Paulo Gato e Liberty Chiyaka desistem da liderança da UNITA
8 de outubro de 2019O general Paulo Lukamba Gato, que já assumiu as funções de secretário-geral da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), anunciou, na noite desta segunda-feira (07.10), a sua desistência na corrida à liderança do maior partido na oposição em Angola, cuja entrega oficial das candidaturas encerrou no mesmo dia.
Numa nota enviada à DW África, Paulo Lukamba Gato agradeceu aos membros daquela formação política que incentivaram a sua candidatura. Para o dirigente do partido do Galo Negro, a candidatura à presidência do partido "é uma decisão ideologicamente fundamentada e politicamente compartilhada de forma ampla e sólida para a unidade em torno do programa do partido, por Angola".
Lukamba Gato, que seria o último a formalizar a candidatura, garante que durante o XIII Congresso Ordinário da UNITA, que vai eleger em novembro o sucessor de Isaías Samakuva em novembro, vai desempenhar as funções de eleitor sem, no entanto, anunciar apoio a qualquer candidato.
Chiyaka também desiste
Para além do general Gato, o secretário provincial da UNITA no Huambo, Liberty Chiyaka, também desistiu da corrida. Chiyaka esteve entre os militantes que apoiam a candidatura de Alcides Sakala, apontado como aposta de Isaías Samakuva para a liderança. Semelhanças de pontos de vistas influenciaram a desistência de Liberty Chiyaka.
"Tendo identificado várias proximidades e coincidências de pontos de vistas com os nossos potenciais candidatos. Achei que devia retirar ao meu propósito e, no momento específico, poder manifestar o meu apoio a um dos candidatos", disse à imprensa o também deputado.
Cinco candidatos concorrem
O porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, que nas últimas semanas abandonou a presidência da comissão eleitoral do partido para disputar a liderança, afirmou que 2022 é o ano que Angola vai conhecer mudanças profundas.
Questionado se é o candidato do presidente do partido, Sakala respondeu que "o presidente cessante tem encorajado todas as candidaturas".
"Penso que é um papel que ele faz bem, nesta perspetiva de procurar encorajar este processo interno e democrático. Penso que o processo interno está consolidado, a UNITA de facto, assume esta democracia interna como antecâmara da visão que tem sobre o país", avaliou.
Abílio Kamalata Numa, que concorre pela segunda vez à liderança do maior partido da oposição angolana, afirma que se candidatou para estar ao lado de militantes excluídos e que quer uma UNITA disposta a assumir o poder político em Angola.
"Se forem acompanhar, vão ver que fui sempre aquele indivíduo que esteve sempre na oposição. Não com intenções de trazer mal-estar, mas apenas para alertar que haviam questões que deviam ser mudadas", defende.
Já o vice-presidente do Galo Negro, Raúl Danda, que também formalizou a candidatura na segunda-feira, alega ser o sucessor natural de Isaías Samakuva.
"É só continuar a fazer aquilo que já comecei a experimentar. Creio que, neste aspecto, levo um pouco de vantagem - já que ninguém vai a uma faculdade fazer uma formação de presidente. Já levo uma vantagem por causa da experiência e vamos prosseguir", sublinhou.
O deputado José Pedro Kachiungo, que também formalizou a candidatura à liderança da UNITA, afirmou que o principal partido da oposição em Angola "tem de fazer face aos novos desafios" e que é a hora da "juventude se erguer".
O objetivo da candidatura passa por, respeitando "a cultura da UNITA", injetar no partido e no país "uma visão jovem" de uma "juventude lúcida e determinada, para, juntos e coesos" fazer do país o sonho de Agostinho Neto, Jonas Savimbi, Holden Roberto e de "todos os patriotas que sentem que o rumo que Angola está a seguir não é o rumo que Angola deve seguir", afirmou.
O líder parlamentar da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, foi o primeiro dos pré-candidatos a anunciar a entrega das assinaturas necessárias para formalizar a candidatura à liderança do partido, na passada sexta-feira (04.10).
Adalberto da Costa Júnior é apontado como um dos favoritos à sucessão do atual presidente, Isaías Samakuva, tendo a sua candidatura recebido um manifesto de apoio subscrito por 126 militantes destacados do partido.
Entretanto, Isaías Samakuva não vai recandidatar-se como se cogitava nos bastidores da UNITA e não só.
O novo presidente da UNITA vai ser eleito no XIII Congresso Ordinário do partido, que se realiza entre 13 e 15 de novembro, em Luanda.