Pelo menos 15 mortos após erupção de vulcão no leste da RDC
mjp | com agências
24 de maio de 2021
A erupção do vulcão Nyiragongo, na província de Kivu Norte, destruiu mais de 500 casas. Milhares de pessoas fugiram para o Ruanda.
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Pelo menos 15 pessoas morreram na sequência da erupção do vulcão Nyiragongo no sábado (22.05), segundo o mais recente balanço do Governo.
"Morreu a minha mãe e o meu pai. Agora sinto-me muito mal, peço ajuda porque o que tínhamos desapareceu. Nem uma panela temos. Ficámos órfãos e não temos nada", afirmou um habitante.
A erupção destruiu mais de 500 casas na periferia da cidade de Goma, de acordo com as autoridades. As Nações Unidas deixam o alerta: mais de 150 crianças ficaram separadas das suas famílias por causa da erupção vulcânica, temendo-se que mais de 170 se tenham perdido enquanto os habitantes de Goma fugiam da cidade, na noite de sábado.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), mais de 5 mil pessoas cruzaram a fronteira com o Ruanda em busca de segurança. Já o Ministério congolês de Gestão de Emergências contabiliza pelo menos 8 mil pessoas que fugiram de Goma para o país vizinho.
Falta água e eletricidade
O imenso fluxo de lava parou a progressão durante a noite de sábado para se imobilizar nos subúrbios de Buhene, que marca o limite nordeste de Goma. A cidade, segundo as autoridades que ordenaram a evacuação dos residentes, foi "poupada" pela erupção.
Mas a UNICEF mostra-se preocupada com as centenas de pessoas que regressam agora às suas casas na periferia e encontram "lares danificados e escassez de água e de energia elétrica". Segundo a agência da ONU, "ainda não é claro quantos agregados foram afetados".
A última erupção do Nyiragongo, em 2002, levou milhares a abandonarem as suas casas e provocou centenas de mortos. Agora, muitos residentes questionam a falta de alertas atempados.
"Há pessoas que perderam os seus bens, casas queimadas", frisa o trabalhador humanitário Lecy Kabasele. "Não conseguimos entender como é que uma instituição respeitável como o Observatório Vulcânico de Goma, que tem um orçamento para pagar as suas operações, não consegue se quer avisar que há uma erupção iminente, nem uma hora antes."
Citado pela agência de notícias France Presse, o diretor do Observatório Vulcânico de Goma revelou que o vulcão não era monitorizado há sete meses por falta de financiamento.
O Presidente Félix Tshisekedi anunciou que iria interromper a sua estadia na Europa para regressar a casa, no domingo, e "supervisionar a coordenação do apoio".
Expedição às montanhas mais altas do Saara
Uma área de 100 quilómetros quadrados, formada por vulcões, inativos e um ativo, no norte do Chade: é assim o deserto do Saara, onde o geólogo alemão Stefan Kröpelin e a sua equipa investigam a história do clima.
Foto: Universität zu Köln/Adam Polczyk
A maior cadeia de montanhas do Saara
Com 3.445 metros de altura, o grupo vulcânico de Tibesti é o mais alto do deserto do Saara. Uma equipe de seis investigadores da Universidade de Colónia esteve seis semanas na região menos estudada do mundo. O objetivo era descobrir como o homem chegou à Europa há cem mil anos atrás e qual era o papel do clima naquele tempo.
Foto: Adam Polczyk
A realização de um sonho
Até ao final da década de 1990, uma expedição ao Chade era uma utopia por causa dos problemas políticos no país, conta o chefe da equipa Stefan Kröpelin. O sonho teve de esperar. "Enviamos uma sonda espacial a um cometa a 500 milhões de km de distância, para recolher amostras de rochas, e não conseguimos chegar às montanhas mais altas do maior deserto do planeta para examinar amostras na Terra".
