Parlamento do Gana aprova acordo militar com os EUA
Reuters | EFE | tms
24 de março de 2018
Os Estados Unidos poderão utilizar instalações militares do Gana e não pagarão taxas de importação de equipamentos, entre outras coisas. Oposição diz que pacto viola a soberania do país.
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No Gana, o Parlamento aprovou, apesar do boicote da oposição, um acordo com os Estados Unidos (EUA) sobre cooperação em defesa e segurança que dará acesso ilimitado a determinadas instalações ganesas ao Exército norte-americano, informou este sábado (24.03) a imprensa local.
A ratificação do acordo ocorreu na noite de sexta-feira apenas pelos membros do partido no poder. Os deputados da oposição retiraram-se da Câmara afirmando que o pacto representa uma perda de soberania nacional e uma amostra de servilismo para a nação norte-americana.
Entre os pontos do acordo, segundo a agência de notícias EFE, citando a imprensa local, destacam-se a cessão de instalações para uso exclusivo das tropas dos EUA ou junto com soldados do Gana, assim como a isenção de impostos aos equipamentos que importem ao país.
Os EUA também estão autorizados a utilizar o espectro radiofónico ganês para operar seus sistemas de telecomunicações, e o pessoal civil e militar de seu Exército poderá entrar e se deslocar livremente pelo país, onde os veículos militares de qualquer patente gozarão também de livre circulação.
Em troca, os EUA vão investir 20 milhões de dólares em treinamento militar e equipamento para as Forças Armadas do Gana, segundo garantiu o ministro da Defesa, Dominic Nituwul.
Laços diplomáticos
O Gana e os Estados Unidos têm fortes laços diplomáticos e comerciais, culminando na cooperação específica entre seus militares no passado. Mas os críticos, incluindo alguns grupos da sociedade civil, dizem que o acordo deste ano equivale a hipotecar a soberania do país. Enquanto alguns pediram rejeição do acordo, outros queriam os termos revisados.
"O acordo diz que o Exército de outro país entrará na cidade. Eles vão importar equipamentos militares que nem as agências de segurança podem inspecionar, muito menos autorizar", disse Srem Sai, professor universitário.
"Esqueça as autoridades fiscais – elas não poderão nem cobrar, e o Exército operará o equipamento e as conduzirá sem a licença. As leis do país não se aplicam a elas", acrescentou.
O eterno segundo lugar: uma vida na oposição em África
Não são apenas os presidentes que não mudam durante décadas nalguns países africanos. Também os chefes da oposição ocupam o cargo toda a vida, vedando o caminho às novas gerações. Conheça alguns eternos oposicionistas.
Foto: Reuters
O guerrilheiro moçambicano
Afonso Dhlakama é um veterano entre os oposicionistas africanos de longa duração. Em 1979 assumiu a liderança do movimento de guerrilha Resistência Nacional Moçambicana, RENAMO. Este tornou-se num partido democrático. Mas Dhlakama é famoso pelo seu tom combativo. Por vezes ameaça pegar em armas contra os seus inimigos. E concorreu cinco vezes sem sucesso à presidência do país.
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Morgan Tsvangirai - o resistente
O ex-mineiro tornou-se num símbolo da resistência contra o Presidente vitalício do Zimbabué, Robert Mugabe. Foi detido, torturado, sofreu fraturas do crânio e uma vez tentaram, sem sucesso, atirá-lo do décimo andar de um edifício. Após as controversas eleições de 2008, o líder do Movimento pela Mudança Democrática chegou a acordo com Mugabe sobre uma partilha do poder.
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O primeiro jurista doutorado na RDC
Étienne Tshisekedi foi nomeado ministro da Justiça antes de terminar o curso. Só mais tarde se tornou no primeiro jurista doutorado da República Democrática do Congo. Teve vários cargos na presidência de Mobuto, mas tornou-se crítico do regime. Foi preso e obrigado a abandonar o país. Liderou a oposição de 2001 até a sua morte em fevereiro de 2017. Perdeu as eleições de 2011 contra Joseph Kabila.
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Raila Odinga: a política fica em família
Filho do primeiro vice-presidente do Quénia, Raila Odinga nunca escondeu a ambição de um dia assumir a presidência. Foi deputado ao mesmo tempo que o pai e o irmão. Mas não se pode dizer que seja um militante fiel de algum partido: já mudou de cor política por quatro vezes. Após a terceira derrota nas presidenciais de 2013, apresentou queixa em tribunal contra o resultado e ... perdeu.
Foto: Till Muellenmeister/AFP/Getty Images
O Dr. Col. Kizza Besigye do Uganda
Besigye já foi um íntimo de Museveni, para além do seu médico privado. Quando começou a ter ambições de poder, transformou-se no inimigo número um do Presidente do Uganda. Foi repetidas vezes acusado de vários delitos, preso e brutalmente espancado em público. Voltou a candidatar-se nas presidenciais de maio de 2016, durante as quais ocorreram novamente distúrbios violentos.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kurokawa
Juntos por um novo Chade
Saleh Kebzabo (esq.) e Ngarlejy Yorongar são os dois rostos mais importantes da oposição no Chade. Embora sejam de partidos diferentes, há muitos anos que lutam juntos pela mudança política no país. Mas desavenças no ano de eleições 2016 enfraqueceram a aliança. A situação beneficiou o Presidente perene Idriss Déby, que somou nova vitória eleitoral.
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O Presidente autoproclamado
Desde o início da sua atividade política que Jean-Pierre Fabre se encontra na oposição do Togo. O líder da “Aliança Nacional para a Mudança” concorreu por duas vezes à presidência. Após a mais recente derrota, em abril de 2015, rejeitou os resultados do escrutínio e autoproclamou-se Presidente. Sem sucesso.
O pai foi Presidente do Gana na década de 70. Nana Akufo-Addo demorou muitos anos até seguir-lhe as pisadas. Muitos ganeses não levam muito a sério as tentativas desesperadas para chegar à presidência, tendo dificuldades em identificar-se com este membro das elites. Mas em novembro de 2016, Akufo-Addo candidatou-se pela terceira vez e venceu as eleições. Desde janeiro de 2017 é Presidente do Gana.