentes. Durante um ano, pelo menos 750 mil pessoas deverão ficar dependentes de alimentos, segundo estimativas do Programa Alimentar Mundial. Em Cafumpe, no distrito de Gondola, 50 famílias receberam sementes de milho, feijão e repolho da organização de assistência alemã Johanniter e da ONG local Kubatsirana.
Foto: Lena Mucha
Reconstrução
Em Ponta Gea, na Beira, regressa-se à vida quotidiana. Muitas infraestruturas foram destruídas pelo ciclone. Nesta foto, cabos de energia destruídos e linhas telefónicas estão a ser reparados. Mas, a poucos quilómetros daqui, aldeias inteiras precisarão de ser reconstruídas. Em muitos sítios, ainda falta água e alimentos.