Sociais-democratas definem candidato a chanceler na Alemanha
Sabine Kinkartz
10 de maio de 2021
Apesar de ser atual vice-chanceler e ministro das Finanças, escolha de Olaf Scholz como candidato nas eleições que escolhem o substituto de Merkel surpreende meio político. Disputa à chancelaria é liderada pelos verdes.
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O Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) oficializou este domingo (09.05) a candidatura do atual vice-chanceler e ministro das Finanças, Olaf Scholz, para as eleições que vão decidir a sucessão da chanceler Angela Merkel em setembro.
Apesar de ser um político veterano, a escolha de Olaf Scholz como candidato a chanceler pelo SPD foi uma grande surpresa. Meses antes, ele foi derrotado na corrida pela liderança do partido. Mesmo assim, Scholz demonstra uma confiança inabalável, é um político que resistiu a muitas tempestades na sua longa carreira política.
Recentemente, ele tem se destacado na gestão da crise provocada pela pandemia. Como ministro das Finanças, administra milhares de milhões de euros em fundos de emergência para ajudar a economia e os cidadãos da Alemanha.
"Estamos a colocar todas as nossas armas sobre a mesa para mostrar que somos suficientemente fortes para superar qualquer desafio económico e que vamos sair dessa situação", diz o novo candidato a chanceler do SPD, Olaf Scholz, num discurso otimista em plena pandemia.
Reforma trabalhista
Em tempos de crise, o pragmatismo triunfa sobre o carisma e isso tem jogado a favor do então ministro das Finanças, de 62 anos de idade. Mas nem sempre foi assim.
Anos atrás, Olaf Sholz defendeu com unhas e dentes um polémico programa de reforma do mercado de trabalho conhecido como Agenda 2010. Na época, Scholz disse que os esforços eram para salvar o partido.
Mas, afinal, os esforços falharam. Não só o SPD perdeu a chancelaria para a União Democrata-Cristã (CDU), como Olaf Scholz ganhou uma imagem que levaria algum tempo para se desfazer: a de um burocrata mal-humorado.
Dentro do SPD, muitas pessoas tiveram dificuldade de lidar com o jeito pragmático do político de Hamburgo - que nunca diria nada além do absolutamente necessário.
Novo nível político
Mas Scholz subiu silenciosamente os degraus da política. Foi secretário-geral do SPD, ministro do Interior e presidente da Câmara de Hamburgo. Atualmente é ministro das Finanças e vice-chanceler alemão.
Olaf Scholz é considerado um membro da ala "conservadora" do SPD - mas também é difícil defini-lo como político de esquerda ou de direita. Por exemplo, como líder adjunto da organização juvenil do SPD Jusos, muitas das suas opiniões foram socialmente radicais e altamente críticas ao capitalismo.
Mas já passou muito tempo desde que Scholz aderiu ao SPD como estudante do ensino secundário em 1975 e a sua eleição para o Bundestag em 1998. Durante esses anos, Scholz dirigiu o seu próprio escritório de advocacia em Hamburgo, especializando-se em direito comercial, onde aprendeu muito sobre como a economia e o empreendedorismo funcionam.
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Mais "amigável"
Levou muito tempo para Olaf Scholz reconhecer que a política é também uma forma de transmitir a sua mensagem. Quando os candidatos à liderança do SPD rodaram o país em finais de 2019, o ministro das finanças parecia transformado.
O seu comportamento tornou-se mais sensível, mais acessível e, acima de tudo, mais amigável. Ao mesmo tempo, tinha convicção de que estava na linha da frente para o cargo. Mas sofreu uma pesada derrota para a dupla de esquerda de Saskia Esken e Norbert Walter-Borjans.
Nos meses que se seguiram à sua nomeação como candidato de topo, Scholz evitou grandes gafes, mas os seus índices de popularidade são baixos. Com a ascensão do Partido Verde, são poucos os que acreditam que o SPD terá qualquer hipótese de liderar o próximo Governo alemão.
Berlim antes e depois da queda do muro
A capital alemã foi o símbolo da Alemanha dividida, palco da Guerra Fria e da reunificação. Acompanhe-nos numa visita guiada à Berlim de há 30 anos e de hoje.