Foto: Universität zu Köln/Adam Polczyk
Bardaï, capital de Tibesti
O principal destino da expedição era o Emi Kussi, o monte mais alto da região. Mas primeiro, no final de fevereiro de 2015, a equipa foi até Bardaï, no noroeste do Chade. A capital de Tibesti, região criada em 2008, tem cerca de 1.500 habitantes. A localidade era o ponto de partida para desbravar a imensa cadeia de montanhas.
Foto: Universität zu Köln/Adam Polczyk
Apoio local
A equipa viajou acompanhada de um guia local, quatro motoristas e um cozinheiro. "Pensávamos que as populações locais eram muito reservadas", conta Adam Polczyk, fotógrafo e jornalista da expedição. "Mas logo quebramos o gelo porque não éramos apenas um grupo de europeus, havia pessoas nativas na equipa."
Foto: Adam Polczyk
À sombra de uma acácia
Grande parte do trajeto do grupo foi feito de jipe. Os motoristas procuravam sempre que as pausas fossem feitas perto de árvores, para se protegerem do sol. As acácias eram as únicos sombras no deserto.
Foto: Universität zu Köln/Adam Polczyk
A caminho do vulcão "Trou au Natron"
Em algum momento, a equipa teve de deixar o jipe e ir a pé. Só assim seria possível reunir as primeiras amostras. Os equipamentos só puderam ser levados para dentro da caldeira vulcânica de 800 metros de profundidade com a ajuda de burros de carga. O trajeto levou um dia e meio. O vulcão "Trou au Natron" tem esse nome porque parte da caldeira é branca devido ao carbonato de sódio.
Foto: Universität zu Köln/Adam Polczyk
Pistas de um lago
No "Trou au Natron", Stephan Kröpelin encontrou diatomito, uma rocha porosa que prova que aqui já existiu um lago. Parece inacreditável, mas há cerca de cinco a dez mil anos atrás, o Saara foi uma exuberante savana.
Foto: A. Polczyk
De savana a deserto
Que aqui já passou gente pode ser provado com esses desenhos pré-históricos, encontrados nessas rochas, durante a viagem dos pesquisadores. A área mais seca da Terra já serviu de habitat para rinocerontes, elefantes, crocodilos e cavalos marinhos.
Foto: Universität zu Köln/Adam Polczyk
Atravessar o deserto
A segunda parte da expedição levou os investigadores ao leste do país. A travessia pelo deserto durou cinco dias, até chegarem a Emi Kussi - o principal destino da viagem. "O Saara provavelmente sempre foi a principal rota para os pré-históricos chegarem à Europa", acredita o geólogo. "Para tal, também devem ter atravessado o monte Emi Kussi".
Foto: Universität zu Köln/Adam Polczyk
Escalada difícil
Mais uma vez, os investigadores depararam-e com um desafio: agora sem a ajuda de burros, mas de camelos. "É surpreendente como esses animais de carga sobem a montanha", conta o fotógrafo Polczyk. "Eles chegaram ao limite das suas forças, tal como nós."
Foto: Universität zu Köln/Adam Polczyk
Paisagens espetaculares
Depois de chegarem ao pico, Stephan Kröpelin pôde recolher as suas amostras. Quando regressar à Alemanha, terá de examiná-las pacientemente, já que a análise em laboratório exige bastante tempo. Mas para o investigador a viagem já valeu a pena. Foi uma experiência inesquecível. "A paisagem é tão espetacular que Tibesti deveria ser o próximo Património Natural da Humanidade", sugere Stephan.
Foto: picture-alliance/Woodfall/Photoshot
Amizades à beira da fogueira
O Chade, em breve, terá dois Patrimônios Naturais da Humanidade: os "Lagos de Ounianga" e o "Ennedi Plateau", que esta por vir. Stephan tem certeza que Tibesti logo entrará para a lista da Unesco. "Quando lugares como estes têm a atenção internacional, melhoram também as condições de vida dos locais." Desta forma, Stephan tenta agradecer a adorável hospitalidade que teve em Tibesti.