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PolíticaRepública Centro-Africana

Parceiros internacionais inquietos com tensão na RCA

Reliou Koubakin | ms | Lusa
22 de dezembro de 2020

Paris espera que eleições na República Centro-Africana se realizem como previsto no domingo para evitar incertezas. Segundo observadores, ex-Presidente Bozizé estará a tirar proveito da atual situação, que preocupa a UA.

Veículo militar russo nas ruas de Bangui (outubro de 2020)Foto: Camille Laffont/AFP/Getty Images

As autoridades russas expressaram "sérias preocupações" com a crise na República Centro-Africana (RCA). A França espera que as eleições presidenciais e parlamentares se realizem na data prevista (27.12) "para que não se entre num período de incerteza que possa reativar as agendas de uns e de outros para tomar o poder à força".

A situação na capital, Bangui, manteve-se calma na segunda-feira (21.12). No entanto, houve confrontos entre os rebeldes e as Forças Armadas da África Central (FACA) não muito longe da cidade de Boyali, a mais de 400 quilómetros de Bangui. A imprensa local também noticiou tiros entre as Forças Armadas e os rebeldes da coligação de patriotas da África Central.

O Governo da RCA anunciou esta segunda-feira (21.12) que a Rússia tinha enviado "várias centenas de soldados" para o país, além de equipamento pesado - tudo ao abrigo de um acordo de cooperação bilateral entre Moscovo e Bangui.

No entanto, Moscovo negou mais tarde a presença de soldados russos. "Não enviaremos tropas, respeitamos todas as exigências das resoluções das Nações Unidas", disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Mikhaïl Bogdanov, citado pela agência de notícias Interfax.

União Africana preocupada

Numa declaração difundida segunda-feira (21.12), o presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, manifestou-se "profundamente preocupado" com a evolução política e de segurança na RCA e condenou o "recrudescimento da violência" em algumas regiões, "de que resultou perda de vidas humanas e que tem como objetivo perturbar o processo eleitoral."

Ex-Presidente François BozizéFoto: AFP/Getty Images

O Governo alegou que está em curso uma tentativa de golpe de Estado por parte do antigo Presidente François Bozizé, enquanto os líderes dos três principais grupos armados, que ocupam grande parte do território da RCA e conduzem uma ofensiva no norte e oeste do país, anunciaram a criação de uma coligação. 

Os três grupos ameaçaram atacar se detetarem que o atual Presidente está a organizar fraudes para conseguir um segundo mandato. Neste contexto, o presidente da Comissão da União Africana condenou igualmente "qualquer conluio entre certos atores políticos e grupos armados".

17 candidatos disputam presidência

As eleições gerais vão ser disputadas por 17 candidatos à presidência, incluindo o atual chefe de Estado, Faustin Archange Touadéra, numa votação que vai também decidir a composição do Parlamento. Faustin Archange Touadéra procura um segundo mandato, sendo apontado como o favorito à vitória.

Moussa Faki Mahamat lembrou "a todos os atores políticos que as eleições continuam a ser o único meio legítimo de acesso ao poder" e apelou para "um trabalho conjunto para realizar eleições em conformidade com a Constituição da República Centro-Africana e com as normas e princípios internacionais, continentais e regionais".

Pediu ainda "calma" e "contenção" à população e aos atores políticos, exortando-os a "trabalharem para a plena implementação dos acordos de paz".

A União Africana terá uma missão de observação eleitoral na RCA juntamente com as Nações Unidas, a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEDEAO) e outras organizações internacionais.

Fugir da violência na República Centro-Africana

05:45

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