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Falta de acordo na Cimeira do Clima seria "catastrófico"

Daniel Pelz (Nairobi) / gs27 de novembro de 2015

De visita ao Quénia, o Papa exortou a comunidade internacional a agir a fim de travar as alterações climáticas. Segundo Francisco, nesta questão não há meios-termos: ou a humanidade salva o meio ambiente ou o destrói.

Foto: Reuters/S. Rellandini

Antes mesmo de alertar para os efeitos devastadores das mudanças climáticas, o Papa Francisco sentiu-os na pele: chuvas fortes caíram enquanto celebrava uma missa campal na capital queniana, Nairobi, com 300 mil fiéis, esta quinta-feira de manhã (26.11). Segundo o Departamento de Meteorologia do Quénia, as chuvas são consequência do fenómeno climático El Niño.

Discurso emocionado antes de Cimeira do Clima

Num discurso emocionado, o Papa exortou a comunidade internacional a agir com celeridade para travar as alterações climáticas. "Somos confrontados com uma escolha que não podemos ignorar: ou melhoramos ou destruímos o meio ambiente", afirmou o mais alto representante da Igreja Católica numa sala do escritório das Nações Unidas em Nairobi, sobrelotada com funcionários da organização e diplomatas.

O discurso do Papa acontece dias antes do início da Cimeira do Clima (COP21) que arranca a 30 de novembro na capital francesa. Durante 12 dias, mais de 150 chefes de Estado e de Governo reúnem-se para negociar um tratado que limite o aquecimento global a 2 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais. Tentativas anteriores para chegar a um acordo vinculativo para reduzir as emissões de dióxido de carbono falharam.

Apesar da chuva, milhares de pessoas participaram na missa campalFoto: Reuters/S. Rellandini

Ausência de acordo seria "catastrófico"

O Papa deixou uma mensagem clara a propósito da Cimeira de Paris: "Seria triste e, atrevo-me a dizer, até catastrófico, se interesses particulares se impusessem ao bem comum e manipulassem informação para proteger os seus próprios planos e projetos.”

Não é a primeira vez que o Papa adota uma postura tão dura em relação à necessidade de travar o aquecimento global. Em maio de 2015, Francisco publicou a encíclica "Laudato Si!", um plano de ação de 180 páginas para proteger o meio ambiente.

Numa nota encorajadora, o Papa disse acreditar que "os seres humanos, capazes do pior, também são capazes de se superarem, de escolher novamente o que é bom e começar de novo."

Papa: mudança é possível

"O período pós-industrial poderá ser relembrado como um dos mais irresponsáveis na nossa História, mas a humanidade, na aurora do século XXI, será relembrada por assumir generosamente as suas sérias responsabilidades", acrescentou o Papa, para aplauso geral.

Antes do discurso, Francisco plantou simbolicamente uma árvore no complexo das Nações Unidas em Nairobi.

O diretor-geral do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Achim Steiner, agradeceu os esforços do pontífice na luta contra o aquecimento global.

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"Falando ao mundo poucos dias antes da Conferência do Clima de Paris, lembra aos líderes mundiais, aos grandes empresários e aos cidadãos comuns que cada um não só tem a responsabilidade, mas também a obrigação de agir em função do que a nossa consciência nos diz que é certo", afirmou Steiner.

Esta sexta-feira, o Papa vai visitar um bairro de lata de Nairobi e encontrar-se com jovens quenianos numa cerimónia especial no maior estádio desportivo do país. Parte ainda esta sexta-feira para o Uganda, no âmbito da sua primeira viagem a África, que terminará depois na República Centro-Africana.

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