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PALOP preparam-se contra crise alimentar mundial

19 de março de 2022

Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e Portugal decidiram financiar o programa "Compacto lusófono" para acelerar crescimento do setor privado nos PALOP, e tornar a agricultura em África mais produtiva.

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"Compacto lusófono" é para Angola e São Tomé e Príncipe uma aliança que permite acelerar o desenvolvimento do setor privado.Foto: FAO

A iniciativa do Banco Africano de Desenvolvimento e Portugal (BAD) e de Portugal quer oferecer uma alternativa ao aumento dos preços dos produtos alimentares que atualmente se verifica devido à invasão Russa da Ucrânia.

O "Compacto lusófono", é para Angola e São Tomé e Príncipe, "uma aliança que permite acelerar o desenvolvimento do setor privado em Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial", disse Pietro Toigo, representante do BAD.

Ccimeira da confederação empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - CPLPFoto: Ramusel Graça

"Queremos ajudar a África a cumprir com a sua vocação de grande produtor agrícola", afirmou Toigo à DW Àfrica na segunda cimeira da confederação empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - CPLP, que teve lugar em São Tomé, entre os dias 17 a 19 deste mês.

Segundo o membro o BAD, "temos uma brecha para a produção de trigo de cereais, que tipicamente que vêm do leste europeu. [Agora], o continente africano tem esta brecha para produzir e aproveitar a oportunidade que se abre no mercado", disse.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), também o aumento dos preços dos fertilizantes, que começou em 2021, e se agravou com a invasão da Ucrânia, deverá afetar a quantidade e a qualidade da produção agrícola em África, onde já há falta de trigo, disse um analista da organização.

Não há valor definido

Entretanto, em relação ao "Compacto lusófono", o economista do BAD explicou que não há um valor definido do banco para o programa "Compacto lusófono". Mas Portugal decidiu entrar com "400 milhões de dólares, como garantia aos PALOP", afirmou.

Toigo assegurou, por outro lado, que o Presidente do BAD, Akinwumi Adesina, anunciou uma "facilidade de 1 mil milhões de dólares para estimular a produção de trigo e de outros cereais no continente africano", disse. 

O objetivo, segundo ele, é "tornar a agricultura em África mais produtiva". Com 1 mil milhão de dólares, entende Toigo, os países africanos interessados poderão apostar em novas tecnologias, clima e diversificar a produção agrícola.

Pietro Toigo e Marta Mariz.Foto: Ramusel Graça

Também segundo Marta Mariz, da Ordem dos Economistas de Portugal, que participou no debate sobre "Compacto Lusófono", a guerra entre a  Rússia e a Ucrânia "trará oportunidades de negócios" para África.

"O facto de Portugal colocar 400 milhões de dólares, como garantia neste programa para ajudar os PALOP é um grande sinal", disse Mariz.

A economista portuguesa avança ainda que os países africanos lusófonos devem observar entre si, os produtos que constituem cadeias de valor acrescentado, para "exportarem para Europa".

"PALOP mais fortes"

Engracio da Graça, ministro das Finanças e Economia Azul de São Tomé e Príncipe afirmou que o programa "Compacto Lusófono" vai tornar "os PALOP mais fortes".

"Estão criadas as condições para implementar rapidamente o programa lusófono, que está na sua fase inicial", afirmou.

A guerra entre Rússia e a Ucrânia provocou uma escalada de preço de alimentos no mundo e São Tomé e Príncipe também debate-se com o consequente aumento dos preços dos produtos básicos no mercado.

Foto ilustrativa.Foto: imago/epd/S. Vogt

"Nós importamos quase tudo da Europa" afirmou Engracio da Graça, que explicou que as medidas de controlo e seguimento dos preços no mercado estão ser tomadas para "conter a especulação".

O governante colocou a possibilidade de recorrer a "ajuda da cooperação externa, como é caso da CPLP, para acompanhar e mitigar os preços atuais", disse.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística - INE de São Tomé e Príncipe, entre 2019 a 2021, o valor da importação atingiu mais de 13 milhões de euros.

O documento avança que os produtos agrícolas alimentares, combustíveis minerais químicos, plásticos e borrachas, calçados, madeira, cortiça, entre outros, fazem parte do grupo de produtos importados neste período.

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