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Para mulheres egípcias primavera árabe não floresceu

20 de fevereiro de 2012

Consolidada a revolução no Egito, os partidos políticos praticamente não incluíram mulheres em suas listas para as eleições parlamentares. Quem lutará então por maior igualdade de gêneros na sociedade egípcia?

Mulheres protestaram lado a lado com homens para derrubar MubarakFoto: Viktoria Kleber

Em um levante histórico em 2001 o povo egípcio derrubou o governo autoritário de Husni Mubarak e deu início a um processo de democratização no país. Mas até que ponto poderão as mulheres participar dessa revolução social?

Desde o início da revolução, há um ano, a situação da mulher no Egipto piorou, apesar de elas terem lutado ombro a ombro com os homens por democracia e liberdade. O exército age com grande brutalidade contra as mulheres. Pouco após a queda do ditador Mubarak, jovens manifestantes detidas foram submetidas à força a testes de virgindade.

No final de 2011, um bando de soldados atacou uma manifestante e despiu-a em público. As imagens da jovem quase sem vida deram a volta ao mundo. A vítima desapareceu.

Sem representatividade

Imagem de manifestante agredida por militares egípcios na Praça Tahrir chocou o mundoFoto: Reuters

O Conselho militar tenta afastar as mulheres da política. Apenas três dos trinta elementos do governo de transição são mulheres. E antes das eleições foi anulada a quota obrigatória de 12% de deputadas no parlamento nacional. No novo Parlamento, 98% dos membros são homens.

Dina Zakaria do partido da liberdade e da justiça da irmandade muçulmana, o maior grupo parlamentar, diz que isso não é um problema. Afirma que os homens também podem defender os interesses das mulheres.

Para ela, as mulheres têm outro papel na sociedade. "Ajudar o homem, criar os filhos, ajudar as pessoas, falar com elas, sentir o seu sofrimento. Nisso as mulheres são melhores do que os homens. É a mensagem que tencionamos difundir."

Leis machistas

Os partidos islâmicos no Parlamento querem alterar as leis em vigor, de modo a impedir que as mulheres se divorciem, passando esse a ser direito exclusivo do homem. Após o divórcio, as mulheres poderiam criar os filhos apenas até aos nove anos de idade, depois o pai teria o direito de tirar as crianças da mãe.

Mulheres protestam contra violência e exigem direitos almejados com a revoluçãoFoto: AP

Durante a era Mubarak, as organizações não governamentais assumiram a defesa dos direitos da mulher. Mas muitas destas organizações estão agora impedidas de trabalhar. O Conselho Militar acusa-as de terem aceitado dinheiro do estrangeiro.

A radialista Amani El Tunsi, que há três anos mantém uma estação de rádio para falar sobre os direitos das mulheres, confessa que tinha mais expectativas com a revolução. "Estou muito decepcionada com o que se passou após a revolução. Temos pela frente um longo caminho de luta pelos nossos direitos na sociedade. Muitas mulheres egípcias não tem a confiança de que são capazes de por um termo à violência. Mas não vamos desistir de lutar pelos nossos direitos", garante ela.

Autora: Viktoria Kleber / Cristina Krippahl
Edição: Francis França /Helena Ferro de Gouveia

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