Pandemia e ataques levam empreiteiros da Zambézia à falência
6 de janeiro de 2021A falência dos empreiteiros na Zambézia arrastou consigo dezenas de trabalhadores que tiveram que procurar meios alternativos para o seu sustento e das respetivas famílias. "Muitas empresas que operam na área acabaram deslizando, algumas delas fecharam", conta o presidente da Associação Provincial dos Empreiteiros da Zambézia, Zeca Dias.
Alem da pandemia de Covid-19, as guerras no centro e no norte de Moçambique são apontadas como algumas das causas principais. Neste momento, o clima que se vive entre os empreiteiros na Zambézia é de revolta e descontentamento.
Os empreiteiros contaram à DW, sem gravar entrevista, que algumas empresas teriam possibilidade de estabilizar se lhes tivessem sido atribuídas as obras de construção e manutenção de sanitários que decorrem nas escolas da província, desde o final do ano passado. Mas neste momento quem está a executar as obras são empreiteiros que vieram de Maputo.
Contratos para empreiteiros de Maputo
"Essa notícia acabou criando muitas expectativas, ficamos motivados porque a província ia ter trabalho, mas não passou de uma miragem", afirma o presidente da Associação Provincial dos Empreiteiros da Zambézia, que lamenta a situação.
"Os concorrentes que tiveram trabalho foram de Maputo. Não estou contra os outros que ganharam as obras, mas o país é único e nós continuamos desempregados. Seria bom que se desse primazia a empresas locais", diz.
Zeca Dias está preocupado com o aumento do desemprego no setor. "Temos conversado com o governo sobre esta situação que está a preocupar a camada empresarial local e está a deixar cada vez mais desempregada a nossa camada."
Cuidado na adjudicação de obras
As autoridades de Educação locais dizem que não têm culpa pelo que aconteceu, já que o contrato dos empreiteiros que vieram de Maputo foi rubricado pelo Ministério da Educação.
Apesar disso, o Ministério Público tem vindo a advertir algumas instituições públicas locais, principalmente a Direção Provincial das Obras Públicas da Zambézia, a ter muito cuidado na adjudicação de obras, para evitar o envolvimento em mais casos de corrupção como tem sido recorrente.
"O Botswana já teve os índices mais altos de corrupção. O Ruanda hoje tem zero. Nós, por piores exemplos, estamos a liderar", critica o procurador chefe provincial da Zambézia, Fred Jamal.