Paz: Encerrada primeira base militar da RENAMO em Moçambique
Lusa
14 de junho de 2020
Trata-se da primeira de 16 bases a encerrar no âmbito do acordo de paz no país, e está situada nas proximidades de Dondo, província de Sofala. Foram retirados todos os materiais perigosos, armamento e pessoas.
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O Governo moçambicano, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e grupo de contacto para a paz oficializaram, este sábado (13.06), o primeiro encerramento de uma base militar do principal partido da oposição, no âmbito do processo de paz no país.
"Tenho o prazer de informar que, no âmbito do reinício das atividades de desmilitarização, desarmamento e reintegração (DDR), foi oficialmente encerrada a primeira base militar da RENAMO", referiu, em comunicado, Mirko Manzoni, enviado pessoal do secretário-geral das Nações Unidas para Moçambique e presidente do grupo de contacto.
Esta foi a primeira de 16 bases a encerrar, referiu fonte do processo à Lusa.
Segundo Mirko Manzoni, uma equipa de inspeção confirmou que na base situada nas proximidades de Dondo, província de Sofala, já não havia pessoal, nem armamento ou outros materiais perigosos.
"Foi devidamente elaborado e aprovado por todas as partes um relatório exaustivo e um documento de encerramento", no que representa "um avanço significativo no processo", acrescentou.
Todos os ex-combatentes da base "estão agora em casa e a iniciar as suas novas vidas", sendo que para as comunidades da zona o momento é um marco definitivo de "regresso à paz", acrescentou.
"Continuaremos a trabalhar no sentido de encerrar todas as bases e de assegurar a paz", conclui o enviado de António Guterres.
Depois de meses de interregno, o processo de DDR voltou a arrancar na última semana quando 38 ex-guerrilheiros da RENAMO em Sofala entregaram as armas, num processo de desmobilização que será feito por fases, devido às medidas de prevenção contra a pandemia de covid-19.
Prevê-se que 5.000 ex-guerrilheiros sejam abrangidos com medidas que lhes permitam uma reintegração na sociedade.
Acordo de Paz histórico em Moçambique
Em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, formalizaram na quinta-feira (01.08) o fim das hostilidades militares no país. O acordo, já considerado histórico, é o terceiro em 25 anos.
Foto: DW/A. Sebastião
Acordo histórico
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, erguem o acordo de paz e fim das hostilidades, que foi assinado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país. O local é conhecido como bastião da RENAMO. O acordo tem como objetivo acabar com os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
Foto: DW/A. Sebastião
Anos de hostilidade
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível", declarou Filipe Nyusi, referindo-se ao acordo assinado com a RENAMO. É o terceiro documento após anos de hostilidades. O primeiro foi assinado em 1992, em Itália - o chamado Acordo Geral de Paz de Roma.
Foto: DW/A. Sebastião
Virar a página
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças", afirmou o líder da RENAMO, Ossufo Momade, ressaltando que "a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos".
Foto: DW/A. Sebastião
Silenciar das armas
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
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Abraço da paz
Na cerimónia de assinatura do acordo, o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi mostrou-se otimista em relação aos próximos anos, dizendo que "a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor".
Foto: DW/A. Sebastião
"Paz vai ser testada nas eleições"
Este novo acordo é um passo muito importante para Moçambique e também para todos os partidos. Daviz Simango, líder do MDM, esteve na cerimónia e alertou: "Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha. Portanto, se o STAE nos proporcionar o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares".
Foto: DW/A. Sebastião
Unidos pelo acordo
Horas depois da assinatura do acordo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na Beira que o Governo e a RENAMO vão unir-se para debelar qualquer tentativa de prejudicar o acordo de cessação definitiva de hostilidades militares.