Movimento de solidariedade dos Voluntários Anónimos de Moçambique está a ajudar a localizar as vítimas do ataque em Palma e a reuní-las às suas famílias. Ao todo, o grupo já conseguiu juntar cerca de mil pessoas.
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Um grupo de voluntários designado VAMOZ, Voluntários Anónimos de Moçambique, está a ajudar a localizar pessoas desaparecidas durante os ataques que ocorreram em março na vila Palma, na província nortenha de Cabo Delgado.
Numa operação designada "Hope4Palma" ("Esperança por Palma", em português), o VAMOZ criou condições para que mais de 4 mil pessoas que tinham desaparecido voltassem a se comunicar.
A coordenadora dos Voluntários Anónimos de Moçambique, Joana Martins, diz que a ideia surgiu depois de ver a fuga em debandada.
"Havia muita gente à procura de pessoas que lhes estavam relacionadas. Empresas, famílias, à procura dos seus. Então, o VAMOZ decidiu imediatamente criar esta operação chamada 'Hope4Palma', Esperança para Palma, porque esperança é o que precisávamos todos", conta Joana Martins.
Unir as vítimas às suas famílias
A partir daí, com ajuda de outros voluntários, o VAMOZ passou a registar pessoas perdidas através de relatos dos seus familiares. "O que fazíamos era, um barco ‘dizia': olha, VAMOZ, tenho no meu barco, resgatei 20 pessoas e esses são os nomes das 20 pessoas. Vocês que são voluntários tentem encontrar familiares, ou empresas para poderem avisar que estão vivos e agora estamos a fazer um plano de lhes levar a Pemba", relata a coordenadora do movimento.
Os voluntários montaram um sistema de comunicação que funciona 24 horas por dia e pode ser usado por todos os que procuram familiares desaparecidos.
Cabo Delgado: traumas de guerra, sonhos de paz
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De acordo com Joana Martins, as famílias que estão à procura de seus familiares podem fazer um registo através dos números 84 211, ou 8000911 ou 84 3325239. Também podem, através desses telefones, saber se há informações sobre as pessoas que procuram.
"E quando alguém chega, quando a pessoa pertence a uma empresa, esta tem lá alguém para o receber e tomar conta. Outras pessoas são acompanhadas pelas autoridades locais, Nações Unidas, voluntários que tentam lhe ajudar e encaminhar", esclarece.
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Recursos são necessários
A VAMOZ trabalha em parceria com o Instituto Nacional de Gestão de Desastres que, esta semana, anunciou que são precisos mais de 40 milhões de meticais (meio milhão de euros) para assistir 30 mil pessoas vítimas de ataques, segundo disse César Tembe, porta-voz da instituição.
"A situação de Palma veio a incrementar o número de pessoas deslocadas. A nível da cidade de Pemba, desde dia 24 [de março] que houve essa situação, cerca de 30 mil pessoas são estimadas como sendo pessoas deslocadas".
Ao todo, 700 mil pessoas foram obrigadas a fugir das suas casas devido à violência na província de Cabo Delgado.
Terrorismo em Cabo Delgado: As marcas da destruição e a crise humanitária
Edifícios vandalizados, presença de militares nas ruas e promessas de soluções por parte de políticos contrastam com a tentativa das populações de levar a vida adiante.
Foto: Roberto Paquete/DW
Infraestruturas vandalizadas
O conflito armado em Cabo Delgado deixou um número de infraestruturas destruídas na província nortenha de Moçambique. Em Macomia, os insurgentes não pouparam nem a Direção Nacional de Identificação Civil. Os danos no prédio do órgão deixaram milhares de pessoas sem documentos. E carro da polícia incendiado.
Foto: Roberto Paquete/DW
Feridas abertas até na sede da Polícia
O edifício da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Macomia ainda carrega as marcas de um ataque em 2020. O tanzaniano Abu Yasir Hassan – também conhecido como Yasser Hassan e Abur Qasim - é reconhecido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e pelo Governo moçambicano como líder do Estado Islâmico em Cabo Delgado. Não está claro se o grupo é responsável pelos ataques na província.
Foto: Roberto Paquete/DW
"Eliminar todo o tipo de ameaça"
Joaquim Rivas Mangrasse (à esquerda) foi empossado chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas a 16 e março. "É missão das Forças Armadas eliminar todo o tipo de ameaça à nossa soberania, incluindo o terrorismo e os seus mentores, que não devem ter sossego e devem se arrepender de ter ousado atacar Moçambique", declarou o Presidente Filipe Nyusi (centro) na cerimónia de posse, em Maputo.
Foto: Roberto Paquete/DW
Missões constantes para conter os terroristas
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambique preparam-se para mais uma missão contra terroristas em Palma. A vila foi alvo de ataques, esta quarta-feira (24.03), segundo fontes ouvidas pela agência Lusa e segundo a imprensa moçambicana. Neste mesmo dia, as autoridades moçambicanas e a petrolífera Total anunciaram, para abril, o retorno das obras do projeto de gás, suspensas desde dezembro.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender o gás natural da península de Afungi
A península de Afungi, distrito de Palma, foi designada como área de segurança especial pelo Governo de Moçambique para proteger o projeto de exploração de gás da Total. O controlo é feito pelas forças de segurança designadas pelos ministérios da Defesa e do Interior. Esta quinta-feira (25.03), o Ministério da Defesa confirmou o ataque junto ao projeto de gás, na quarta-feira (24.03).
Foto: Roberto Paquete/DW
Proteger os deslocados
Soldados das FADM protegem um campo para os desolocados internos na vila de Palma. A violência armada está a provocar uma crise humanitária que já resultou em quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.
Foto: Roberto Paquete/DW
Apoiar os deslocados
De acordo com as agências humanitárias, mais de 90% dos deslocados estão hospedados "com familiares e amigos". Muitos refugiaram-se em Palma. Com as estradas bloqueadas pelos insurgentes em fevereiro e março deste ano, faltaram alimentos. A ajuda chegou de navio.
Foto: Roberto Paquete/DW
Defender a própria comunidade
Soldados das Forças Armadas de Defesa de Moçambqiue estão presentes também no distrito de Mueda. Entretanto, cansados de sofrer nas mãos dos teroristas, antigos militares decidiram proteger eles mesmos a sua comunidade e formaram uma milícia chamada "força local".
Foto: Roberto Paquete/DW
Levar a vida adiante
No mercado no centro da vida de Palma, a população tenta seguir com a vida normal quando a situação está calma. Apesar da ameaça constante imposta pela possibilidade de um novo ataque, quando "a poeira abaixa", a normalidade parece regressar pelo menos momentaneamente...
Foto: Roberto Paquete/DW
Aprender a ter esperança com as crianças
Apesar de todo o caos que se instalou um pouco por todo o lado em Cabo Delgado, a esperança por um vida normal continua entre as poulações. Na imagem, crianças de famílias deslocadas que deixaram as suas casas, fugindo dos terroristas, e foram para a cidade de Pemba. Vivem no bairro de Paquitequete e sonham com um futuro próspero, sem ter de depender da ajuda humanitária e longe da violência.