Países da África subsaariana ausentes da Feira do Livro em Frankfurt
11 de outubro de 2013 Os custos elevados são um dos motivos pelo qual tão poucos editores africanos se deslocam a Frankfurt, na Alemanha, mas não o único.
“Na maioria dos países africanos a educação é gratuita e o Governo fornece os livros aos alunos. Um editor que tenha um livro escolar selecionado pelo Governo ou ministério não tem de se esforçar muito para conseguir o seu dinheiro", explica a editora ganesa Akoss Ofori-Mensah.
Akoss Ofori-Mensah é uma veterana da Feira Internacional do Livro de Frankfurt. Está presente neste, que é um dos maiores certames da especialidade desde 2000, a expensas próprias. É a única do seu país em Frankfurt, entre as poucas dezenas de editores africanos oriundos exclusivamente da África do Sul e da Nigéria.
A feira já lhe valeu contactos preciosos, como por exemplo com o Taiwan, onde autores seus têm agora obra traduzida e publicada.
A primeira vez que a ganesa se deslocou a este evento foi a convite da organização da feira, inserida num programa financiado pelo Governo alemão e levado a cabo pela organização não governamental litprom - Sociedade para a Promoção da Literatura Africana, Asiática e Latino-americana. O programa destina-se a jovens editores de países com mais dificuldades em financiar a viagem e a estadia.
Uma rede de oportunidades
Béatrice Gbado, que fundou um editora para livros juvenis no Benim, está decidida a agarrar essa oportunidade para novos contactos.
"Os editores africanos não têm o hábito de se encontrar. Aqui já tive a oportunidade de conhecer nigerianos, etíopes, e outros colegas africanos, com os quais posso lançar projetos conjuntos”, recorda a jovem editora, que confia num futuro brilhante para o mercado do livro no continente africano.
"Sou otimista porque o livro tem um grande futuro pela frente, tanto mais que temos um mercado que nem sequer está consciente ainda das suas necessidades. À medida que esta consciencialização se alarga, cresce também o mercado", comenta.
A aposta no digital
Bibi Bakare-Yusuf, também da Nigéria, veio a convite da feira no programa para jovens editores. As suas ambições vão além da compra e venda de direitos e já começou a procurar contactos com provedores de serviços digitais, como impressores e empresas de conversão de livros digitais.
"Estamos a apostar cada vez mais no livro eletrónico. Não tanto para leitura no e-reader, que não é tão comum na Nigéria, mas nos telemóveis com acesso à internet que estão em todo o lado em África", afirma.
Bibi Bakare-Yusuf conta que aposta não apenas na literatura dos seus conterrâneos, tendo já publicado outros autores africanos, nomeadamente do Quénia e do Uganda.
Akoss Ofori-Mensah concorda que é importante fomentar a literatura africana no continente, mas a feira de Frankfurt abre ainda portas para outras possibilidades.
"Esta é uma oportunidade de promover os nossos livros para além das fronteiras de África", conclui a editora ganesa.