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Denúncia de "graves ameaças" nas presidenciais do Chade

Lusa
8 de maio de 2024

Partido do PM chadiano denunciou hoje "violências e ameaças graves" contra si e os apoiantes, bem como fraudes na contagem dos votos. Succès Masra apela à população para "defender a vontade expressa nas urnas".

Tschad N'Djamena 2024 | Wahlen | Auszählung der Stimmen
Foto: Issouf Sanogo/AFP/Getty Images

O primeiro ministro (PM) do Chade, Succès Masra, candidato às eleições presidenciais, que ocorreram na segunda-feira (06.05), pelo partido Les Transformateurs, concorre contra o Presidente de transição e chefe da junta militar no poder desde há três anos, o general Mahamat Idriss Déby Itno, que o nomeou primeiro-ministro a 1 de janeiro. 

O partido e a Coligação Justiça e Igualdade que o apoia denunciaram na rede social Facebook "graves ameaças e violências" dirigidas aos seus apoiantes e "detenções arbitrárias" desde a votação, "a recusa de acesso às assembleias de voto" para observar a contagem, "violações inimagináveis, incluindo disparos com munições reais, para apreender boletins de voto e atas". 

O partido apelou, ainda, "à população para que se mantenha vigilante e mobilizada para defender a vontade expressa nas urnas".

Transparência e credibilidade em causa

Na terça-feira (07.05), a União Europeia (UE) lamentou o afastamento de 2.900 observadores da sociedade civil no Chade, o que, considerou, prejudicou a "transparência" das eleições presidenciais.

Antes do escrutínio, também, as organizações não-governamentais (ONG) internacionais já tinham manifestado dúvidas sobre a "credibilidade" e a transparência do ato eleitoral, que consideravam, em sintonia com a oposição, como um dado adquirido a favor do general Mahamat Idriss Déby Itno, proclamado chefe de Estado pelo exército, após a morte do pai, o antigo ditador do Chade, Idriss Déby Itno.

Succès Masra, candidato às presidenciais no ChadeFoto: Julien Adayé/DW

No domingo (05.05), quatro organizações da sociedade civil chadiana, incluindo a Liga Chadiana dos Direitos Humanos (LTDH), protestaram contra a recusa da comissão eleitoral em emitir uma acreditação a 2.900 dos seus membros para "observarem o escrutínio", apesar dos pedidos apresentados "dentro dos prazos estabelecidos".

As eleições presidenciais, que deveriam pôr fim a três anos de regime militar, opuseram o Presidente de transição, Déby, a um antigo opositor, Succès Masra, que se juntou à junta e foi nomeado primeiro-ministro pelo general no início do ano. 

Masra, um "verniz democrático"?

A oposição considera Masra um "traidor", cuja candidatura se destinava apenas a dar um "verniz democrático" ao escrutínio. Mas Masra atraiu grandes multidões durante a campanha, ao ponto de estar agora a reclamar a vitória.

O resultado das eleições terá de ser conhecido até 21 de maio, data do prazo de validação do processo pelo Conselho Constitucional, constituído por elementos da confiança de Mahamat Déby.

Não é conhecido qualquer calendário para uma eventual segunda volta destas presidenciais, assim como não se sabe quando serão realizadas as eleições legislativas, que deveriam ter precedido este escrutínio, sob pena deste processo inverso produzir "clientelismos" ao invés de "verdadeiros partidos candidatos ao parlamento chadiano", como há dias assinalou o analista do Institute for Securities Studies (ISS) para a África Central, Remadji Hoinathy, em declarações à Lusa.

À lupa: As eleições no Chade e o desassossego francês

01:38

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