O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, anunciou esta quarta-feira numa comunicação ao país que o papa Francisco visita Moçambique na primeira semana de setembro, considerando que se trata de um "momento histórico".
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A deslocação do Papa Francisco a Moçambique de 04 a 06 de setembro corrente foi anunciada pelo Presidente Filipe Nyusi numa comunicação à nação feita esta quarta-feira (27.03.), ladeado por representantes da Nunciatura apostólica em Moçambique e da Conferência Episcopal Nacional, que confirmaram a visita.
Esta é a segunda vez que um Papa visita Moçambique, depois de João Paulo II ter estado no país, há 30 anos.
O Presidente Nyusi descreveu a visita como um “marco histórico e uma oportunidade para reforçar a fé do povo moçambicano de lutar pelos seus desígnios de construir um país cada vez melhor, sempre ancorado na paz, harmonia e bem estar comum”.
“Esperamos que esta visita constitua um momento de inspiração e de alento na luta que os moçambicanos, como um só povo, travam para o seu reencontro e para a construção de uma nação próspera, unida e em paz.”
Vários encontros em MoçambiqueO chefe de Estado moçambicano informou que o Papa Francisco vai manter encontros com entidades oficiais do Estado, corpo diplomático, líderes políticos e religiosos, jovens, confortará doentes e celebrará uma missa para todos os moçambicanos.
Nyusi apontou que a presença do Papa acontece numa altura em que os moçambicanos aprofundam o diálogo permanente como única via para o alcance de uma paz definitiva e poucos dias depois do centro do país ter sido fustigado por um ciclone e inundações, que provocaram elevados danos humanos e materiais.
O chefe de Estado sublinhou a propósito que o Vaticano tem participado ativamente na busca da paz definitiva para o país e na semana passada, o Papa orou por Moçambique na sequência da calamidade natural.
“A deslocação do Papa encoraja o país a prosseguir com determinação para a superação das dificuldades do dia a dia”, afirmou Filipe Nyusi.Por seu turno, o encarregado de Negócios da Nunciatura Apostólica em Moçambique, Cristiano Antoniete, disse que durante a visita o Papa vai confirmar a sua atenção relativamente aos ataques de homens armados em Cabo Delgado e solidarizar-se com a população vítima das calamidades.
Papa visita Moçambique de 4 a 6 de setembro
"Virá confirmar toda a sua disponibilidade para dar seguimento aos intentos da declaração universal dos direitos humanos e em particular trabalhar para o restabelecimento de uma paz efetiva, sólida e duradoira".
Moçambicanos contentes com a visita do Papa
Cidadãos ouvidos pela DW África saudaram a visita do Papa Francisco.
Erlic Ramiro, afirma que "do ponto de vista da elevação da moral e espiritual, sendo um homem de Deus, calha numa altura em que a sociedade moçambicana se pode sentir uma vez mais revigorada".
Para Emília Angelica João Vasconcelos "estou muito feliz. Agradeço primeiro a Deus que nos envia uma pessoa muito especial para nos ajudar em orações, principalmente nesta situação de calamidade que a gente tem agora. Estamos de braços abertos para receber a ele", enquanto para Celso Dias a visita do Papa a Moçambique " é uma notícia muito boa. É uma bênção também para consolidar a paz".
Costa do Marfim: Uma visita à maior basílica do mundo
Yamoussoukro deveria ser a jóia da coroa da Costa do Marfim. O plano não deu certo, mas a cidade é agora o lar da Basílica Nossa Senhora da Paz, uma das maiores igrejas em todo o mundo.
Foto: DW/S. Fröhlich
Uma pérola escondida da África Ocidental
No coração de Yamoussoukro - a capital “esquecida” da Costa do Marfim - está uma igreja maior do que a Basílica de São Pedro, em Roma. A Basílica Nossa Senhora da Paz, Basilique Notre-Dame de la Paix (em francês), é a maior do mundo. Sua construção, entre 1986 e 1989, foi planeada pelo “pai fundador” do país e primeiro Presidente, Félix Houphouët-Boigny, e tornou-se seu legado.
