Angolanas e angolanos protestam nas redes sociais contra violência doméstica, raptos e assassinatos de mulheres. E usam um slogan: "parem de nos matar".
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A campanha "Parem de nos matar" surge na sequência do assassinato de uma advogada angolana, que foi encontrada pela polícia numa fossa depois de ter sido dada como desaparecida. O marido já confessou o crime.
Muitas mulheres angolanas têm recorrido às redes sociais, como o Facebook, para deixar mensagens de repúdio a este e outros casos. Nas mensagens escrevem a frase "parem de nos matar", à semelhança das palavras de ordem em protestos na América Latina contra os feminicídios, ou colocam apenas fotografias negras, em sinal de luto.
"Nos últimos tempos, têm sido constantes os ataques, raptos e sequestros e assassinatos de mulheres. Quando falamos 'parem de nos matar', é no seu todo. Vimos o caso do padrasto que violentou uma menina de quatro anos", afirma Lurdes Lameira.
Lameira também já foi vítima de violência no lar. "Eu abandonei tudo. Saí apenas com a minha roupa, umas quatro peças, e os meus filhos e nunca mais voltei, porque havia uma ameaça de morte", conta em entrevista à DW África.
Dezenas de milhares de casos
Segundo o movimento "Ondjango Feminista", no ano passado, houve 62 mil casos de violência contra as mulheres - esta é a maior violação de direitos humanos em Angola.
"Não podemos continuar a invisibilizar a violência contra as mulheres com discursos de que 'toda a violência importa' ou 'homens também são violentados' ou ainda 'mulheres estão a se fazer de vítimas'. Mulheres têm sofrido por longos períodos de tempo por conta dessa invisibilização e justificação de que seus corpos podem ser feridos, maltratados, violentados e mortos", escreveu esta terça-feira (11.12) Leopoldina Fekayamãle na página de Internet da organização.
Mulheres angolanas protestam contra violência
Que soluções?
Em novembro de 2017, centenas de pessoas marcharam contra a violência. Este ano, enquanto não gritam nas ruas, gritam nas redes sociais.
Será que a campanha vai resultar? Lurdes Lameira espera que sim: "Espero que sim. Estamos a fazer o possível, a chamar os homens à razão, até porque não são apenas as mulheres que aderiram a campanha, também há homens. Um homem nasceu de uma mulher. Nenhum homem veio do ventre de outro homem."
Entre as várias causas da violência contra a mulher angolana, o sociólogo Carlos Conceição destaca os casamentos prematuros que se registam na sociedade: "Em muitas circunstâncias, temos verificado que há casais que constituem as suas famílias sem que se conhecessem melhor. Casam-se por pressão, ligada à família, à igreja, à sociedade e a uma questão que tem a ver com a própria posição social."
Para se reduzir o atual índice de violência contra mulheres, diz, é necessário que as instituições sociais sejam fortalecidas, "nomeadamente, a família, a sociedade, a Igreja e a própria escola."
Quem são as mulheres mais poderosas de África?
Nove mulheres africanas dão que falar no mundo da política e dos negócios, geralmente dominado por homens. Saiba quem são e como se têm destacado.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Primeira mulher Presidente em África
Ellen Johnson Sirleaf foi a primeira mulher eleita democraticamente num país africano. De 2006 a 2018, governou a Libéria, lutando contra o desemprego, a dívida pública e a epidemia do ébola. Em 2011, ganhou o Prémio Nobel da Paz por lutar pela segurança e direitos das mulheres. Atualmente, lidera o Painel de Alto Nível da ONU sobre Migração em África.
Foto: picture-alliance/dpa/EFE/EPA/J. Lizon
Um grande passo para as mulheres etíopes
Sahle-Work Zewde foi eleita, em outubro, Presidente da Etiópia. O poder no país é exercido pelo primeiro-ministro e o Conselho de Ministros. Entretanto, a eleição de uma mulher para a cadeira presidencial é considerada um grande avanço na sociedade etíope, onde os homens dominam os negócios e a política. Mas isto está a mudar. Hoje em dia, metade do Governo é formado por mulheres.
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Mulher mais rica de África
Isabel dos Santos tem uma reputação controversa em Angola. É filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, que a colocou na administração da Sonangol em 2016. Mas o novo Presidente, João Lourenço, luta contra o nepotismo e despediu Isabel dos Santos. Mesmo assim, dos Santos ainda detém muitas participações empresariais e continua a ser a mulher mais rica de África, segundo a revista Forbes.
Foto: picture-alliance/dpa/epa/B. Fonseca
Magnata do petróleo e benfeitora da Nigéria
1,6 mil milhões de dólares norte-americanos é a fortuna da nigeriana Folorunsho Alakija. A produção de petróleo faz com que a dona da empresa Famfa Oil seja a terceira pessoa mais rica da Nigéria. Com a sua fundação, a mulher de 67 anos apoia viúvas e órfãos. Também é a segunda mulher mais rica de África, apenas ultrapassada pela fortuna de Isabel dos Santos de 2,7 mil milhões (segundo a Forbes).
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Oficial da dívida da Namíbia
Na Namíbia, uma mulher lidera o Governo: desde março de 2015, Saara Kuugongelwa-Amadhila é primeira-ministra – e a primeira mulher neste escritório na Namíbia. Anteriormente, foi ministra das Finanças do país e perseguiu uma meta ambiciosa: reduzir a dívida nacional. A economista é membro da Assembleia Nacional da Namíbia desde 1995.
Foto: Getty Images/AFP/H. Titus
Discrição e influência
Jaynet Kabila é conhecida pela sua discrição e cuidado. Irmã gémea do ex-Presidente congolês Joseph Kabila, é membro do Parlamento da República Democrática do Congo e também é dona de um grupo de meios de comunicação. Em 2015, a revista francesa Jeune Afrique apontou-a como a pessoa mais influente do Governo na RDC.
Foto: Getty Images/AFP/J. D. Kannah
Triunfo diplomático
A ex-secretária de Estado do Ruanda, Louise Mushikiwabo, será secretária-geral da Organização Internacional da Francofonia em 2019. Isto, mesmo depois de o país ter assumido o inglês como língua oficial há mais de 10 anos. A escolha de Mushikiwabo para o cargo é vista como um triunfo diplomático. O Presidente francês, Emmanuel Macron, foi um dos apoiantes da sua candidatura.
Outra mulher influente: a nigeriana Amina Mohammed, vice-secretária-geral das Nações Unidas desde 2017. Entre 2002 e 2005, já tinha trabalhado na ONU no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Mais tarde, foi assessora especial do então secretário-geral, Ban Ki-moon, e, por um ano, foi ministra do Meio Ambiente na Nigéria.
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A ministra dos recordes no Mali
Recente no campo da política externa, Kamissa Camara é a mais jovem na política e primeira ministra do Exterior da história do Mali. Aos 35 anos, foi nomeada para o cargo pelo Presidente Ibrahim Boubacar Keïta e é agora uma das 11 mulheres no Governo. No total, o gabinete maliano tem 32 ministros.