Paris: 500 detidos em mais um dia de protestos violentos
Lusa | EFE
8 de dezembro de 2018
Confrontos regressaram às ruas de Paris, com a polícia a disparar gás lacrimogéneo contra os manifestantes em mais uma acção de protesto que começou por ser contra os aumentos dos combustíveis.
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Pouco depois das 9h00 (8h00 GMT) registaram-se situações de tensão entre os manifestantes e a polícia antimotim, que impediu os "coletes amarelos" de atravessar a avenida dos Campos Elísios nas proximidades do Palácio do Eliseu.
Cerca de uma hora depois, a polícia lançou gás lacrimogénio para dispersar as dezenas de "coletes amarelos" que tentavam chegar à rua "Arséne Houssaye", adjacente aos Campos Elísios, segundo a agência de notícias espanhola EFE.
A rápida atuação da polícia revela as ordens que receberam no sentido de reagir para evitar que se voltem a registar as cenas de guerrilha urbana a que se tem assistido na última semana.
De acordo com o primeiro-ministro Édouard Philippe, às 11h00 já tinham sido detidas 481 pessoas, das quais 211 ficaram sob custódia. Philippe presidiu nesta manhã uma reunião com os responsáveis de segurança no Ministério do Interior, entre eles o ministro da pasta, Christophe Castaner.
Em entrevista ao canal "BFMTV", a porta-voz da polícia, Johanna Primevert Primevert avançou que, sensivelmente à mesma hora, estavam nos Campos Elísios cerca de 1.500 manifestantes e várias centenas na Praça da Bastilha e na Porta Maillot, junto ao Palácio de Congressos.
Antes do início da manifestação, a polícia já tinha detido para interrogatório centenas de pessoas.
Segurança reforçada
Os "coletes amarelos" voltaram a sair às ruas hoje, obrigando as autoridades francesas a adotar múltiplas medidas preventivas, designadamente o reforço policial nas ruas, que ultrapassa os 90 mil agentes.
As autoridades temem o regresso dos tumultos urbanos em Paris, tendo por isso reforçado também os controlos nas estações e realizado buscas sistemáticas junto aos locais de concentração.
Uma delegação de representantes, incluindo figuras como Benjamin Cauchy e Jacline Mouraud, reuniu sexta-feira com o primeiro-ministro Édouard Philippe, para tentar encontrar soluções para um impasse negocial que se arrasta há quatro semanas, mas esse gesto não foi acompanhado pela desmobilização da ação de protesto, que começou por ser contra os aumentos dos combustíveis.
A delegação de representantes do movimento "coletes amarelos" tinha feito ao longo da semana vários apelos para que uma quarta manifestação não ocorresse hoje em Paris, para evitar novos distúrbios e confrontos com a polícia.
Para prevenir o efeito de nova manifestação, das ruas do centro de Paris, desapareceu quase todo o mobiliário urbano, com receio de que possa ser usado como armas pelos milhares de manifestantes que hoje tomarão de assalto a zona dos Campos Elísios.
Moçambique: centenas de pessoas marcham contra a situação política e económica
Centenas de moçambicanos marcharam no dia 18 de junho de 2016 em Maputo contra a situação política e económica do país. A manifestação foi convocada pela sociedade civil para exigir esclarecimentos ao Governo.
Foto: picture alliance/dpa/A. Silva
Pela Avenida Eduardo Mondlane rumo à Praça da Independência
"Pelo direito à esperança" foi o mote da manifestação que reuniu centenas de pessoas no centro de Maputo, no sábado dia 18 de junho de 2016. Os manifestantes exigem o fim do conflito político-militar entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o esclarecimento da dívida pública e mais liberdade de expressão.
Foto: picture alliance/dpa/A. Silva
"A intolerância política mata a democracia"
Em entrevista à DW África, Nzira de Deus, do Fórum Mulher, uma das organizações envolvidas, afirma que a liberdade dos moçambicanos tem sido muito limitada nos últimos meses. "É preciso deixar de intimidar as pessoas, deixarem as pessoas se expressarem de maneira diferente, porque eu acho que é isso que constrói o país. Não pode haver ameaças, não pode haver atentados", diz Nzira.
Foto: DW/L. Matias
De preto ou branco, manifestantes pedem paz
Com camisolas pretas e brancas e cartazes com mensagens de protesto, centenas de moçambicanos mostram o seu repúdio à guerra entre o Governo e a RENAMO, às dívidas ocultas e às valas comuns descobertas no centro do país. Num percurso de mais de dois quilómetros, entoaram cânticos pela liberdade e pela transparência.
Foto: DW/L. Matias
"Valas comuns são vergonha nacional"
Recentemente, foram descobertas valas comuns na zona central de Moçambique. Uma comissão parlamentar enviada ao local para averiguações nega a sua existência. Alguns dos corpos encontrados foram sepultados sem ter sido feita uma autópsia, o que dificulta o conhecimento das causas das suas mortes.
Foto: DW/L. Matias
"É necessário haver um diálogo político honesto e sincero"
Nzira de Deus considera que a crise política que Moçambique enfrenta prejudica a situação do país e defende que “haja um diálogo político honesto e sincero e que se digam quais são as questões que estão em causa". Para além da questão da dívida e da crise política, os manifestantes estão preocupados com as liberdades de expressão e imprensa.
Foto: DW/L. Matias
Ameaças não vão amedrontar o povo
No manifesto distribuído ao público e lido na estátua de Samora Machel, na Praça da Independência, as organizações da sociedade civil exigiram à Procuradoria-Geral da República uma auditoria forense à dívida pública. "Nós queremos que o ex-Presidente [Armando Guebuza] e o seu Governo respondam por estas dívidas", declarou Alice Mabota, acrescentando que as ameaças não vão "amedrontar o povo".
Foto: DW/L. Matias
Sociedade Civil presente
A manifestação foi convocada por onze organizações da sociedade civil moçambicana. Entre as ONGs que organizaram a marcha encontram-se a Liga dos Direitos Humanos (LDH), o Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), o Observatório do Meio Rural, o Fórum Mulher e a Rede HOPEM.