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Países desenvolvidos vão impor condições para ajudar África

Lusa
22 de maio de 2021

Consultora britância disse hoje que a canalização dos Direitos Especiais de Saque (DES) dos países mais desenvolvidos para países mais pobres implicará condicionalismos que os países em dificuldades não podem recusar.

Mosambik – Zuschuss für Essen für Rentner
Meticais moçambicanos (foto de arquivo).Foto: DW/C. Fernandes

"Devido ao tamanho do volume da dívida de África, os seus líderes não vão ter grande escolha a não ser aceitar as exigências dos credores, e uma questão chave para o futuro será quais vão ser essas condições", consideram os analistas da filial africana da consultora britânica Oxford Economics.

Num comentário às conclusões da cimeira de Paris sobre o financiamento das economias africanas, a NKC African Economics escreve que "a ideia de Emmanuel Macron sobre os países ricos canalizarem as suas alocações de DES para os países mais pobres é interessante, e deverá acontecer de forma direcionada, com condições" impostas pelos países mais desenvolvidos.

No entender da NKC, a emissão de DES, no valor de 650 mil milhões de dólares, cerca de 550 mil milhões de euros, "deverá mesmo acontecer e o espaço de manobra que será dado aos países africanos vai, em muitos casos mas não todos, desbloquear empréstimos e investimentos de outras instituições financeiras internacionais e do setor privado, o que é positivo" para as economias africanas.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, durante a cerimónia de abertura da Cimeira França-África.Foto: ElyxandroCegarra/Panoramic/imago images

Cimeira França-África

Na terça-feira (18.05), a França organizou em Paris a cimeira que reuniu mais de 30 chefes de Estado africanos e europeus, colocando-se na linha da frente dos países avançados que tentam ajudar os africanos a resolverem a crise da dívida, que tem dificultado o crescimento das economias.

O Presidente francês defendeu que os países africanos podiam receber o triplo do que lhes cabe da emissão de DES do FMI se as nações ricas seguissem o exemplo da França.

"Decidimos trabalhar em conjunto nas próximas semanas para alcançar um acordo político, porque precisamos de mais do que triplicar o envelope natural e atribuído de forma mecânica que cabe a África", disse Emmanuel Macron durante a conferência de imprensa de encerramento da cimeira de Paris sobre o financiamento das economias africanas, na terça-feira (18.05).

Símbolo do Fundo Monetário Internacional (FMI)Foto: picture-alliance/dpa

Emissão de DES do Fundo Monetário Internacional (FMI)

A emissão de DES do Fundo Monetário Internacional (FMI), no valor de 650 mil milhões de dólares, equivalentes a cerca de 550 mil milhões de euros, reserva 33 mil milhões de dólares (27 mil mil milhões de euros) para os países africanos, mas perante uma dívida a rondar os 700 mil milhões de dólares, à volta de 570 mil milhões de euros, o valor é insuficiente.

"Se outros países seguirem o que nos comprometemos a fazer, vamos chegar a 100 mil milhões de dólares [81 mil milhões de euros] para África em DES, podia ser muito mais, mas isto é que o que é razoável e fazível, e pode subir dependendo de outros grandes acionistas do FMI, como os Estados Unidos", disse Macron, reconhecendo que o valor atual não é suficiente.

"Os 33 mil milhões de dólares que cabem a África não são suficientes, deviam evoluir para muito mais e para chegar aos quase 300 mil milhões de dólares [que o FMI diz ser necessário para compensar as perdas da pandemia] a nossa vontade é que seja vendida uma parte das reservas de ouro do FMI, que nos permitiria ir mais longe na ajuda ao continente", salientou o chefe de Estado francês em resposta a uma pergunta dos jornalistas, no final da conferência de imprensa.