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Turismo

Coronavírus: PALOP buscam alternativas após suspensão da ITB

Cristiane Vieira Teixeira (Berlim)
4 de março de 2020

A Feira Internacional de Turismo de Berlim foi cancelada para evitar a propagação do novo coronavírus. Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe apostam em campanhas digitais e convites para evitar queda no turismo.

Messe ITB Berlin 2019
Foto: DW/N. Kreizer

2019 foi um bom ano para o turismo em Moçambique. "As entradas, as chegadas de turistas foram superiores e isso permitiu e incentivou os investidores a apostarem mais neste destino Moçambique para fazerem os seus investimentos", garante Nuno Fortes, diretor de Investimentos do Instituto Nacional do Turismo (INATUR).

Os bons resultados devem-se a medidas tomadas pelo Governo, que tornou o turismo uma das áreas prioritárias para a governação, definiu cinco destinos estratégicos para a atração e o desenvolvimento do setor – nomeadamente Maputo, Vilanculos na província de Inhambane, o Parque Nacional da Gorongosa no centro, a costa da província nortenha de Nampula e a Reserva do Niassa, também no norte do país – e não só.

"Neste momento, qualquer turista já pode ter o visto de fronteira. Portanto, não precisa vir do seu país com o visto para entrar em Moçambique, pode tirar o visto aqui nos nossos aeroportos", descreve.

Nuno Fortes na ITB em 2017Foto: DW/C. Vieira

"O Governo também fez a abertura do espaço aéreo. Ou seja, hoje em dia, qualquer companhia aérea que queira voar para Moçambique ou parar em Moçambique tem condições e está livre para o fazer. Eram coisas que há algum tempo eram praticamente impensáveis", diz Nuno Fortes.

Há vários anos, o país participa na ITB, a Feira Internacional de Turismo de Berlim, que deveria arrancar esta quarta-feira (04.03), mas foi cancelada para prevenir a propagação do coronavírus. Nuno Fortes diz que tanto o Governo moçambicano como os investidores privados que acompanhariam a delegação em Berlim, apoiam a medida.

"Quando consultei, todos foram unânimes em dizer que foi melhor assim - mesmo sabendo que tinham possibilidade de fechar um negócio. Mas essa questão do coronavírus preocupa toda a gente", avalia.

De acordo com o diretor de Investimentos do INATUR, o impacto do coronavírus para o turismo é certo. "O turismo vai se ressentir em todo o mundo. Os asiáticos são das pessoas que mais viajam em todo o mundo e, com esta situação, isso vai reduzir drasticamente", considera o responsável.

Para amenizar possíveis efeitos negativos que a ausência na ITB possa gerar, Moçambique pretende investir ainda mais noutras formas de contato com investidores e operadores internacionais. "Vamos trazer os operadores de turismo e jornalistas para visitarem o nosso país, para poderem vender e elevar a imagem positiva para fora do país. E, em maio, temos a feira do Indaba na África do Sul, que é a maior feira de turismo da África Austral", enumera Nuno Fortes.

Praia em VilankuloFoto: L. da Conceição

Cabo Verde e as ferramentas digitais

Também Francisco Martins, diretor-geral do Turismo e Transportes Aéreos de Cabo Verde, reage com compreensão ao cancelamento da ITB.

"Os motivos são plenamente compreensíveis e têm uma razão lógica que é proteger, acima da tudo, a saúde das pessoas", argumenta.

Francisco Martins reconhece a lacuna deixada pelo cancelamento da Feira Internacional de Turismo de Berlim, principalmente em termos de contatos pessoais, mas garante que seu país encontrará alternativas para garantir a promoção de Cabo Verde.

Stand de Cabo Verde na ITB, em 2016Foto: DW/C. Vieira

"Pode haver aqui uma ligeira descontinuidade em termos de contatos. Mas hoje, com as ferramentas digitais que existem, isto será colmatado através de novas campanhas digitais", considera Francisco Martins.

O diretor-geral do Turismo e Transportes Aéreos de Cabo Verde espera que todos países se empenhem no combate ao coronavírus. "Seguir as recomendações das organizações internacionais, nomeadamente da Organização Mundial de Saúde, para que o vírus não circule de uma forma intensa pelos quatro cantos do mundo", apela.

"O turismo, se sofrer algum retrocesso com a presença do vírus, vai ser em todos os países", conclui Francisco Martins. O país manteve a tendência de crescimento do setor em 2019, não apenas em termos de entradas como também de ocupação das acomodações, afirma Martins.

"Notou-se que, de facto, há cada vez mais um conhecimento dos turistas a nível mundial de Cabo Verde. Tem-se revelado um grande ativo para Cabo Verde a nossa estabilidade democrática, social e também de segurança ao nível do país", considera.

Restaurante à beira mar, na Ilha do PríncipeFoto: DW/C. Vieira Teixeira

São Tomé e Príncipe mantém foco na Alemanha

São Tomé e Príncipe contabiliza resultados com a constante participação na ITB e consequente divulgação do destino na Alemanha, revela o diretor-geral do Turismo no país. 

"Neste momento, a Alemanha consta dos cinco principais mercados emissores de turistas para São Tomé e Príncipe", revela Hugo Menezes.

"Isto é o resultado de um trabalho que tem vindo a acontecer já há algum tempo, que é a divulgação de São Tomé e Príncipe no mercado alemão. Temos vindo a conhecer um crescimento notório do número de visitantes provenientes da Alemanha", avalia.

PALOP buscam alternativas para lacuna deixada pela ITB

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Hugo Menezes diz ainda que, nesta ITB, o país pretendia "reforçar essa posição que temos vindo a alcançar com a Alemanha". O impacto do cancelamento da Feira Internacional de Turismo de Berlim será grande para o arquipélago, acrescenta.

"Não tendo tido a oportunidade para voltarmos a fazer a divulgação de São Tomé e Príncipe no mercado alemão, é certo que isto terá um impacto negativo no crescimento que estávamos a preconizar ao nível do mercado alemão para este ano", avalia.

Em 2019, o arquipélago registou um "ligeiro" crescimento de 2,4% no turismo, em relação a 2018 - "o que correspondeu a algo como 34.900 turistas a mais", conta o diretor-geral do Turismo de São Tomé e Príncipe, acrescentando que "deste crescimento, verificamos que dos mercados que mais despontaram é precisamente o mercado alemão".

Para que não haja retrocesso, Hugo Menezes pretende reforçar as ações de divulgado país. "A recepção de jornalistas alemães que vão a São Tomé e Príncipe e produzem artigos sobre o destino, ações puntuais de visitas ao destino de operadores turísticos de modo a podermos apresentar o destino também deverão aconteceruma vez que não tivemos a ITB este ano e reforçar a nossa divulgação ao nível da internet", descreve.

Cerca de dez mil expositores e 160 mil visitantes de todo o mundo eram esperados nesta edição da ITB.

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