Foto: DW/S. Fröhlich
Espaço para 200 mil fiéis
Dentro da basílica cabem 11 mil pessoas em pé. 7 mil visitantes podem assistir à missa sentados. O prédio, em si, pode abrigar 18 mil fiéis. Mas há espaço para ainda mais pessoas do lado de fora: a praça ao redor da igreja pode acomodar 30 mil e até 150 mil podem ocupar a esplanada em frente à construção. Isso é o que faz da Nossa Senhora da Paz a maior basílica do mundo.
Foto: DW/S. Fröhlich
A basílica mais alta do mundo
A Nossa Senhora da Paz imita, em formato e tamanho, a famosa Basílica de São Pedro, em Roma. A cúpula é ligeiramente menor, mas com a grande cruz chega até 158 metros. O prédio tem 191 metros de altura e 150 metros de largura. Desenhada pelo arquiteto libanês Pierre Fakhoury, a área interior tem mais de 8 mil metros quadrados. Cerca de 400 mil árvores, sebes e arbustos foram plantados no espaço.
Foto: DW/S. Fröhlich
Milhares de cores
Os enormes vitrais da basílica tem ao todo uma área de 7400 metros quadrados. Cerca de 6 mil cores foram usadas para ilustrar diferentes cenas do Velho e do Novo Testamento, incluindo a criação e o nascimento de Jesus Cristo. Em uma janela, a representação do primeiro Presidente da Costa do Marfim, Félix Houphouët-Boigny, ajoelhado na frente de Jesus, com seu nome esculpido no vidro.
Foto: DW/S. Fröhlich
Sem permissão para casamentos
Não é possível casar ou celebrar funerais na basílica. Como menos de um terço da população se identifica como cristã, a presença de fiéis nas missas não é grande - em geral, poucas centenas. Mas aqueles que visitam a igreja podem desfrutar de um sistema italiano de ar condicionado, descrito como um “oásis de frescor”.
Foto: DW/S. Fröhlich
Um plano ambicioso
A basílica foi um presente do Presidente Félix Houphouët-Boigny ao Vaticano. Ele queria uma igual a de São Pedro - só que maior. O papa João Paulo II concordou, cético, sob duas condições: a cúpula não deveria ser maior do que a da basílica em Roma e um hospital deveria ser construído nas proximidades da igreja. O hospital foi planeado como pedido, mas a inauguração não ocorreu antes de 2015.
Foto: DW/S. Fröhlich
Um projeto caro
Controvérsias cercam o financiamento da basílica. Diz-se que Houphouët-Boigny gastou cerca de 300 milhões de dólares e escondeu o fato de ter usado principalmente dinheiro dos contribuintes. A construção também duplicou a dívida do país, em meio a uma crise económica. A manutenção hoje custa aproximadamente 1,5 milhão de dólares por ano, valor que é pago por uma fundação criada pelo ex-Presidente.
Foto: DW/S. Fröhlich
Um papa ausente
Todos os 18 mil lugares da igreja foram completamente ocupados apenas uma vez: no dia da consagração, em 1990. Desde então, não houve visitas do Papa, talvez por causa do contraste entre o projeto multimilionário e a pobreza que o cerca - mais de 40% dos 23 milhões de habitantes do país vivem abaixo da linha da pobreza.
Foto: DW/S. Fröhlich
A cidade esquecida
Hoje, a basílica fica numa cidade quase deserta, cheia de rodovias que levam a lugar nenhum. Em 1983, Félix Houphouët-Boigny nomeou Yamoussoukro como a nova capital da Costa do Marfim. Ele encomendou grandes monumentos e edifícios, incluindo o Hotel Presidente, de cinco estrelas. Mas nenhuma das embaixadas ou ministérios sequer mudaram-se de Abidjan. Yamoussoukro logo se tornou uma capital vazia.