Pelo menos 22 mortos em inundações no Uganda e na RDC
AFP | DPA | cvt
7 de dezembro de 2019
Doze pessoas foram arrastadas pelas inundações no Uganda, informou a Cruz Vermelha este sábado (07.12). Outras dez pessoas foram mortas em decorrência de chuvas na República Democrática do Congo, segundo as autoridades.
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"Resgatamos 12 corpos da água e uma pessoa foi levada para o hospital com ferimentos graves", disse Diana Tumuhimbise, gerente da Cruz Vermelha no distrito de Bundibugyo, no oeste do Uganda.
"A chuva começou ontem à noite e continuou até às nove hora da manhã", disse ela à agência noticiosa AFP este sábado.
"Várias casas foram varridas, estradas foram bloqueadas e algumas foram completamente destruídas," acrescentou.
A Cruz Vermelha lançou uma operação de busca e salvamento com a polícia, militares e membros da comunidade em 12 áreas afetadas, mas ainda não está claro quantas pessoas estão desaparecidas.
A chuva dificulta a comunicação no local remoto, na fronteira com a República Democrática do Congo (RDC) e separada do resto do Uganda pelos Montes Ruwenzori.
Pelo menos 20 pessoas foram morreram em decorrência de enchentes e deslizamentos de terra na última semana no país.
A luta contra o ébola na República Democrática do Congo
02:08
Dez mortes na RDC
Também este sábado, dez corpos foram recuperados, depois que chuvas torrenciais atingiram a cidade congolesa de Mbanza-Ngungu, disse o administrador municipal Luc Mukiadi.
As chuvas também destruíram quantidades substanciais de infraestrutura na cidade, acescentou Mukiadi.
As operações de resgate continuaram à tarde em busca de mais corpos, acrescentou o administrador.
Muitos países da África Oriental e Central foram atingidos por "chuvas fortes e inundações", segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Pelo menos 38 pessoas morreram em decorrência de fortes chuvas no noroeste do Burundi, na quarta-feira (04.12).
"Em toda a região, casas, infraestruturas e meios de subsistência têm sido destruídos e danificados nas zonas mais duramente atingidas e o risco de doenças transmissíveis - incluindo a cólera – está a aumentar", alertou o OCHA.
Ilha do Ibo: de paraíso turístico ao caos
O ciclone Kenneth devastou partes de Moçambique no final de abril. Devido às fortes chuvas, muitas áreas ficaram isoladas, entre as quais, a ilha do Ibo, uma das mais afetadas. A ajuda começa a chegar, mas lentamente.
Foto: DW/A. Kriesch
Destruição maciça
O Ibo, no norte de Moçambique, é o lar de milhares de pessoas e foi também uma das áreas mais afetadas pela passagem do ciclone Kenneth em Moçambique. Quase todas as casas da ilha foram destruídas ou severamente danificadas pelo ciclone.
Foto: DW/A. Kriesch
Casas destruídas, vida em pedaços
"Eu perdi tudo", conta Njamu Shabani à DW África, enquanto pendura os seus lençóis para secar entre os escombros. "Minha geladeira, TV, tudo," enumerou.
Ela e a sua família não sabem o que virá a seguir. "Eu não tenho sequer o que comer. Eu não sei como posso continuar," lamentou.
Foto: DW/A. Kriesch
Abrigos de emergência improvisados
Shabani e sua família agora vivem nesta cabana improvisada. À DW, esta habitante diz esperar que o Governo forneça em breve alguma compensação. O Presidente Filipe Nyusi visitou o Ibo na passada quarta-feira (01.05), mas a chegada da ajuda à ilha tem sido lenta.
Foto: DW/A. Kriesch
Culpa do mau tempo
A ajuda está a chegar muito lentamente ao pequeno aeroporto do Ibo. A entrega de alimentos só começou na quinta-feira (02.05), devido ao mau tempo. Tem chovido todos os dias desde que o ciclone passou pela região, o que muitas vezes impossibilita a deslocação dos voos de socorro da parte continental de Moçambique, que fica apenas a cerca de oito quilómetros da ilha.
Foto: DW/A. Kriesch
Sem plantações não há colheita
O ciclone Kenneth e as fortes chuvas que se seguiram destruíram os campos da ilha. Alguns ainda estão inundados. O Ibo está com sorte - a água está a recuar na ilha, no entanto, o continente moçambicano ainda corre o risco de sofrer mais inundações.
Foto: DW/A. Kriesch
Meios de subsistência destruídos
Desde a passagem do ciclone Kenneth, os 6.000 habitantes da ilha têm que se defender contra a fome. Muitos aqui dependem da pesca, mas o ciclone levou ou destruiu muitos dos seus barcos de pesca. Os manguezais também foram assolados e os peixes expulsos, disseram os pescadores do Ibo.
Foto: DW/A. Kriesch
Consertar barcos danificados
"A tempestade levou o meu barco para longe no mar", disse o pescador Yusuf Abedi. "Acabei por encontrá-lo há dois dias com a ajuda amigos e trouxe-o de volta", revelou. Yusuf disse que está a tentar consertar o barco. "Espero que funcione para que possa ir pescar novamente," acrescentou.
Foto: DW/A. Kriesch
Destino de férias sem turistas
O Hotel Miti Miwiri fica mesmo ao lado da praia. Era considerado um excelente destino de férias, mas foi também afetado, tendo, atualmente, várias mangueiras caídas pela propriedade. Uma palmeira desabou mesmo sobre o seu telhado. "O turismo vai ficar de fora nos próximos meses", disse o proprietário Jörg Salzer à DW África.
Foto: DW/A. Kriesch
Alguma normalidade
Salzer vive na ilha há mais de 10 anos. "Ainda estou um pouco chocado. A minha casa também colapsou. Quase não tenho o que vestir", disse o dono do hotel, acrescentando estar a fazer o seu melhor para transmitir ao seu pessoal que a vida continua. Salzer e a sua equipa conseguiram assistir à semifinal da Liga dos Campeões na quarta-feira (01.05) - um pouco de normalidade na sequência do ciclone.