A Porta de Brandemburgo
É um dos monumentos mais famosos de Berlim. Construída em 1791, a Porta de Brandemburgo demarcou a fronteira entre Berlim Oriental e Ocidental quando havia duas Alemanhas. Situada diretamente por trás da linha divisória na parte oriental, era inacessível ao público. Em 1989, caíram as barreiras. Desde então, a praça diante do monumento enche-se todos os dias de alemães e estrangeiros.
A prisão de Hohenschönhausen
Hohenschönhausen serviu até 1989 como a "Prisão Central da Segurança do Estado". Os prisioneiros políticos eram sujeitos a torturas psicológicas e físicas, na Alemanha de Leste. O complexo de edifícios estava ocultado por altas muralhas e não aparecia em nenhum mapa da cidade. Foi encerrado após a reunificação e reaberto alguns anos mais tarde como memorial.
O Muro de Berlim
O Muro de Berlim dividiu a cidade durante 28 anos. Fortificações ao longo dos seus 160 quilómetros impediam a fuga para o ocidente. Muitas pessoas tentaram e morreram. O seu número exato continua por ser apurado. A chamada East Side Gallery, o troço mais longo que ainda resta do muro, foi pintada por muitos artistas nacionais e internacionais no ano da reunificação.
Este colosso de 19 metros de altura de granito vermelho dominou o bairro de Friedrichshain de 1970 a 1991. 200 mil pessoas assistiram à inauguração oficial, presidida pelo líder da República Democrátcia Alemã (RDA), Walter Ulbricht. No início dos anos 90, o comunismo - e com ele Lenine - chegou ao fim. A estátua foi desmontada. Hoje, a antiga Praça Lenine chama-se "Praça das Nações Unidas".
Do Palácio da República ao Palácio de Berlim
O Palácio da República era o centro do poder na RDA, sede da assembleia popular e palco das conferências do partido SED. O ostentoso edifício, mandado edificar pelo líder comunista Erich Honecker e inaugurado em 1976, estava altamente contaminado com amianto. Foi demolido entre 2006 e 2008. No seu lugar foi reconstruido o histórico Palácio da Cidade de Berlim com o controverso Fórum Humboldt.
As Intershops da RDA
"Intershop" era o nome de uma cadeia de retalho da RDA onde só se podia pagar com moeda estrangeira. O que, à partida, excluía das lojas a maioria dos cidadãos, que não tinha acesso à gama de produtos, muitas vezes de luxo. As primeiras destas lojas foram instaladas na estação Friedrichstraße em Berlim Oriental (foto da esquerda). Hoje, a praça hoje tem lojas para todos os gostos e bolsos.
Parque infantil
Um parque infantil é sinónimo de infância despreocupada. Quase todos os parques infantis no leste tinham estas construções de metal para escalar (foto da esquerda). Hoje, usa-se para o mesmo fim cordas sólidas. Por isso não dói tanto quando miúdos (e graúdos) batem com os joelhos quando brincam. Veja mais fotos no Facebook: #GermanyThenNow #BerlinThenNow
O Hotel reservado às elites
O Interhotel Metropolitano de Friedrichstraße, com treze andares, foi inaugurado em 1977. Aqui cruzaram-se empresários, diplomatas e celebridades. A maioria dos cidadãos da RDA, que não tinha acesso a moeda estrangeira, limitava-se a admirá-lo de fora. Hoje, encontra-se no local um hotel da cadeia Maritim. Aberto a todos os visitantes, mas não acessível a todos os bolsos.
KaDeWe - tradição de luxo
A Kaufhaus des Westens, conhecida pela abreviatura KaDeWe, é a casa comercial mais famosa da Alemanha. Com 60 mil metros quadrados de superfície, é a segunda maior da Europa a seguir ao Harrods, em Londres. Foi inaugurada em 1907 e quase completamente destruída na Segunda Guerra Mundial. Situada em Berlim Ocidental na era da divisão, é hoje uma atração para turistas, residentes e amantes de luxo.